Turismo Consciente na
Costa da Mata Atlântica
(Baixada Santista)
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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A vila de São Vicente - Patrimônio Cultural Submerso: uma missão para a arqueologia subaquática

Rosângela de Oliveira Lopes Rodrigues
 
RESUMOO presente trabalho visa questionar as razões do não aproveitamento do patrimônio cultural subaquático em São Vicente ressaltando as diversas possibilidades de produção de conhecimento nas formas de pesquisa científica e educação patrimonial que um trabalho arqueológico sistemático, criterioso, ciente das recomendações internacionais de proteção ao patrimônio subaquático, pode oferecer a sociedade.

ABSTRACTWhy has not São Vicente Subaquatic heritage been used as the subject of scientific research and cultural heritage education? This article talks about it and how important is to think about of a serious project to this historic site. 



Introdução: O Patrimônio Cultural de uma cidade

Existe uma evolução contínua no conceito do que é patrimônio cultural. A própria Constituição Federal em vigor adota uma definição mais abrangente reconhecendo o patrimônio cultural como a memória e o modo de vida da sociedade brasileira, privilegiando, assim, tanto elementos materiais como imateriais.

É patrimônio cultural e ambiental, o conjunto dos elementos históricos, arquitetônicos, ambientais, paleontológicos, arqueológicos, ecológicos e científicos, para os quais se reconhecem valores que identificam e perpetuam a memória e referências do modo de vida social.

A proteção do patrimônio ambiental urbano está diretamente vinculada à melhoria da qualidade de vida da população. Pois a preservação da memória é uma demanda social tão importante quanto qualquer outra atendida pelo serviço público. (SILVA, 2003)

Reconhecendo o valor e a urgência de se tratar dos assuntos ligados à memória e história do país é que propomos o resgate arqueológico da vila colonial de São Vicente, submersa desde 1542, guardiã da cultura material produzida nessa época e real portadora de informações sobre os aspectos social-histórico-econômico da primeira vila constituída no Brasil.

Utilizando o conhecimento que a ciência arqueológica é capaz de produzir, a cidade de São Vicente, tão carente em documentos históricos na forma escrita, visualiza novas possibilidades de reconstruir sua história através dos vestígios materiais existentes nas águas da praia do Gonzaguinha.

O presente trabalho visa questionar as razões do não aproveitamento do patrimônio cultural subaquático em São Vicente ressaltando as diversas possibilidades de produção de conhecimento nas formas de pesquisa científica e educação patrimonial que um trabalho arqueológico sistemático, criterioso, ciente das recomendações internacionais de proteção ao patrimônio subaquático pode oferecer à sociedade.

Em segundo lugar e não menos importante, a exploração turística, reconhecidamente importante como fator de sustentabilidade, desenvolvimento econômico-social de uma localidade. Agregando ainda oportunidade de experiência cultural e opção de lazer à população e aos visitantes. (DURAN, 2005)

Breve histórico da vila de São Vicente

“Hoje é mar, o sítio onde esteve a Vila”

Frei Gaspar da Madre Deus


A História da vila de São Vicente está ligada ao plano das Capitanias Hereditárias do rei português, D. João III, que percebendo a necessidade de impedir as invasões estrangeiras no Brasil, notadamente as francesas descontentes com o Tratado de Tordesilhas, que freqüentemente adentravam os limites portugueses e por esse motivo deveriam ter uma ocupação efetiva para garantir a posse desse território para Portugal.

Esperançoso por encontrar nesta terra metais preciosos, a exemplo das colônias espanholas, o rei decide mandar o Capitão Martim Afonso de Souza para uma expedição com a missão de estabelecer um núcleo político-administrativo nesta colônia através da concessão de terras aos povoadores que trazia para São Vicente, para assim poderem explorar e ocupar a terra. (FAUSTO, 2003). O capitão, seguindo as ordens do rei, combateu franceses contrabandistas e percorreu o litoral de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Cananéia, procurando ouro e prata, seguindo por último para o porto de São Vicente.

Ao chegar em São Vicente no ano de 1532, Martim Afonso encontrou uma povoação já formada por portugueses que se achavam instalados na região há muitos anos. Esses portugueses possivelmente degredados foram deixados na costa anteriormente por expedições exploradoras. Entre eles, destacava-se o bacharel Cosme Fernandes, que ajudou a construir a primitiva povoação e explorava um porto onde fabricava bergantins (embarcação ligeira de dois mastros) e abastecia naus que percorriam as costas brasileiras.

Detalhes desse povoado foram registrados por Alonso de Santa Cruz, cosmógrafo de Sebastião Caboto, que esteve ancorado defronte da Ilha de São Vicente, em 1530 (dois anos antes da chegada de Martim Afonso) quando voltava de viagem ao Rio da Prata. "Dentro do Porto de São Vicente há duas ilhas grandes, habitadas por índios e, na mais oriental, na parte ocidental, estivemos mais de mez (sic). Na ilha ocidental têm os portugueses um povoado chamado S.Vicente, de dez ou doze casas, uma feita de pedra com seus telhados, e uma torre, para defesa contra os índios em tempo de necessidade. Estão providos de coisas da terra, de galinhas e de porcos da Espanha, com muita abundância de hortaliça. (...)".(CASTRO,1932)

Na verdade, este e outros documentos indicam que Martim Afonso, ao vir para São Vicente, dirigiu-se a um porto conhecido e onde sabia já existir um Povoado, fato que aumenta o tempo de existência do núcleo, local objeto de nosso estudo por estar hoje submerso e que trataremos com mais detalhes adiante.

O historiador Frei Gaspar da Madre de Deus, nos conta no livro Memórias para a História da Capitania de São Vicente, que Martim Afonso tomou as seguintes providências quando chegou ao Povoado em 1532 para torná-lo uma vila:

“Para Matriz, erigiu uma igreja, com o título de Nossa Senhora da Assunção: fez cadeia do Concelho e todas as mais obras públicas necessárias; foi, porém muito breve a duração dos seus edifícios, porque tudo levou o mar”.

Apenas uma década depois de fundada, a vila sofre um desastre, o mar avança sobre a praia, entra pela Vila e cobre com água as casas, a igreja Matriz, o pelourinho, a Casa do Conselho e Cadeia. Em 1542 a vila teve de ser reconstruída pouco adiante e a Matriz, com os sinos originais recuperados do mar, acabou sendo edificada sobre uma pequena elevação só que desta vez longe da praia.

