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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Mata Atlântica de Anchieta - Carta de São Vicente 1560


Relata o Padre Jose de Anchieta, em 1560, na sua Carta de São Vicente , sobre o território onde se ergueria a cidade de São Paulo, então chamada de Piratininga, e sobre o “movimento do tempo”:

“Todavia, em Piratininga, que fica no interior das terras, a 30 milhas do mar, e é fornada de campos espaçosos e abertos, e em outros que se lhe seguem para o ocidente, a natureza procede de tal maneira que, se os dias se tornam extremamente cálidos por causa do calor abrasador (cuja maior fôrça é de novembro a Março), a vinda da chuva lhes vem trazer refrigério: cousa que aqui acontece agora. Para explicar isso em breves palavras: no inverno e no verão há grandes chuveiros, que servem para temperar os ardores do sol, de sorte, que precedem de manhã ao estio, ou vêm à tarde. Na primavera, que principia em Setembro, e no estio, que começa a vigorar em Dezembro, as chuvas caem abundamentemente, com grande tormenta de trovões e relampagos.

Então, há não só enchentes de rios, como grandes inundações dos campos; nessas ocasiões, uma imensa multidão de peixes, que saem das águas para pôr ovas, deixam-se apanhar sem muito trabalho entre as ervas, e compensam por algum tempo o dano causado pela fome que trouxera a subversão dos rios. Assim, êste tempo é esperado com avidez, como alívio da passada carestia: a isto chamam os índios de piracema, isto é, “a saída dos peixes”; por enquanto, duas vezes cada ano, quase sempre em Setembro e Dezembro e algumas vezes mais freqüentemente, deixam os rios e se metem pelas ervas em pouca água para desovar; mas no estio, como é maior a inundação dos campos, saem mais consideráveis cardumes e são apanhados em pequenas redes e até mesmo com as mãos, sem aprêsto nenhum.

Finalmente os grandes calores do verão são moderados pela muita abundancia de chuvas; no inverno, porém (passado o outono que, começando em Março, acaba numa temperatura agradável), cessam as chuvas; a fôrça do frio torna-se horrível, sendo maior em Junho, Julho e Agosto; nesse tempo vimos muitas vezes não só as geadas espalhadas pelos campos a queimarem arvores e ervas, como também a superfície da água toda coberta de gêlo. Então esvasiam-se os rios e baixam até o fundo, de sorte que se acostuma apanhar à mão, entre as ervas, grande porção de peixes.”

“...Encontram-se também entre nós as panteras, das quais há duas variedades: umas são de cor de veado, menores essas e mais bravias; outras são malhadas e pintadas de várias cores:destas encontram-se em todos os lugares (1); os machos, pelo menos, excedem no tamanho a um carneiro, embora grande, pois as fêmeas são menores; são em tudo semelhantes aos gatos e boas para se comerem, o que experimentamos algumas vezes; são de ordinário medrosas e acometem pela retaguarda; dotadas porém de grande força, cm um só golpe faz unhas ou uma dentada dilaceram tudo quanto apanham; escondem as presas debaixo da terra, segundo afirmam os Índios, e ai as vão comendo até consumirem. São de extrema ferocidade, o que, conquanto possa ser comprovado por muitos fatos, que sucessivamente e de quando em quando se dão, bastará referir dois ou três para mostrá-lo”.

(1) As duas espécies de Felídeos, mencionadas por Anchieta, são a onça parda ou sussuarana (felis concolor L.) e a onça pintada ou jaquar (felis onça L.).Além dessa, que são as maiores, há mais sete na fauna brasileira.( Nota de o Dr. Afrânio do Amaral, diretor do Instituto Butantan, dr. Oliverio Mario de Oliveira Pinto, assistente do Museu Paulista, e sr. Pio Lourenço Corrêa, para a edição “Caderno No 7 da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – Carta de São Vicente- 1560”.

