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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Corsário Thomas Cavendish esteve em Santos e São Vicente, em 1588/90/91 - Conheça a história!

Um dos mais destemidos corsários foi Thomas Cavendish - considerado o terceiro circunavegador do globo - que deixou a Inglaterra comandando uma frota e saiu navegando aventuroso pelos mares, em busca de riquezas, uma vez que fora armado cavalheiro em 1588, pela rainha Isabel. E, apesar de atacar suas presas sem piedade, sabia ser galante e até cavalheiresco, tanto é que o historiador Rocha Pombo observa na sua História do Brasil que ele era "...o tipo do franco-ladrão dos mares, que sabia dar às suas façanhas e depredações uma cor de elegância cavalheiresca, tornando-se popular, e sendo até aplaudido, em vez de renegado pela própria aristocracia européia".

Thomas Cavendish, em antiga estampa publicada no livro Os Andradas

Imagem publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)

De 1588 a 1591, o famoso corsário inglês apareceu no litoral santista por duas vezes e, numa dessas investidas, invadiu e saqueou o povoado, além de queimar os engenhos encontrados pelo caminho até São Vicente. Depois de uma excursão devastadora pela América Espanhola, Cavendish rumou para a América do Sul, e depois de muitas manobras de rapina aportou em Cabo Frio, onde se apossou de um navio português e aprisionou o seu comandante, que ficou a bordo da nau capitânia da esquadra corsária, servindo de prático e piloto em nossas águas.

De Cabo Frio seguiu para o canal de São Sebastião, e, guiado pelo comandante português Gaspar Jorge (que servia de piloto), veio a aparecer em Santos, onde efetuou um ataque de surpresa, isso na noite de 25 de dezembro de 1588, quando se comemorava o Natal com a realização de uma missa na Matriz. Esse ataque na noite de Natal foi descrito posteriormente por um dos tripulantes da frota de Cavendish, de nome Antony Kenivet, cuja obra foi publicada em inglês e traduzida em vários idiomas

Noite de Natal - Foi depois de uma reunião com o seu Estado-Maior (capitães e mestres dos navios de sua esquadra) que o corsário inglês decidiu atacar a Vila de Santos com uma chalupa e batéis grandes através do canal (provavelmente o de Bertioga), encarregando o seu lugar-tenente Capitão Concke para o desempenho de tal missão. Ao chegarem silenciosamente no porto, os piratas ouviram o som de uma sineta proveniente de uma missa que estava sendo celebrada na antiga Igreja da Misericórdia, junto ao Colégio dos Jesuítas, que servia de Matriz, e onde se encontravam reunidos cerca de trezentos homens, sem contar com as mulheres e crianças.

Vila de Santos foi alvo de constantes ataques, principalmente durante o domínio espanhol de 1580 a 1640.
Imagem publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
E assim, durante aquela santa celebração de Natal, a igreja foi cercada e invadida pelos piratas, que saquearam tudo e prenderam os mais importantes homens da vila (Braz Cubas, José Adorno, Jerônimo Leitão e outros), que ficaram encarcerados como reféns. Da Matriz, que ficava nas imediações do local onde hoje se encontra a estátua de Braz Cubas, os homens de Cavendish levaram a cabo uma série de depredações na vila, provocando a fuga de inúmeros moradores, sendo que, durante o saque, além de ouro e muitas jóias, conseguirarm juntar grande provisão de víveres.

No dia seguinte, 26 de dezembro, Thomas Cavendish aportou com a sua esquadra, fazendo desembarcar duzentos homens para reforçar o efetivo de terra. Também mandou saquear e queimar todos os navios que se encontravam no porto, e, prosseguindo na sua operação de pilhagem, o esquadrão pirata foi por terra até São Vicente, saqueando e queimando todos os engenhos que encontrava pela frente, pilhando e incendiando igualmente o vizinho povoado, deixando atrás de si um rastro de ódio e pavor.

Segundo relato de Kenivet, o Colégio dos Jesuítas, as igrejas e edifícios públicos de Santos foram todos saqueados e a maior parte queimados, inclusive a Igreja de Santa Catarina - que fora construída por Luís de Góes e sua mulher, dona Catarina de Andrada e Aguillar, em 1553, junto ao outeiro do mesmo nome - foi quase que totalmente destruída. Durante o ataque ao outeiro, além das jóias e alfaias, os piratas levaram também as imagens da igreja para bordo.