A decadência da vila de São Vicente começou rápida, descobriu-se que outro porto, do outro lado da ilha, atual Santos, tinha melhores condições para operar com navios de grande calado dando origem primeiro ao Povoado e depois Vila de Santos. O golpe mortal na capitania deu-se quando a produção açucareira nos Engenhos caiu por causa da concorrência do Nordeste que por sua localização geográfica estava mais próximo da metrópole.



Um patrimônio cultural submerso...

A cultura é uma invenção social construída através do tempo e contida num processo muito complexo de ser catalogado em listas ou inventários, daí a dificuldade de caracterizar o Patrimônio Cultural. Todo grupo social possui cultura, expressada em algum aspecto, em cada ação individual, pois “cultura é a soma total integrada das características de comportamento aprendido que são manifestadas nos membros de uma sociedade e compartilhada por todos” (HOEBEL P.208).

O artigo 216 da Constituição Federal do Brasil declara, entre outros, que é patrimônio nacional os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. No entanto o valor cultural de cada objeto ou bem é atribuído pela sociedade de forma, muitas vezes, inconstante e mutável tornando-se refém do poder que certos setores sociais possuem e exercem segundo suas visões de patrimônio.

O Patrimônio é um fato cultural composto por três categorias de elementos (BOHAN,1974): O meio ambiente do homem (quadro natural e o homem); o conhecimento acumulado e tudo o que o homem fabricou, seja objeto ou monumento. Na visão de Varine-Bohan o paradigma para definir um bem cultural é nos perguntarmos: Por que queremos conservar este bem? Dentre os problemas mais importantes que o Patrimônio Cultural enfrenta podemos destacar a monopolização e alteração do sentido do patrimônio por apenas uma parte da humanidade; e o direcionamento das políticas preservacionistas apenas sobre os atrativos com potencial turístico em detrimento do patrimônio que verdadeiramente representa a comunidade.

Um “monumento histórico” (BASTOS, 2004) é uma edificação ou sítio histórico de caráter exemplar, por seu significado na trajetória de vida de uma sociedade/comunidade e por suas características peculiares de forma, estilo e função. Devem ser protegidos porque, enquanto patrimônios culturais, são fragmentos do cenário do passado, elementos de uma paisagem que sofreu modificações ao longo do tempo, pois está sujeito ao processo dinâmico do presente.

Um monumento é antes de tudo uma referência a um momento na trajetória histórico-cultural de um povo.Tratando-se de um patrimônio tão valioso para a história da cidade, causa indignação que passados mais de 460 anos desde o desastre, a maioria da população ainda desconheça o destino da primitiva vila que permanece submersa na praia do Gonzaguinha.

O título de primeira vila do Brasil tem sido sustentado pela cidade de São Vicente com o orgulho e apoio de todos os seus moradores, embora poucos tenham questionado os monumentos “eleitos” pelo poder público municipal para representar esse passado. Os bens que preservamos, os que consideramos dignos de conservação e aos quais atribuímos uma qualidade estética, histórica ou afetiva, (e conseqüentemente também aqueles que excluímos) são espelho da cultura (VIEIRA,2005). O patrimônio cultural de uma cidade é a herança de todos os que viveram aqui, devendo ser somente apropriado por esses e não à revelia de interesses turísticos ou eleitoreiros. É obrigação de todos zelar pela sua conservação, principalmente por aqueles que estão à frente dos órgãos competentes de preservação da memória. É inadmissível aceitar a depredação de tais bens pela própria prefeitura municipal através de intervenções irresponsáveis onde não é permitida a descaracterização, demolição ou construção indevida. O emudecimento do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico revela que a política de “reconstrução” do passado que há alguns anos vem sendo praticada não tem compromisso em resgatar a verdadeira história da cidade, pois trabalha superficialmente com a construção de pontos turísticos que nada têm a ver com o passado. Um exemplo: muitos moradores da cidade acreditam que o recente Parque Cultural Vila de São Vicente situado à Praça João Pessoa, seja o local exato onde se situou a primeira vila do Brasil, pois fica em frente à igreja Matriz que consideram contemporânea à fundação da vila em 1532.

Ambas suposições errôneas fazem parte de um problema que outras cidades compartilham, ou seja, o patrimônio é manipulado pelo poder de quem o exerce. Partindo dessa constatação já podemos discutir alguns aspectos interessantes.

• A primeira igreja de São Vicente foi submersa junto com a vila em 1542, como nos mostrou as palavras de Frei Gaspar da Madre Deus, historiador do séc XIX; a presente edificação da qual a população se refere é na verdade a terceira reconstrução da Igreja Matriz de São Vicente Mártir datada de 1757, local que os moradores julgaram seguro naquela época por ficar longe do mar.


• O “Parque Cultural Vila de São Vicente”, inaugurado em 2001, situado em frente à Igreja Matriz, recebeu inúmeras críticas de historiadores preocupados com a utilização que a prefeitura pretendia vincular ao parque que era de reprodução fiel das características histórico-arquitetônicas da primeira vila. O projeto, que nem mesmo foi aprovado pelo Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional -, acabou sendo concluído após ameaças de embargos, demolição e interdição em razão de estar em desacordo com a Lei Federal de Proteção ao Entorno de Bens Tombados. Enfim acabou por reproduzir a temida versão “histórica”.

A “construção” desse passado colonial em plena área urbana totalmente descacterizada como centro histórico seria totalmente desnecessária se os esforços financeiros, técnicos, de propaganda e marketing tivessem sido investidos na recuperação da verdadeira vila primitiva de São Vicente através da arqueologia subaquática. Questionamos o por quê de não investir no estudo dos vestígios materiais ali existentes, pois o que se encontra embaixo d’água na praia do Gonzaguinha é Patrimônio Cultural da cidade e do Brasil, registro histórico paralisado no início do séc XVI capaz de revelar como vivia aquele pequeno núcleo de indígenas e povoadores portugueses. Toda cultura material existente na realidade quinhentista, desde a arquitetura das edificações até os objetos que compunham o cotidiano, de onde podemos partir para suposições de como resolviam seus problemas diários de sobrevivência.



Um mergulho na arqueologia subaquática

O conhecimento dos vestígios materiais da primitiva vila de São Vicente só poderia ser obtido através da arqueologia subaquática, ciência capaz de produzir interpretações da realidade, diferentes de todas as outras, a partir dos restos da cultura material que foram encontrados no ambiente aquático.

