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sábado, 24 de abril de 2010

A descoberta de outro mundo – Início do Brasil Português

Por..:: Mauri Alexandrino
A escrita é coisa doutro mundo. Tão doutro, que nem vai parecer tão absurda esta carta que escrevo para repor umas tantas coisas no lugar, depois de 510 anos. Estava aqui na Ilha de São Vicente já muita gente quando o tal Cabral chegou. Haviam cosmes, peros, vários franciscos, muitos josés, montes de henriques e, um tempo depois, até um Henrique de Montes, esse criado que vos fala. Tenho conhecimento de causa, já que nessa embrulhada, de quem estava e de quem não estava, foi que me passaram para o outro mundo. O que já demonstra, de saída, que nessa coisa de escrever, pode um parágrafo terminar bem por onde começa.

Cabral foi um grande engano. A vigarice diplomática já havia naqueles tempos e das mais bem engendradas. A descoberta do Brasil foi um desses casos - era preciso inventar uma história qualquer que, mesmo não convencendo ninguém, conferisse um aspecto respeitável à transgressão do Tratado de Tordesilhas que o rei de Portugal praticaria em 1500. A coisa toda já estava num mapa de um tal Pero Bisagudo. E havia o Papa. O de Roma, claro. Ele era o juiz do tratado e estava na gaveta. O Papa, não o tratado. Era juiz que não ia ver pênalti de jeito nenhum.

Na maior armada de seu tempo, com dez naus e três caravelas, o dito Cabral partiu para as Índias. Não era exímio navegante. Fernão Cabral, seu avô, esse era unha e carne com D. Henriques, o infante da Escola de Sagres. Sabia muito de mar. O Neto, que os descobriu, tinha é uma influência danada na corte e era cavaleiro da Ordem de Cristo, que sucedera aos templários, e podre de rico, o que pesava muito mais que seus conhecimentos de literatura, história, comografia... Enfim, dessas coisas de nomeações políticas vocês sabem mais do que eu, que essa arte progrediu muito desde então.

A coisa é que Cabral iria aproveitar a viagem para atropelar a linha do tratado como um bêbado que erra a porta de casa. Inventa-se a famosa calmaria. Foi ela que desviou o comandante até o Brasil, segundo vocês aprendem na escola, pois não? Absurdo! O Cabral estava era careca de saber onde ia. Além disso, que belo capitão seria ele, se para evitar uma calmaria atravessasse o Atlântico inteiro! Mal comparando, equivale a um de seus pilotos de avião descer no Marrocos com o argumento de que estava chovendo em Cumbica.

E o ato falho do escriba, aquele Pero Vaz de Caminha? Logo na primeira carta, comunica ao rei de Portugal o "achamento" da Ilha de Vera Cruz. Um lapso, pois naquele tempo, como toda gente perceberia, só se achava o que era procurado sabendo-se onde buscar. O inesperado encontrava-se, topava-se, descobria-se, deparava-se, mas não se achava. E bela porcaria de escriba, se me permitem. Ele ficou impressionado demais com as.. as... com as vergonhas das índias, vá lá. Pirou, como se diz. No fim ainda pediu ao rei um quebra-galho para seu genro, que andava preso por assalto e agressão. Está lá para se ler.

Cabral passou um tempo na Bahia e foi às Índias, primeiro as silvícolas, que ninguém é de ferro, depois o país. Ficaram cá os que já estavam. Em 1502 vieram outros, entre os quais esse seu criado, com a expedição cartográfica em que viajou Américo Vespúcio. Aquele gajo genovês não batia bem, escutem o que digo. Alguém confundiria o canal do estuário com um rio? Ele confundiu. Batizou de Rio Vicenzo, em homenagem a São Vicente. O santo, claro. E era só provar da água, aquele incompetente, se não tivesse certeza só de olhar: onde já se viu rio de água salgada? Ele estava é a tomar um sonante de quem o levava a sério.

Mas não vim direto pra cá. No estica e puxa da linha do tratado, de um lado tudo da Espanha, de outro tudo de Portugal, fui deixado em Cananéia, com um grupo de cristãos novos. Por lá andava um tal Ruy Mosquera, que vinha de fundar Assunção do Paraguai e era um espanhol vivaldino, desses que hoje em dia se diz que dão rasteira em cobra. Convenceu todo mundo que bom mesmo era a baía de Santos, mais ao norte. Todo mundo menos eu.

Reconheço que a cidade prosperou muito naqueles anos. Em 1516 já tinha paliçada, casas de pedras, hortas, criações, e um próspero negócio de fornecer mantimentos aos navios e vender escravos índios. Até um estaleiro havia, coisa que hoje não existe. Diogo Garcia de Moguer, comandante espanhol a serviço de Portugal, passou por aqui naquele ano e encontrou gente que já estava nestes sítios há três décadas! Até navios novos comprou. O diabo é que a linha do tratado, que deveria passar lá em Cananéia, a esta altura já estava em Santos pelas artes do tal Mosquera bom de bico. Ele já tinha acrescentado uns trinta portugais às terras da Espanha.