Casa do Trem e ao fundo a antiga capela de Santa Catarina, ali reconstruída após o ataque de Cavendish
Imagem: tela de Benedito Calixto

Sobre esse triste episódio, o monge historiador Frei Gaspar da Madre de Deus fez a seguinte referência: "Os ingleses quando saquearam a vila do Porto de Santos lançaram ao mar a imagem de Santa Catarina - padroeira da dita igreja - a qual veio à terra, casualmente, em uma rede com que estavam pescando os escravos dos Jesuítas. Era nesse tempo reitor do Colégio de Santos - 1709 - o padre Alexandre de Gusmão... Ele colocou a santa noutra capela maior, que, com esmolas dos fiéis, mandou levantar em cima do Outeiro. A santa imagem ainda conserva algumas cascas de ostras, que nela se geraram, quando estava no mar, e admira a circunstância de não a terem despedaçado aqueles iconoclastas, acostumados a dilacerarem as imagens dos santos".

Segunda vez - Depois de dois meses de estada em nosso porto, e não tendo mais nada o que levar ou depredar, o corsário Cavendish tomou rumo do Sul. De outra feita, quando se encontrava ferido no braço por uma flecha envenenada, coberto de chagas, sofrendo acessos e tremores febris, e temendo pela vida, o terrível corsário tentou, mais uma vez, entrar na barra de Santos e poder assim buscar socorro no Hospital de Misericórdia da Vila.

Alertada e preparada para enfrentar os piratas com uma resistência organizada, a população santista, através dos seus homens de combate, rechaçou a frota de Cavendish, que foi obrigado a retroceder. Seriamente doente, o corsário pensou em voltar para a Inglaterra para poder tratar-se, mas, no entanto, veio a morrer no mar.

(*) Pesquisa e texto de J. Muniz Jr. Publicado em 26/12/1982 no jornal santista Cidade de Santos, página 16. O autor publicou também o livro Fortes e Fortificações do Litoral Santista, edição comemorativa da Semana da Marinha de 1982.

Mais detalhes
Gustavo Barroso, em artigo jornalístico, sob o título Natal de Sangue de Thomas Cavendish, diz:

Naquele dia de Natal do ano da graça de 1591, três navios de velas desfraldadas ao sopro do vento entraram no porto de Santos. Os moradores da Vila enchiam as igrejas, ouvindo as missas e sermões da grande festa cristã. De repente, o estrondo da artilharia os encheu de espanto e os lançou em confusão. Ao mesmo tempo, as embarcações miúdas daquela frota despejavam na praia bandos de homens armados de mosquetes e piques, que, soltando gritos espantosos, foram matando quem esboçava a menor resistência, invadindo as casas, saqueando-as, apoderando-se também da Casa da Câmara e ocupando as posições convenientes para dominar a povoação. Eram, na maioria, ruivos, de olhos azuis, grandalhões e barbudos.

E um clamor correu de boca em boca por toda a população espavorida:

- Os piratas ingleses!
Pertenciam os três barcos à esquadra do famoso ladrão do mar Thomas Cavendish. (...)

Cavendish era natural de Trimby, na Grã-Bretanha, e recebera patente de corsário da Rainha Elisabeth, inimiga figadal do Império Espanhol, sob cujo domínio se encontravam Portugal e o Brasil quando atacou Santos. (...)

Aqui permaneceu cerca de dois meses, tiranizando a população, roubando o que podia roubar, depredando e queimando os engenhos dos arredores. Depois, navegou para o Sul, levando os porões atestados de riquezas. Mas parece que o fato de haver atacado a indefesa povoação brasileira, naquele dia santificado do Natal de 1591, trouxe para ele e seus principais capitães uma verdadeira maldição.

É verdade que, para Cavendish, o assalto não fora cometido pelo Natal, que os ingleses respeitam e celebram tradicionalmente; porque em 1591 já haviam os portugueses adotado o calendário da chamada Reforma Gregoriana, e, enquanto para eles (na Inglaterra) era ainda o dia 15, para os portugueses (de Santos) já era o dia 25 (de Natal). Aliás, os ingleses somente viriam a aceitar e adotar essa modificação cronológica, tardiamente, no ano de 1752.