Apesar de recente no Brasil, a ciência arqueológica há muito tempo já demonstra em outros países, que investem na memória e valorização do seu patrimônio cultural, os benefícios de sua contribuição científica para compreender as relações e as transformações sociais. (FUNARI,2003)

Esse trabalho que deve ser feito somente por arqueólogos, tanto em sítios terrestres quanto aquáticos, deve levar em conta o contexto em que determinado objeto se encontra, ou seja, sua retirada sem critério liquida seu valor histórico e arqueológico. (Rambelli). Sendo assim, obedecidas essas orientações metodológicas, permite reconstruir a história a partir dos artefatos existentes no momento da ação humana em destaque no estudo e que muitas vezes ficaram de fora da história registrada em escritos oficiais.

Nossa preocupação em exigir o estudo da vila de São Vicente por profissionais capacitados reside no fato do Brasil não acatar as recomendações da Unesco para proteção do Patrimônio Cultural submerso e infelizmente aprovar uma lei que permite e incentiva os aventureiros e contrabandistas apossarem-se da História que as águas brasileiras ainda guardam, inexplorada.

Destacamos que, além do conhecimento científico produzido pelo estudo dos vestígios materiais da vila submersa, um importante serviço à sociedade pode ser feito em prol da conscientização popular e da preservação do patrimônio: a educação patrimonial. Esta pode e deve ser desenvolvida ao longo do processo de intervenção arqueológica para que toda a população participe observando, aprendendo sobre a importância de preservar a história, fomentando a conscientização que o Patrimônio Cultural é a herança de todos e para tanto não pode ser abandonado, comercializado, retaliado ou impossibilitado de testemunhar a história que possui dentro do contexto cultural da nossa sociedade.



A educação patrimonial como forma de preservação cultural

O papel da Educação Patrimonial consiste em revelar identidades, mudanças, questionamentos, conflitos entre segmentos sociais diversos quando esses se compreendem produtores culturais permanentes e agentes histórico-sociais. Ela possibilita a integração dos grupos sociais na construção de um patrimônio nacional, que privilegie a diversidade reconhecendo a importância do patrimônio gerado por todos os indivíduos, constituindo maior poder à sociedade civil, possibilitando o surgimento da figura do cidadão.

Segundo definição do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –IPHAN- a educação patrimonial é um processo que objetiva envolver a comunidade na gestão do Patrimônio, pelo qual ela também é responsável, levando-a a apropriar-se e a usufruir os bens e valores que o constituem, realizando dessa forma uma “alfabetização cultural” (HORTA,1999) capacitando-a a ler e compreender o mundo ao qual ela está inserida e os processos culturais humanos.

A prática da educação patrimonial pressupõe objetivos, critérios e metodologias específicas indispensáveis à elaboração e aplicação da mesma.
O princípio básico da Educação Patrimonial é a experiência direta dos bens e fenômenos culturais, para se chegar à sua compreensão e valorização, num processo contínuo de descoberta e empirismo.



Os objetivos da Educação patrimonial

Uma das finalidades da Educação Patrimonial visa sensibilizar a população de uma localidade sobre a importância de preservar e proteger seu patrimônio cultural. Este é um processo que exige trabalho contínuo de informações sobre o acervo onde ela está inserida, pois do contrário de nada adiantará investimentos em preservação.

O desenvolvimento de programas de Educação Patrimonial contribuiu para a ampliação de uma nova visão do Patrimônio Cultural Brasileiro em sua diversidade de manifestações, tangíveis e intangíveis, materiais e imateriais, como fonte primária de conhecimento e aprendizado, a ser utilizada e explorada na educação de crianças e adultos, inserida nos currículos e disciplinas do sistema formal de ensino, ou ainda como instrumento de motivação, individual e coletiva, para a prática da cidadania e o estabelecimento de um diálogo enriquecedor entre as gerações.(Guia Básico de Educação Patrimonial, 1999)

Entendemos que a preservação do patrimônio cultural não constitui um fim em si mesma, mas uma garantia do direito à memória individual e à coletiva, elemento fundamental do exercício da cidadania.

Possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do que é importante para os vários grupos que compõem uma sociedade, tornando-os sujeitos participativos e decisivos na ação de proteger e escolher seus bens patrimoniais é uma das maiores contribuições da Educação Patrimonial para a preservação cultural.

Outro aspecto de fundamental importância no trabalho da Educação Patrimonial é a sua aplicação sobre todos os bens considerados culturais, tais como os de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (Art.216 Constituição Federal)

A metodologia da Educação Patrimonial nos leva a formular hipóteses sobre os objetos e fenômenos observados, buscando descobrir sua função original e sua importância no modo de vida das pessoas que os criaram.

Tomar os objetos e expressões do Patrimônio Cultural como ponto de partida para a atividade pedagógica, observando-os, questionando-os e explorando todos os seus aspectos, que podem ser traduzidos em conceitos e conhecimentos.

A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural.

O conhecimento crítico e a apropriação consciente por parte das pessoas e comunidades acerca do seu “patrimônio” são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. Uma herança que constitui a nossa riqueza cultural, individual e coletiva, a nossa memória, o nosso sentido de identidade, aquilo que nos distingue de outros povos e culturas, que é a nossa “marca” inconfundível, de pertencermos a uma cultura própria, e que nos aproxima de nossos irmãos e irmãs, herdeiros dessa múltipla e rica cultura brasileira A percepção dessa diversidade contribui para o desenvolvimento do espírito de tolerância, de valorização e de respeito das diferenças, e da noção de que não existem povos “sem cultura”, ou culturas melhores do que outras.

A cultura é um processo eminentemente dinâmico. O indivíduo aprende a fazer parte do coletivo (grupo social) e constrói sua própria individualidade.

O aluno poderá através desse exercício crítico proporcionado pela educação patrimonial comparar essas soluções, discutir as causas e origens dos problemas identificados e projetar as soluções ideais para o futuro, num exercício de consciência crítica e de cidadania.



Considerações Finais

O passado histórico de São Vicente por muito tempo foi renegado e desrespeitado, gerando perdas significativas para a memória local e nacional.

Sucessivas intervenções indevidas ao Patrimônio Cultural, associadas à falta de políticas governamentais sensíveis ao valor histórico vicentino tornaram, por muito tempo, baixa a auto-estima dos munícipes que progressivamente ignoravam, esqueciam ou menosprezavam a história desta cidade.