Fui até o Rei em Portugal e entreguei aquela farra toda, sem dó, que português eu sou, quer dizer, eu era, para o que desse e viesse. Foi daí que nos veio Martim Afonso. Chegou com uma esquadra de guerra, soldados a dar com o pau, e o pessoal de São Vicente e de Santos voltou, expulso, lá para os lados de Cananéia. Passei a ser tratado como fidalgo. Ganhei terras de Afonso e me fartei por um ano, que de patriotismo só não se vive. Mas aí a frota se foi e eu, muito besta, fiquei. Aquele pessoal de Cananéia voltou. E veio acompanhado de um bando enorme de bugres mal encarados. Foi aí que meu pobre pescoço... bem, nesta coisa de escrever, já se vê, pode até o texto inteiro terminar por onde começa.

Fonte..:: Jornal da Orla

(fatos_históricos)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

São Vicente: Sítío Arqueológico é preparado para virar atração turística

O prefeito de São Vicente Tercio Garcia determinou a criação de uma nova atração turística, já a partir de janeiro de 2010, no local onde foi descoberto o Sítio Arqueológico Bacharel.

As escavações revelaram um achado que ratifica a importância histórica da primeira cidade do Brasil. Uma parede erguida no século XVI e 883 objetos encontrados no subterrâneo da Casa Martim Afonso (Praça Vinte e Dois de Janeiro, 469 - Gonzaguinha) pertencem a povos que habitaram a região da Baixada Santista - antes mesmo da fundação da Cidade, em 1532.

Entre as peças estão colheres de bronze, louça inglesa, facão, garrafas de barro e até conchas talhadas há três milênios pelo povo nativo, datadas de 1 mil anos a.C.As obras de preparação já começaram e permitirão que os visitantes assistam os arqueólogos trabalhando, como já acontece em locais semelhantes na Europa, Grécia e Egito. Assim, moradores e turistas vão acompanhar as emocionantes descobertas, como num filme de Indiana Jones.

A ideia de Tercio Garcia é inaugurar a visitação na semana de aniversário de 478 anos de fundação da Primeira Cidade do Brasil.Todos vão conhecer a riqueza arqueológica fruto de pesquisa iniciada em janeiro deste ano, quando a Casa foi tombada como Patrimônio Histórico, e que culminou no encontro do material.

Na ocasião, a Prefeitura, por meio do historiador Marcos Braga, contatou o arqueólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Manoel Gonzalez, para realizar os estudos. “Uma Cidade tão importante e tão pouco explorada do ponto de vista arqueológico foi um atrativo muito grande pra aceitar o convite. Esse sítio representa toda a evolução da sociedade”, garante Gonzalez.

Segundo o Prefeito Tercio Garcia, presente na cerimônia, o espaço se transformará em mais um ponto turístico. “É uma forma de as pessoas conhecerem o registro material de um importante momento histórico da formação do Brasil”. Para Tercio, trata-se de uma devolução da importância de São Vicente ao cenário nacional. “Estamos investindo em pesquisas nesse sentido e este foi o primeiro de alguns sítios que se pode encontrar”.

No evento de apresentação, também compareceram o secretário de Cultura Renato Caruso e profissionais da imprensa. Também prestigiaram a solenidade os vereadores Paulo Lacerda, Marco Bitencourt, Jura, Macedo, Caio França, Diogo Batista, Ferrugem, Gilberto Rampon, José Soares, Pedro Gouvêa, Valter Vera e o secretário de Desenvolvimento Urbano e Manutenção Viária Léo Santos.

O trabalho arqueológico está registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Peças - As peças encontradas no subterrâneo da Casa Martim Afonso traçam um histórico da população da região. As mais antigas são creditadas aos povos dos Sambaquis, que habitaram o País antes dos índios. Observando a cerâmica tupi é possível encontrar indícios da chegada dos negros no Brasil, que mudou a característica dos objetos. Os vestígios demonstram os costumes entre os séculos XVI e XIX.

Parede - O historiador Marcos Braga acredita que o pedaço de parede encontrado faz parte da Casa de Pedra do Bacharel. Registros históricos apontam esta como a primeira fortaleza construída em São Vicente. “Pode ser a prova física de uma história conhecida, mas nunca confirmada”, garantiu.

O muro pode chegar à extensão de 25 metros. “Os estudos seguirão e as escavações devem comprovar o tamanho da edificação, que acreditamos ter 400m²”.

(fatos_históricos)

sábado, 5 de setembro de 2009

Lenda do IPUPIARA - São Vicente / SP

Conta a lenda brasileira que, em São Vicente, no ano de 1564, a linda escrava índia Irecê, ao ir à praia, à noite, para um de seus furtivos encontros com o jovem Andirá, que vinha do continente de canoa, deparou com um animal marinho gigantesco, com cerca de três metros de altura, com uma grande cabeça, bigode, braços longos, dentes pontiagudos e pés de nadadeiras. Irecê encontrou a canoa de seu amado no mar, vazia.