Segundo o relato de Knivet, que é o mais detalhado, estavam todos na Igreja Matriz, entre as 300 pessoas que lá se achavam, comemorando o Natal, sendo retidos e detidos no templo, enquanto os ingleses saqueavam a Vila. Mais tarde, realizado o primeiro saque e reunidas as forças invasoras, o povo, que se achava na igreja, recebeu ordem de abandoná-la, continuando detidos apenas "sete ou oito" dos principais. É evidente que esses 7 ou 8 deveriam ser 20 ou 30, dos mais ricos, importantes e mais capazes de lutar em defesa da terra. Aí estariam então, nesse meio, aqueles que citamos, e que o Natal, com o seu feriado e suas festas especiais, tornara indefesos e inúteis em tal situação.
Colégio dos Jesuítas (esquerda) e Igreja Matriz (direita)

Imagem: tela de Benedito Calixto

Conta ainda Knivet que, por haver demorado o saque, muitos moradores haviam conseguido safar-se da vila, e esconder-se com seus dinheiros e valores. Ele, Knivet, tivera ordem para dormir no Convento (dos jesuítas), e ali achara um caixote com 1.700 piastras de ouro (350 esterlinos).

Mais... - Por..:: Francisco Martins dos Santos (*)

Seguia Santos o seu curso normal de vida, e já agora com uma Fortaleza levantada na "ponta de Estevam da Costa", quando três barcos piratas da frota do almirante Thomas Cavendish surgiram no porto de Santos. Eram o Roebuck, do Capitão Cocke, o Desire, do Capitão John Davies, e o Black Pinese, do Capitão Stafford.

Cavendish corria o oceano procurando adquirir por meio de pilhagem o que havia perdido em seu país, em largas dissipações, e assim chegara à costa vicentina. Ele mesmo ficara de atalaia nas proximidades de São Sebastião, com os outros dois navios: o Leicester, do Capitão Southwell, e o Daintie, do Capitão Barker, aguardando as previsões que Cocke devia conseguir em sua descida sobre Santos e São Vicente.

Ninguém notou - O porto de Santos já era então mais opulento do que a capital e o Capitão Cocke, valendo-se da noite escura e tormentosa de 24 de dezembro de 1590, investiu a Barra e passou despercebido ante a Fortaleza de Santo Amaro, levantada pelos espanhóis, em 1584, fundeando em frente da Vila na manhã do dia 25. Ali mandou Cocke uma intimação ao pequeno Forte da Praça de Nossa Senhora do Monte Serrate, existente junto à enseada de Enguaguaçu. Que se rendesse ou seria destruído imediatamente pelos canhões da armada, já assestados.


 Forte da Vila ou de Nossa Senhora do Monte Serrate, em foto de Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 11,0 x 16,6 cm. Acervo Museu Paulista)

Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004

Também publicado em Fortes e Fortificações do Litoral Santista, edição do autor J. Muniz Jr., 1982.

Como havia alguns anos que a paz da Vila não era perturbada por assessores (SIC - agressores?) de mar afora, e uma grande Fortaleza agora defendia a estreita passagem do porto, desprevenidos e descuidados estavam os homens do pequeno Forte, tanto quanto os moradores de toda a vila, e, assim, nenhuma resistência foi feita aos poderosos corsários, reconhecidamente numerosos e bem armados.

Ao inútil aparato bélico apresentado contra uma população entregue ao exercício de sua devoção na matriz do Colégio, por ser hora da missa e ser dia de Natal, seguiu-se a invasão da vila pela gente desembarcada, brutal e esfomeada, e retirada da igreja, por ordem de Cocke, a parte do povo que ali se achava.

Ao invés, porém, de se proverem do acessório para abastecimento dos navios do chefe corsário, os homens de Cavendish se entregaram ao saque, ao deboche, às depredações e à orgia, provocando a fuga de quase todos os moradores, com suas mulheres e filhas, para os sítios mais próximos, para refúgios já construídos prevendo tais invasões, e até para as matas vizinhas, onde ficassem a salvo da sanha corsária

Resistência - Onde estava a flor da possível resistência da Vila santista àquela hora? Braz Cubas, com os seus oitenta anos veneráveis, nada mais poderia produzir em sua defesa; e como lhe seria cruel sofrer tais vexames, sem possibilidade de lutar! Onde andaria seu filho, Pedro Cubas? E o rico Adorno e John Withall, Domingos Pires, e Antônio Rodrigues de Almeida e Paulo de Proença?