Embora tenham ocorrido algumas medidas para resgatar o “orgulho vicentino” como a recuperação de alguns pontos turísticos e festas populares, São Vicente ainda padece nas mãos do interesse político, empresarial e turístico de curta visão, visando lucros imediatos.

O esquecimento ao qual tem sido levada a vila submersa em São Vicente é uma conseqüência do descaso público em relação ao Patrimônio Cultural Brasileiro a começar pela falta de políticas preservacionistas no âmbito nacional, o papel deficiente do IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - órgão responsável pela proteção, porém carente de investimentos e recursos e, portanto incapaz de atender toda a demanda de medidas necessárias para tornar respeitado o patrimônio nacional. Faltam, ainda, planos educacionais voltados à conscientização da noção de herança coletiva que o patrimônio representa e por isso a importância de preservá-lo.

Acreditamos que ao atuar em sítios de valor histórico-cultural, tornando-os atrativos turísticos, podemos ampliar os benefícios sociais, econômicos, políticos e culturais desta cidade.

Nesse aspecto uma pesquisa arqueológica no sítio da vila submersa adquire importância como agente de preservação e revitalização do patrimônio histórico, conferindo-lhe valor cultural. Reiteramos a excelente oportunidade de aproximar a comunidade ao evento através de um programa de educação patrimonial tão primordial quando se espera que o cidadão assuma o patrimônio histórico como sua herança e identidade.
 
1 Graduada com Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Católica de Santos. Cursando especialização em “Cidade e História: Patrimônio, Lazer e Turismo”, UNISANTOS/Santos/SP. Professora de História da Rede Estadual de Ensino de São Paulo onde leciona aulas de História.

2 Apontamentos em aula do Prof. Gilson Rambelli, março de 2005.

3 Gilson Rambelli em entrevista a Celso Martins disponível na internet.....

4 Lei Federal nº 10.166, de 27 de dezembro de 2000.
 
 
BASTOS, Sênia. Educação Patrimonial, Hospitalidade e Turismo. Univ. Anhembi Morumbi, 2004.

CASTRO, Com. Eugênio de. A expedição de Martim Afonso de Souza. 4º Centenário da Fundação de São Vicente. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia, 1932.

CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil, 1988. Rio de janeiro, Expressão e Cultura, 2002.

a href="http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/artigos.php?cod=20" class="email" target="_blank">DURAN, Leandro Domingues. Revista Eletrônica Patrimônio: Lazer & turismo, 2005. disponível em: www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio



Guia Básico de Educação Patrimonial. Maria de Lourdes Parreiras Horta, Evelina Grunberg e Adriane Queiroz Monteiro. Brasília, Museu Imperial/IPHAN/MinC,1999.

Hoebel, E.A. A natureza da cultura p.208/222.


RAMBELLI, Gilson;

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VARINE-BOHAN, Hügues. A experiência Internacional. Notas de aula 12-8-1974. USP: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.




Endereços eletrônicos:
Revista Eletrônica Patrimônio: Lazer & turismo, 2005. disponível em:www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio
-acesso em: 29 de abril de 2005.
 -acesso em: 19 de abril de 2005.
www.tvebrasil.com.br/salto -acesso em 03 de maio de 2005

Fonte..:: Unisantos

1ª Mostra de Sustentabilidade no Orquidário de Santos SP

Programação para a 1ª Mostra de Sustentabilidade que vai acontecer no Orquidário de Santos SP entre os dias 16 e 18 de outubro e reunirá diversas iniciativas de reciclagem e arte envolvendo resíduos.






segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PINACOTECA DE SANTOS FAZ RETROSPECTIVA DE BENEDICTO CALIXTO

Guardiã da memória e de uma parte significativa da obra de Benedicto Calixto, a Pinacoteca de Santos exibe uma grande retrospectiva do artista, considerado um dos maiores expoentes da pintura brasileira do início do século XX. A exposição temporária, que vai ocupar três salas do piso térreo do museu, abre as comemorações pelos 162 anos de nascimento do autor, natural de Itanhaém, pequena cidade do litoral sul de São Paulo. A inauguração está marcada para o dia 7 de outubro, às 20h00 e seguirá aberta ao público até 29 de novembro.



A mostra intitulada Benedicto Calixto: O artista e o processo de criação prima pela qualidade das obras selecionadas, pois faz um recorte de paisagens e retratos bastante representativo, que  vai permitir “um delicioso passeio pela história do artista”, garantem as curadoras Ana Kalassa El Banat, Beatriz Henriques e Marjorie de Carvalho Fontenelle de Medeiros.

Entre os quadros apresentados, nem todos fazem parte do acervo da Pinacoteca. Alguns são de propriedade particular e foram cedidos para este evento pelo Real Centro Português de Santos, a Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos, Carlos e Cecília Cherto, Laire José Giraud, Regina Santini, Renata Viegas, Silvia e Antonio Penteado, para que o público, em rara oportunidade, possa apreciar esses trabalhos.  

Para receber as obras, as paredes internas do casarão foram revestidas de cores fortes. Este novo layout vai destacar as imagens feitas em crayon sobre papel,  óleo sobre tela e aquarela. No mesmo espaço expositivo serão mostrados documentos, pinturas e objetos pessoais do artista.


Além da mostra itinerante, montada nas salas do piso térreo, os quadros do acervo da Pinacoteca também poderão ser apreciados pelo público, no piso superior.

Calixto no contexto histórico

Com seu talento, Benedicto Calixto pode testemunhar e registrar um importante momento da história e fez tudo isso valorizando os detalhes e explorando técnicas variadas durante cada fase da sua carreira. 

De forma inédita, lançou mão da fotografia e da cartografia como apoio para reproduzir as paisagens da região e, o fez com tamanha precisão que, hoje, as imagens atuais das cidades do litoral paulista podem buscar nas pinturas de Calixto os vestígios do seu passado. 

Para enriquecer a visita,  conduzir o público através de um roteiro cronológico e ajudar a desvendar toda a complexidade da obra de Calixto, a comissão curadora preparou uma vasta hispografia – preparada pelo arquiteto capixaba Ronaldo Barbosa - e selecionou textos críticos assinados por estudiosos e outros artistas  que serão adesivados nas paredes.  O resultado desta pesquisa foi levado aos monitores em treinamento e também traduzido para o braile, com a colaboração do Lar das Moças Cegas, para tornar a exposição acessível aos deficientes visuais.