Fonte..:: RBMA - Reserva da Bisfera da Mata Atlântica
Carta de São Vicente de 1560 - baixe aqui PDF

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Trilha dos Goianases, dos Tupiniquim ou Caminho de Piaçagüera

Em 22 de janeiro de 1532, quando Martim Affonso de Souza desembarcou no Porto dos Escravos, uma pequena povoação situada na Ilha de Ingá-guaçú (Ilha de São Vicente), já habitavam a região os europeus João Ramalho (degredado) e Antônio Rodrigues (sobrevivente de naufrágio). Plenamente adaptados à vida dos indígenas, Ramalho e Rodrigues viviam no alto da serra que se erguia para o interior, Rodrigues na aldeia Ururaí (atual distrito de São Miguel Paulista), comandada por Piquerobi, e Ramalho na aldeia Piratininga (na colina junto à foz do córrego Anhangabaú no rio Tamanduateí), comandada por Tibiriçá.

Piquerobi e Tibiriçá, além de Caiubí, líder da aldeia Jerubatuba (atual bairro de Santo Amaro), aguardavam Martim Affonso na praia junto com Ramalho e Rodrigues. Martim Affonso e alguns de seus homens subiram a serra até Piratininga por uma antiga trilha aberta pelos tupiniquins, conhecida por Trilha dos Goianases, e que veio a ser a primeira ligação utilizada pelos colonos portugueses de São Vicente e o topo da serra. Na ocasião, Martim Affonso fundou as primeiras vilas do Brasil: São Vicente (junto ao Porto dos Escravos) e Piratininga (próxima à aldeia de Tibiriçá), mas esta última foi abandonada anos depois e sua população se dispersou pelo sertão.

Segundo Eduardo Bueno ("Capitães do Brasil"), a trilha tinha início em São Vicente (Tumiaru, para os índios), de onde saía-se em embarcações por um "lagamar de águas salobras" chamado de Morpion. Através dos rios, aportava-se no ancoradouro de Piaçagüera de Baixo, seguindo por uma área alagada em que atualmente se localiza a cidade de Cubatão, até a Piaçagüera de Cima, na raiz da Serra de Paranapiacaba. Iniciava-se então a subida pela Trilha dos Tupiniquim. Serra acima, o trajeto seguia pelo vale dos rios Moji e Quilombo, aproximadamente o mesmo da primeira linha da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, construída no séc.19 pelos ingleses da São Paulo Railway, fato que deu origem ao distrito de Paranapiacaba no atual município de Santo André.

Perfil da Serra do Mar com as vilas fundadas pelos primeiros colonizadores
Fonte.:: Atlas Histórico Isto É Brasil 500 Anos

Depois de um dia de marcha, chegava-se às nascentes do rio Tamanduateí no atual município de Mauá. A partir daí seguia-se o curso do rio na direção oeste, passando por terras em que hoje se encontra a cidade de Santo André, e daí até o encontro do Tamanduateí com o córrego Anhangabaú, junto à colina em que se localizava a aldeia Piratininga do índio Tibiriçá. Neste local, em 25 de janeiro de 1554, os jesuítas Manoel da Nóbrega, José de Anchieta, Manuel de Paiva e outros 10 padres, depois de subirem pela Trilha, fundariam o Colégio de São Paulo de Piratininga (hoje o Pátio do Colégio), núcleo inicial da vila que daria origem à cidade de São Paulo.

A Trilha dos Goianases (mais tarde chamada Caminho de Piaçagüera) passava pelo território dos tamoios, inimigos dos tupiniquins e dos portugueses, o que veio a torná-la muito perigosa. Em virtude disso, em 1560 seria aberta pelo padre Anchieta uma nova trilha na serra. Mesmo assim essa via consistiu numa das principais ligações da vila de São Paulo de Piratininga com a Ilha de São Vicente durante o período colonial.
A Trilha dos Tupiniquim (dos Goianases) e o Caminho do Padre Anchieta
Fonte.:: BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil

( fatos_históricos )

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