Os documentos não falam deles nominalmente, e que poderiam eles fazer, antigos homens de guerra, ante o ultraje da vila, a vergonha de tantas mulheres e de tantos lares? As hostes do novo Tamerlão ou Átila à solta haviam surgido de repente, sem que pudessem eles e outros varões fidalgos, da progênie valorosa de um Jorge Martins, de um Jerônimo Dias, de um Rodrigues de Almeida, dos Cubas, dos Proenças, dos Adornos, dos Ferreiras, dos Pires, dos Pintos e dos Góis, de tantos guerreiros de prol, esboçar um movimento em defesa contra os brutos ingleses.

Sabe-se hoje, por alguns documentos, que João de Abreu e Diogo de Unhate foram dois povoadores que salientíssima ação tiveram em defesa da terra, não só nesta como na invasão anterior (de Edward Fenton) e em outras de selvagens da costa, sendo que Diogo de Unhate acabou coxo e cego de um olho, em conseqüência de ferimentos recebidos em combate, tornando-se, ambos, dignos das graças do Rei, como aconteceu.

Dois meses - Sabe-se que os piratas de Cavendish ficaram em Santos durante cerca de dois meses, até fins de janeiro de 1591, atenuados os males de sua presença por intervenção eficaz daquele mesmo John Withall, genro de José Adorno, dos fatos de Edward Fenton.

A história não guardou, em suas falhas e lacunas, nem os detalhes sociais daqueles dois meses de martírio santista, nem os heroísmos daqueles homens, que, refugiados a princípio, surgiram depois, com agregados, indígenas amigos e gente do lado vicentino, em constantes sortidas e emboscadas contra os piratas instalados na vila, muitos dos quais eles fizeram ficar para sempre naquele chão entregue aos seus bródios e devassidões.

Só no dia seguinte apresentou-se Cavendish no porto de Santos, com o intuito de arrecadar o saque de que incumbira ao seu imediato e as previsões que não chegavam. A Fortaleza da entrada estava desguarnecida e assim ele entrou como em sua casa, e só encontrou uma colônia despovoada e exausta, desprovida já de tudo aquilo que ele exatamente mandara buscar, antes de mais nada. Cavendish só viu estragos e desmandos, depredações, ruínas.

Dizem os relatos que apareceram então ao chefe flibusteiro alguns indígenas da vizinhança, oferecendo-lhe aliança e coadjuvação para que ele tomasse conta da terra com o extermínio total dos portugueses, de quem haviam eles graves ofensas, já porque os tinham em escravidão, já porque lhes impunham excessivos trabalhos sob brutal tratamento e outras coisas mais de que os acusavam, traduzindo em seu gesto apenas a sua revolta.

Essa oferta, porém, foi recusada por Cavendish, cujo intento não era tomar as terras, conservá-las e defendê-las, e sim apresar navios do corso a que se havia entregue, roubando-os e queimando-os em seguida, como até ali fizeram.

Estratagemas - Cavendish, à força de embustes, ainda pretendeu fazer regressar à vila o povo que fugira para os sítios da redondeza, invocando até falsamente o nome de um rei, que, dizia ele, havia assumido o trono português, restaurando-o do poder da Espanha.

Mas, os acontecimentos de Fenton ainda estavam bem latentes no espírito da população, e, como não surtissem efeito as suas artimanhas, desenganado deste e de outros estratagemas praticados no decurso de duas ou três semanas, resolveu retirar-se de Santos com seus piratas e seus navios, anda mais desprovidos, por assim dizer, do que para ali viera, iniciando então algumas represálias contra a vila que tão inútil lhe fora, atingindo nisso também a Vila de São Vicente, termo de seus desmandos.

Foi nessa ocasião que muitos livros e documentos da primeira época santista e vicentina desapareceram, como já havia acontecido em 1534/1535 em São Vicente, citando-se, entre outros, o Livro do Tombo, onde tantas e tão preciosas cartas e escrituras se alinhavam para a posteridade, alguns devorados pelo fogo e outros dispersos pelas águas do porto e pelos matos vizinhos.