Durante os dois meses de exposição, um filme de 12 minutos sobre o artista e sua obra será exibido de hora em hora, no Espaço Cultural Benedicto Calixto, localizado no jardim interno do casarão e os visitantes poderão frequentar uma sala de leitura instalada no piso superior do casarão, onde estarão disponíveis publicações sobre Calixto.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Agenda Cultural Palácio das Artes em Praia Grande - Outubro de 2015


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Poder Público e O Turismo - Respeitando a Atividade e Trabalho das Agências de Viagens

Por..:: Renato Marchesini

PELA MILÉSIMA VEZ, quando o poder público vai entender que a elaboração, operação e condução/deslocamento de visitantes e grupos não é a atribuição deles?

A Elaboração e Operação de Roteiros é atribuição das Agências de Viagens e Turismo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12974.htm
E a Condução de visitantes e grupos é atribuição do Guia de Turismo.
http://www.turismo.gov.br/legislacao/?p=117
Ambos devem ser cadastrados no Ministério do Turismo.

Cada um tem a sua atribuição! Todos os atores são importantes!

Não aceitamos mais esta bagunça e falta de foco. Poder Público não tem que elaborar e/ou operar roteiros, rotas, circuitos e similares e também não devem fazer a condução/deslocamento de visitantes e grupos, pois não é a atribuição deles. Quando irão entender isso!!!

Se as cidades querem ter roteiros, rotas, circuitos e similares - que chamem as Agências de Turismo Receptivo Regional para realizar esta função que é PRIVATIVA às mesmas.

Se Vc acha que é um exagero este pleito e acha que isso não acontece em sua cidade FAÇA UM TESTE! Ligue para a Secretaria de Turismo de sua cidade e finja que possui um grupo e pergunte como se faz para realizar um roteiro de city tour e um de ecoturismo. Se a pessoas que atenderem disponibilizarem uma listagem das Agências de Viagens e Turismo estão corretos. Mas, se proporem outro caminho, irá saber que a mesma brinca de turismo e pouco ou nada sabe do turismo legal, consciente e sustentável.



Passou da hora de parar com este papo que o destino tem potencial e tomarmos logo coragem de ser destino consolidado de turismo. Renato Marchesini



E QUAL É A ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO TURISMO?
            A atuação do governo é um dos mecanismos mais importantes para o desenvolvimento do turismo. A participação do poder público tem aumentado no mundo inteiro de acordo com o crescimento do setor turístico, ou seja, quanto maior é a importância do turismo para um país, maior é o envolvimento do governo na atividade.

            A participação do poder público no setor turístico ganha importância na razão de que cabe a ele, entre outras medidas, regular a atividade a fim de que ocorra um desenvolvimento econômico e sociocultural equilibrado.

            Sendo o turismo uma atividade que se desenvolve em determinados espaços territoriais e envolve diversos setores da economia, torna-se dependente de consideráveis investimentos em infraestrutura básica e específica. Nisso inclui-se a área de transportes, saneamento ambiental, iluminação, manutenção dos atrativos turísticos, preservação da cultura local, além de investimentos privados relacionados aos meios de hospedagem, agenciamento e locais de entretenimento.

            Muitos serviços que são disponibilizados ao turismo são também requeridos pela população receptora.  Esses serviços são classificados como bens públicos e não exclusivos, tornando-se assim disponível para toda a sociedade (turistas e comunidade receptora). É necessário também disponibilizar bens que não são de interesse da iniciativa privada, mas cabe ao Estado prover.

            Muitas são as funções que o poder público pode exercer no turismo, entre elas podemos destacar Fennel, Ignarra (1999, p. 125):

a) planejamento e fomento da atividade;
b) controle de qualidade do produto;
c) promoção institucional da destinação;
d) financiamento dos investimentos da iniciativa privada;
e) capacitação de recursos humanos;
f) controle do uso da conservação do patrimônio turístico;
g) captação, tratamento e distribuição da informação turística;
h) implantação e manutenção da infra-estrutura urbana básica; 
i) prestação de serviço de segurança pública;
j) captação de investidores privados para o setor;
l) desenvolvimento de campanhas de conscientização turísticas;
m) apoio ao desenvolvimento de atividades culturais locais, tais como o artesanato, o folclore, a gastronomia típica, etc.
n) implantação e manutenção de infraestrutura turística voltada para a população de baixa renda;
o) implantação e operação de sistemas estatísticos de acompanhamento mercadológico.

            Faz-se prudente observar que o setor de turismo nunca esteve entre as prioridades das políticas públicas nos três níveis de governo, sendo que o órgão público de turismo tem servido mais como uma moeda de troca nas composições políticas. Além de outros problemas apontados por Beni (2006, p. 22) em relação ao poder público: “descontinuidade de gestão e inexistência de diretrizes e macro-indicações claras, objetivas e reproduzíveis em todos os níveis para os atores públicos e privados e comunidades [...].”

            A publicação Introdução ao Turismo da Organização Mundial de Turismo (OMT, 2001, p. 72) indica as atuações políticas governamentais como ações para o desenvolvimento turístico, dentre as quais a criação de infraestrutura e apoio à atividade. Por outro lado, a ação dos governos também pode impedir o desenvolvimento da atividade pela falta de apoio ou pela criação de medidas restritivas.          

         Considerando que políticas são “[...] orientações específicas para a gestão permanente do turismo, abrangendo os inúmeros aspectos operacionais da atividade”, (BENI, 2000, p. 166) os espaços turísticos que tem um interesse para a atividade turística devem estar sujeitos a uma política que ordene, regule, promova, desenvolva e controle esta transformação para tal uso com um detalhado planejamento, onde se incluem os espaços rurais, próprios para a prática turística (MONTEJANO, 1991, p. 213).

            Sinteticamente, conforme Liu apud Fennel (2002, p. 138), em relação ao turismo, o poder público deve:

1. Facilitar uma atividade eficiente do setor privado, reduzindo a interferência no mercado e valendo-se da competição como um meio de controle;
2. Assegurar um bom ambiente macroeconômico;
3. Garantir a lei e a ordem e a solução justa de disputas;
4. Assegurar a provisão de infraestruturas adequadas;
5. Assegurar o desenvolvimento de recursos humanos;
6. Proteger o interesse público sem obstruir a atividade do setor privado com regulamentação exagerada;
7. Promover a atividade do setor público, não competindo na arena dos negócios dos empreendimentos privados;
8. Reconhecer o papel dos pequenos empreendedores e facilitar suas atividades.