Esse animal, descrito como a “Curupira” – o fantasma do mar – foi morto pelo Capitão Baltazar Ferreira, assistente do Capitão-Mór, que acudiu ao clamor de Irecê e, enfrentando o animal como sendo IPUPIARA – o demônio da água. Diziam que ele habitava o espaço entre a velha “Casa de Pedra” (primeira construção de alvenaria do Brasil) e a Praia de São Vicente (Gonzaguinha).

Foto de.: Renato Marchesini

O fato, misto de horror e fantasia, teria sido comentado por todo o Brasil e até por estrangeiros de vários países. Entretanto, ninguém jamais falou da única vítima presumível do Ipupiara Vicentino: Andirá, que deixou para trás sua canoa solitária à beira-mar e o coração partido de Irecê.

Como toda lenda, a do Ipupiara parte de algumas premissas verdadeiras. Estudiosos e historiadores entendem que o tal monstro não passava de um leão marinho, desviado pelas águas frias do inverno que, desavisado, veio parar nas praias brasileiras.

Coisas e contos da Vila de São Vicente, a 1ª do Brasil.

(fatos_históricos)


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um Fantasma chamado Bacharel Mestre Cosme Fernandes


Em 1531, uma das figuras mais controvertidas da história de São Vicente, o Bacharel Mestre Cosme Fernandes, foi expulso de São Vicente por Martim Afonso de Souza, a mando do rei D.João III. De nada adiantaram os 30 anos de trabalho do Bacharel nestas terras, nem o fato de Ter construído um povoado que entregou pronto para virar vila. Esse, porém, foi mais um lance de uma história em que se misturaram coragem, inveja, intriga, mágoa e vingança.

Há um fantasma que ainda perambula pela história de São Vicente. Os historiadores e pesquisadores divergem tanto no que diz respeito à sua identidade quanto às suas realizações. Nos registros históricos ele é chamado de "Bacharel", e teria fundado o povoado de São Vicente, onde construiu a "Casa de Pedra", que viria a ser a primeira fortaleza Vicentina e brasileira, e fundou, ainda, as vilas de Cananéia e Iguape.

O Historiador Francisco Martins dos Santos sustenta a tese mais viável: a de que o Bacharel seria "Mestre Cosme Pessoa", um judeu degredado, deixado em Cananéia por Gaspar de Lemos e Américo Vespúccio na expedição exploradora de 1501.

O Bacharel, por volta de 1510, assumiu a feitoria de São Vicente, onde instalou um estaleiro e um porto de tráfico de escravos indígenas , dotando o povoado Vicentino, que ele desenvolvera, no maior abastecedor da costa brasileira, especialmente dos navegadores que se dirigiam para o sul.

Martim Afonso de Souza, chegando para colonizar o brasil, investido, por D. Manoel III, de todos os poderes, trazia a determinação de El-Rei de expulsar o Bacharel de São Vicente, para instalar ali a sede do governo do Brasil.

Segundo Francisco Martins dos santos, Martim Afonso que se deteve em Bertioga, antes de assumir São Vicente - em reunião com João Ramalho, Antonio Rodrigues e Antonio Ribeiro - pediu que transmitissem ao Bacharel Cosme Fernandes a ordem para que deixasse São Vicente e retornasse a Cananéia, evitando o confronto armado.

O Bacharel, com sua família e criados, teria deixado povoado em julho de 1531, voltando a Cananéia, local determinado para seu degredo.

De acordo com o historiador, as evidências apontam para o fato de que o rei português não queria que o processo de colonização tivesse início em um povoado onde a autoridade era um degredado e, o que tudo indica, judeu.

Era o Bacharel que dominava o comércio local, abastecia os navios que por aqui passavam e, graças a seu casamento com uma filha do cacique Piquerobí, mantinha estreito relacionamento com índios.

A aparente desenvoltura com que se movimentava entre São Vicente e Cananéia, sem dar satisfações a ninguém, deve, também, ter incomodado D.João III.

Embora cidadão português, Cosme Fernandes não demostrava obediência à Coroa. O Famoso "Bacharel", tão controvertido pelos nossos historiadores foi, em verdade, o grande precursor da colonização brasileira.

Pesquisas arqueológicas recentemente realizadas em São Vicente, pela Usp, por solicitação do Prefeito Márcio França, em muro remanescente, comprovaram ser de 1516 , a construção da "Casa de Pedra" (Fortaleza). Essa Obra construída pelo Bacharel Mestre Cosme, é datada de 16 anos antes da chegada de Martim Afonso de Souza.

Fonte..:: Boletim Informativo do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, Ano I Junho de 2002 n.º 01.

(fatos_históricos)

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