A própria imagem de Santa Catarina, que se venerava na pequena ermida que Luiz de Góis e sua mulher haviam construído junto ao outeiro de mesmo nome em 1540, foi arrancada do altar da capela e arremessada à baía de Enguaguaçu, onde permaneceria durante noventa anos, até que os pescadores santistas a colhessem numa rede pelas proximidades de 1680.

Ida e volta - Desta forma, incendiadas em partes e depredadas as duas vilas - Santos e São Vicente -, partiu Cavendish, desenganado e furioso, mar a fora, na continuação das suas carreiras marítimas, que muito depressa lhe seriam fatais.

No ano seguinte, após uma ausência de nove meses, o grande cordsário e almirante da Inglaterra, já abandonado pelos companheiros, sem o concurso de valorosos capitães corsários, descendo do Estreito de Magalhães, onde encontrara uma esquadra espanhola, voltou à barra de Santos, e, pairando ao largo, a três léguas da Vila, mandou apressadamente a terra vinte e cinco homens, ao mando dos capitães Stafford, Southwell e Barker, com ordens de, a todo transe, tomarem víveres de que tinha extrema necessidade para socorro de sua tripulação esfomeada e quase toda enferma.

Desta vez, entretanto, a postos os homens válidos de Santos, foi sua gente afrontada pela de terra, emboscada nos matos e auxiliada por indígenas agregados, e, do reencontro que houve, apenas escaparam vivos dois dos corsários, que foram levados ao recinto da vila, presos e como troféus da esplêndida vitória, acompanhando as cabeças dos companheiros mortos, fincadas em espeques apanhados no mato, levantados como estandartes, à frente do estranho cortejo.

O fim - Com este resultado desenganou-se definitivamente Cavendish de prosseguir em novas tentativas sobre as colônias de São Vicente, mas não o suficiente para renunciar, de uma vez, àquela vida de pirata, já em seus últimos lampejos, porque, fazendo-se ao mar, navegou para a costa do Espírito Santo, pondo em saque toda a costa intermediária, onde, ao que sabemos, acabou por sofrer irremediável derrota, causada por índios e portugueses conjugados, a que não pôde sobreviver; morreria na sua volta à Inglaterra, terminando assim, por força do castigo recebido, de privações e até de fome e falta de medicamentos, uma existência tão perniciosa à Nova Lusitânia e à navegação do Atlântico meridional naqueles primeiros tempos da colonização.

Um detalhe ainda. Ao abandonar o Espírito Santo, derrotado, abatido, Cavendish rumou para São Sebastião, lá deixando, na ilha, todos os enfermos e feridos da Armada, alguns dos quais já nem podiam andar. Entre esses enfermos estava Antonio Knivet, o marinheiro, que, restabelecendo-se ali, ainda realizou aventuras pelos sertões, acabando por deixar uma pequena história da sua própria vida, das vicissitudes que sofrera, das peripécias que passara, em terra e no mar, em companhia de Cavendish, conservando, para a posteridade, o melhor da intimidade do grande corsário.

(*) Extraído do capítulo As invasões estrangeiras/A invasão de Cavendish, conforme a edição de 1986 da obra de Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti (História de Santos/Poliantéia Santista, Santos/SP, primeiro volume).

1588, 1590 ou 1591? - Apesar do texto de J. Muniz Jr. considerar a data da invasão de Cavendish como 25/12/1588, dois outros historiadores apresentam datas diferentes. Francisco Martins dos Santos, em sua História de Santos, cita o ataque como em 24/12/1590. A versão de Francisco Martins dos Santos é a reproduzida nesta página.

Na reedição da obra em 1986, junto com a Poliantéia Santista de Fernando Martins Lichti, a citação está na página 138 do primeiro volume. Curiosamente, nas notas apostas ao capítulo, na página 141, é citado Gustavo Barroso, em artigo jornalístico intitulado Natal de Sangue de Thomas Cavendish, descrevendo os mesmos fatos mas com data de 25/12/1591. A contradição das datas não foi percebida naquela obra.

Fonte..:: Novo Milênio

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