            Montejano (1991, p. 25-26) admite a intervenção do setor público na atividade turística em três níveis: total, parcial ou nulo. No primeiro o Estado exclui a participação de iniciativas privadas, no segundo há um equilíbrio entre os atores públicos e privados quanto às várias ações necessárias ao desenvolvimento turístico e, no terceiro, inexiste a participação do Estado. O mesmo autor enfatiza que a participação do setor público deve se dar no âmbito da ordenação de recursos e da oferta; na implementação de infraestrutura, no planejamento, na promoção, na gestão, na fiscalização, no controle, em ajuda, em crédito e subvenções. Já Ruschmann (2002, p. 117) atribui aos organismos estatais a responsabilidade do planejamento turístico, argumentando que este possui mais recursos financeiros e técnicos, porém não descarta a participação ampla de outros setores devido ao caráter multidisciplinar da atividade.

            A OMT (2003, p, 192) admite que o poder público deva empreender ações que podem ser grupadas nas seguintes categorias: políticas, planejamento, desenvolvimento e regulamentação. Em cada uma destas áreas o poder público pode desempenhar um papel de facilitador ou de desestimulador da atividade turística.

            A partir de 1994, com a criação do Plano Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), iniciou-se um processo importante no sentido de descentralizar as ações que envolvem o desenvolvimento do turismo. Conforme este plano os municípios têm o poder para planejar e agir sobre a localidade com a finalidade de desenvolver o turismo. Além disso, o Ministério do Turismo admite a atividade turística dentro de uma gestão pública descentralizada e participativa em nível municipal. (MTUR/PNT, 2005).

            Sinteticamente, pode se dizer que as ações do poder público, relacionadas ao turismo, são o planejamento, a regulação e a divulgação do produto turístico. Quanto à regulação, os seguintes tópicos farão parte desta etapa importante: o ordenamento do espaço geográfico onde ocorre a atividade turística, a preservação dos bens (naturais e humanos, tangíveis e intangíveis) e a criação de regulamentos legais. Quanto à divulgação, limita-se a dizer que, independente das iniciativas privadas, cabe ao poder público por meio de seus instrumentos promover a divulgação turística como um serviço prestado para a comunidade.

            O raciocínio corrente conduz para a ideia geral de que o poder público deve estar engajado para proporcionar o máximo de bem-estar aos cidadãos. Neste sentido, a administração pública, em relação ao turismo, deve criar e manter as condições necessárias e adequadas para desenvolver turisticamente o seu município.

            Sendo a instância executiva mais próxima do povo, a prefeitura torna-se mais sensível aos anseios populares imediatos, de forma que as ações do poder público responderão diretamente às partes interessadas, tornando clara a relevância do município na tarefa executiva. Coelho (1997, p. 47), expõe:

            O município é, hoje, uma subdivisão territorial com funções político-administrativas para fins de desempenhar funções próprias de governo e da gestão pública local. Com sua capacidade de autogoverno (como entidade administrativa que se orienta por si mesma respeitando os preceitos constitucionais), o município traz, no contexto geral, uma nova visão que está se inserindo radicalmente no debate municipal, isto é, uma vertente municipalista (movimento que visa ampliar a autonomia municipal através do fortalecimento do poder político da comuna e da revitalização da vida financeira local) que prega necessariamente um novo perfil para o município.

            Esse fortalecimento do poder decisório, em termos turísticos, encontra respaldo no PNMT (Plano Nacional de Municipalização do Turismo). Com o PNMT todo o município que desejar ter atividade turística como um vetor de desenvolvimento deverá municipalizá-la, criar um órgão específico para tal – Conselho Municipal de Turismo – com o apoio técnico dos governos estadual e federal. As bases do PNMT são de que o turismo ocorre localmente e que o diferencial é a individualidade do local.

            Almeida e Blós (1997, p. 48) argumentam acerca da necessidade de investimentos do setor público no suporte infraestrutural, demonstrando a relevância do poder municipal na concretização dos investimentos turísticos. Desta forma, torna-se desejável que uma localidade ao empreender seu desenvolvimento por meio do turismo, não se limite aos aspectos infraestruturais, mas também no tocante à conscientização de sua população, sobretudo com respeito aos valores culturais. Assim, uma política turística que preveja a educação do povo para a prática turística, além da dotação de uma infraestrutura básica, antes de ser um mero instrumento de fomento e regulação, transmuda-se em fator de extrema necessidade.

            Na execução turística, a atuação do setor público assume fundamental importância, pois a existência de um plano de desenvolvimento da atividade, onde haja a seleção das prioridades para a sua evolução harmoniosa, determinará as suas dimensões ideais. O planejamento turístico para ter viabilidade, deverá contar com uma equipe de profissionais de várias áreas na sua elaboração ou consecução, ou seja, não será exclusividade do setor público esta tarefa, mas de pessoas e órgãos que tenham interesse na atividade. Igualmente, o planejamento não deverá ser primazia de alguns profissionais, mas de toda uma gama de elementos, de uma equipe de trabalho, que através de seus conhecimentos, melhor estruturem a implantação e o desenvolvimento turístico. O COMTUR (Conselho Municipal de Turismo), talvez seja o organismo que mais se aproxime do ideal para realizar tal tarefa, uma vez que abriga diversos setores e profissionais diretamente ligados e interessados no turismo no município.

Fonte..:: Apostila de Gestão de Empreendimentos Turístico, Versão 5, 2014 de Renato Marchesini.



PARA SANAR QUALQUER DÚVIDA.

Aí algum "Iluminado" vem dizer que o poder público vai fazer qualquer tipo de passeio de graça (sem cobrar) e não precisa contratar Agência de Turismo. Para explicar pergunto:  "Se eu resolver operar uma pessoa, fazer uma cirurgia, assinar um laudo técnico de engenharia, mas tudo sem cobrar eu posso? Sem ter CRM, CREA, etc...? Mesmo o trabalho voluntário ou sem cobrar precisa ser feito por empresa e profissionais habilitados . O que configura o trabalho não é a remuneração, mas qualificação e habilitação. Portanto é obrigatória a contratação de Agência de Turismo ao se realizar passeios, tours, etc... Se o poder público estiver operando turismo é exercício ilegal da função.


RESOLVENDO A SITUAÇÃO!



1) Método do diálogo e educacional e cultural.

  • A Secretaria de Turismo do Estado / MTUR deve enviar ofício e fazer campanha para todas as Prefeituras (Secretarias de Turismo e/ou Departamentos) explicando que a Elaboração e Operação de Roteiros de Turismo é atribuição PRIVATIVA das Agências de Viagens e Turismo. Sendo estas responsáveis por este serviço conforme Lei nº 12.974, de 15 de maio de 2014. 


2) Método Fiscalizador, Punição aos infratores.
  • Se o Poder público estiver operando turismo é exercício ilegal de função. Exercício ilegal da profissão é contravenção penal prevista em lei, passível de propositura de ação civil pública: DECRETO LEI 3.688 de 1941 - Lei das Contravenções Penais. Art 47 - Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3688.htm
  • O Servidor Público que estiver fazendo o papel ilegal de agente de viagens e /ou guia de turismo deve ficar atento a LEI Nº 8.027, DE 12 DE ABRIL DE 1990. Art. 8º Pelo exercício irregular de suas atribuições o servidor público civil responde civil, penal e administrativamente, podendo as cominações civis, penais e disciplinares cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administrativa. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8027.htm



TURISMO CONSCIENTE! TURISMO LEGAL!
Essa organização com certeza trará benefícios para as cidades, trade, população e todo o turismo em geral.

Vale lembrar que os destinos consolidados e em destaque são aqueles que possuem Agências de Turismo Receptivo operando.

Mas para isso as mesmas precisam ter a garantia de poder exercer a sua atividade e trabalho.           


Conheça as 7 realidades que cercam um acidente de montanha

Por..:: Luciano Fernandes
1 – Todos tem uma parcela de culpa
acidente-montanha-3Ninguém é inocente, e qualquer pessoa tem sua parcela de omissão em algum grau.
Portanto todos , tanto o que sobrevive quanto o que se acidenta, incluindo os que estão presentes e até mesmo os que não estão , possuem sua parcela de culpa.
Mesmo o equipamento utilizado pode estar mal fabricado, ou não cumprir as normas mínimas de qualidade.
A administração do lugar pode ter atuado de forma negligente sem inspecionar ou auditar os funcionários. Enfim, todos os envolvidos no processo possuem sua parcela de culpa.

2 – Nunca confie na sorte

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Por mais que tenha escutado das pessoas que possua mais sorte que as demais à sua volta, não conte com ela para nenhuma situação na montanha.
Assim como todo jogo de azar, na montanha todo risco está implícito.
Confiar na sorte não poe somente nossa vida em risco, mas as dos demais também.
Mesmo que se escape de um acidente por “sorte”, uma eventual morte ou lesão de um companheiro cairá sobre você grande parte da responsabilidade.

3 – Na montanha risco zero não existe

acidente-montanha-1
Por mais que haja propagandas que fale o contrário, a montanha é um ambiente intrinsecamente perigoso.
Não há momento em que o perigo não exista, as vezes claramente outras nem tanto.
Por isso no momento que nos defrontamos com eles existe o risco. Sempre que realizamos uma atividade no meio natural, há um risco, mesmo que não estejamos conscientes disso.

4 – Na montanha um erro pode ser o seu último

Uma das coisas que sempre é necessário lembrar é que não existe segundas chances.
Diferentemente da escolas, que possuem exames de recuperação, na montanha aquele que falha, se sobreviver, tem de analisar o que passou de errado para não voltar a realizar o mesmo erro.
Aquele que tem um incidente, e por algum motivo sobreviver e achar graça disso, corre sério risco de acidentar-se gravemente pelo mesmo motivo.
Assim como na vida, a necessidade de aprender com os próprios erros é fundamental na montanha.

5 – Sempre aprenda e treine, nunca improvise.

acidente-montanha-4
Durante o período de treinamento é necessário adaptar a situação e a realidade dentro do conhecimento técnico.
Nunca deve-se acostumar a realizar adequações técnicas, ou seja, improvisar alguma técnica ou procedimento.
Há, entretanto, conhecimento técnico para modificar o plano inicial com algum outro procedimento, mas nunca confiar na sorte utilizando nenhum material ou procedimento que não é ideal para aquele fim.

6 – Quando a tensão é alta, o cérebro se bloqueia

Foto : http://www.bestcounselingdegrees.net/
Foto : http://www.bestcounselingdegrees.net/
Em momentos de grande tensão, o processamento de raciocínio e ideias é comprometido pelo cérebro do praticante.
Este tipo de comportamento pode ser visto quando alguém está escalando e não consegue acertar o lados esquerdo ou direito quando recebe uma dica de procedimento.
Por isso quanto mais conhecimento técnico tiver a pessoa, menor a probabilidade de por-se sob tensão em situações extremas.
Mesmo o atleta mais despreparado tecnicamente, em momentos de tensão em lugares de dificuldade a qual não está preparado tende a perder a capacidade de discernimento e raciocínio lógico.

7 – O excesso de informação causa desinformação

Na prática de esportes de montanha, muitas pessoas desejam externar todo o conhecimento adquirido com outras.
Porem no momento de dar uma informação, algumas costumam despejar grande volume de informação sobre outras.
Por este motivo ao receber este tipo de informação, com pouca objetividade e baixa quantidade de conteúdo relevante, acaba por confundir ao invés de informar.
Para ensinar sobre procedimentos, caminhos, perigos e até mesmo equipamentos, é necessário muito mais objetividade do que detalhamento.
Fonte..:: Blog Escalada

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Fiscalização dos Prestadores de Serviços Turísticos - Portaria nº 162, de 22 de setembro de 2015

Segue abaixo informações da FENAGTUR (Federação Nacional de Guias de Turismo)

A Federação Nacional dos Guias de Turismo informa que o Ministério do Turismo apoiou a sugestão apresentada por nossa entidade para que o MTur realizasse um Convênio com a ANTT e PRF para colocar em andamento a FISCALIZAÇÃO DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS TURÍSTICOS em todo país. 

Este convênio possibilitará que as fiscalizações ocorram através de quem tem competência e experiência em Fiscalizações, neste caso ANTT e PRF. Foi assinada na data de ontem, a Portaria nº 162, de 22 de setembro de 2015 e publicada hoje no Diário Oficial da União, onde cria um Grupo de Trabalho para definir regras e procedimentos para que as fiscalizações sejam efetivadas e em posterior a ANTT publicará uma Portaria instruindo a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e PRE (Polícia Rodoviária Estadual) a Fiscalização dos Prestadores de Serviços Turísticos no país.

Tal Portaria e Convênio serão necessários para que se possa coibir a Pirataria no Turismo. Falsos profissionais e empresas que tentam ocupar o espaço dos legalizados junto ao Ministério do Turismo, através no CADASTUR. 

No momento da fiscalização, será verificado além do veículo possuir cadastro na ANTT, será verificado se a Transportadora, Agência de Viagens e Guia de Turismo tem cadastro no Ministério do Turismo. 

Além disso, o Guia de Turismo deverá ser inserido no manifesto de embarque com o nº do seu Cadastur, como parte da tripulação do veículo e não como passageiro, como é atualmente. 

Acessem o link abaixo e vejam a publicação da Portaria.

Portaria nº 162, de 22 de setembro de 2015 e publicada hoje no Diário Oficial da União AQUI




Opinião..::
Realmente isso é mais que necessário! O que não falta hoje infelizmente é Piratas e Aproveitadores no mercado!

O MTUR toma decisão correta em atender o pleito do mercado e da FENAGTUR. Avanço!

O muito importante é que a FENAGTUR não só olhou para o umbigo e destacou a fiscalização completa que é verificar se possui: Guia de Turismo, Transportadora e Agência de Turismo (os 3 atores) e com cadastro no CADASTUR.

Isso aí..... é assim que acredito! Cada ator com o seu espaço e ordenamento no mercado!

Agora é cruzar os dedos para a Portaria sair do papel e termos fiscalizações regulares.

Já ando denunciando um o outro que detona o mercado! Isso todos temos que fazer para por ordem no mercado.

O Turismo Profissional e Sustentável deve ser assim.

Muita Luz...


Renato Marchesini

Gestor de Projetos




Comentários online sobre hotéis são cruciais para captar turistas

As opiniões online são decisivas na hora de reservar alojamento. Esta é uma das conclusões de um estudo da Universidade de Aveiro, que foi perceber a importância desses comentários.


O mesmo estudo aponta que, apesar das vendas de viagens online representarem hoje uma quota de mercado considerável e em grande crescimento, um número significativo de turistas ainda opta por reservar os quartos contactando diretamente o hotel. Um cenário que, aponta a investigação, não é de todo surpreendente já que em muitas situações os preços que o hotel indica são iguais aos praticados pelos respetivos intermediários online.

O trabalho envolveu entrevistas a 351 utilizadores de internet que já efetuaram reservas de alojamento através de plataformas online. Os resultados não deixam dúvidas e confirmam que a maioria dos turistas lê comentários online antes de reservar um hotel, “considerando-os confiáveis, credíveis e precisos”.

“A variável preço não tem a influência que à partida se poderia esperar”, aponta Romeu Lopes. O autor do estudo, realizado no âmbito do doutoramento em Marketing e Estratégia no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, afirma que “com a evolução das tecnologias de informação e comunicação, as plataformas online surgem como importantes fontes de informação para um turista cada vez mais exigente”.

“A credibilidade das opiniões [publicadas online] influencia de forma positiva e significativa a reputação da empresa e a perceção de valor do hotel reservado”, aponta Romeu Lopes.

Nesse sentido, a investigação aponta que “o número de turistas que preferem e confiam em sites com comentários amadores está a aumentar” em detrimento do fator preço, até porque muitos hotéis acabam por vender ao mesmo preço offline que os seus intermediários digitais. “Por vezes, a eventual redução de preços obtida com a reserva online é diminuta ou nula”, conclui Romeu Lopes, docente do Instituto Politécnico da Guarda, recentemente nomeado como sub-diretor da Escola Superior de Turismo e Hotelaria localizada em Seia.

Fidelização dos turistas
A qualidade do website das unidades hoteleiras, bem como o grau de satisfação relativamente a experiências de reserva online anteriores, são aspetos determinantes para a fidelização. No entanto, sublinha o investigador, “um turista pode estar fidelizado a um website para consultar comentários e opiniões, mas efetuar a reserva por outros meios, nomeadamente contactando diretamente o hotel”.

As novas tecnologias de informação e comunicação vieram mudar os padrões de compra e consumo, o que exige uma nova atitude e posicionamento dos prestadores de serviço no setor turístico. “O mercado tem procurado reagir a esta tendência, sendo prova disso o crescimento do número de websites que disponibilizam gratuitamente essa informação gerada pelos utilizadores, de forma voluntária e por vezes anónima”, lembra Romeu Lopes.

Por outro lado, o número de pessoas que hoje recorre à web para reservar alojamento tem aumentado, utilizando ferramentas como o smartphone. Dos inquiridos, cerca de 36% efetuou 12 ou mais reservas online num ano, e o “Booking.com” destaca-se como o website mais conhecido e utilizado.

Nesse sentido, aconselha o investigador, as páginas de vendas de viagens devem, entre outros aspetos “apostar na qualidade do website, assegurar que a informação e os comentários colocados são credíveis, ganhar reputação no mercado e tentar fidelizar os clientes personalizando o pacote de serviços de acordo com as reais necessidades de cada turista”.

Definir estratégias é crucial
Com este trabalho, Romeu Lopes pretende despertar a atenção das empresas turísticas para a importância dos comentários e opiniões gerados pelos utilizadores, sendo aspetos determinantes “não só para o processo decisório dos turistas, como para a imagem e reputação das empresas”.

Para potenciar as vendas online, aconselha, “para além do preço, os gestores hoteleiros devem estar atentos a este feedback disponível online e livre de encargos, respondendo a alguns comentários e reclamações sempre que possível”. Este acompanhamento, diz, “pode ajudar a identificar perfis e necessidades, facilita a deteção e solução de potenciais problemas, permite melhorias em produtos ou serviços, ou a adoção de novas políticas, entre outros aspetos”.

“As empresas do setor devem, por isso, definir uma estratégia de marketing digital integrada na sua missão, visão e objetivos, de forma a identificar necessidades, exceder expectativas e fidelizar clientes”, propõe o autor.

Fonte..:: Observador

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Somos Vencedores do PRÊMIO TOP BLOG (2013/2014). Categoria: VIAGENS E TURISMO.