Um dos maiores expoentes da pintura brasileira do início do século
20, Benedito Calixto de Jesus nasceu em 14 de outubro de 1853, em
Itanhaém. Um talento nato, autodidata, que começou a traçar seu destino
ainda criança, aos oito anos de idade. E acabou expandindo seu talento
também para as áreas da história e da fotografia.
Aos 16 anos, sua família mudou-se para Santos
onde tem um começo de vida difícil, chegando a pintar muros e placas de
propaganda para sobreviver. Entre os 17 e 18 anos, a convite do irmão
mais velho, muda-se para Brotas, Interior de São Paulo, que na época
vivia um momento próspero por causa da produção de café. Vai morar na
casa do irmão João Pedro, situada na esquina de uma praça, hoje
denominada Benedicto Calixto. Como o irmão era o responsável pela
conservação da igreja e das imagens ali existentes, Calixto, que já
tinha habilidades nesse oficio, o ajudava nessa missão, mas logo acaba
ficando com a incumbência.
Tendo material à sua disposição, nas horas vagas
pintava telas com vistas do local, que oferecia aos amigos. Entre os
primeiros quadros feitos no município estão o Casamento dos Bugres e A
Saída do Ninho, hoje em mãos de colecionadores em Brotas.
Em 1877 retorna a Itanhaém para casar-se com sua
prima de segundo grau, Antônia Leopoldina de Araújo. De volta a
Brotas, continua pintando paisagens das fazendas locais e retratos de
grandes cafeicultores. Em 1881 deixa Brotas e volta a Itanhaém, onde
nasce sua primeira filha, Fantina. No final desse mesmo ano muda-se com
a família para Santos, onde passa a pintar paisagens nos tetos e
paredes das mansões dos prósperos comerciantes daquela cidade
litorânea. Fez sua primeira exposição em 1881 no salão do jornal
Correio Paulistano, em São Paulo, não tendo conseguido vender nenhum
trabalho, mas obteve apreciação favorável da crítica.
OPORTUNIDADE - No ano seguinte,
foi convidado para realizar trabalhos de entalhe e pintura na parte
interna do Teatro Guarany, em Santos, o que lhe rendeu homenagens e uma
bolsa de estudos em Paris, onde fica por quase um ano e frequenta o
ateliê do mestre Rafaelli e a Academia Julian. Na Europa, realiza
várias exposições de sucesso. Em 1884, de volta à Santos, traz na
bagagem um equipamento fotográfico e torna-se pioneiro, no Brasil, em
pintar a partir de fotografias.
Nos anos de 1886 e 1887, respectivamente, nascem
seus filhos Sizenando e Pedrina. Em 1890 muda-se para São Paulo. Sete
anos depois volta para o Litoral e vai morar em uma casa em São
Vicente. Produz obras importantes para vários museus, entre eles o do
Ipiranga, em São Paulo, para inúmeras igrejas em todo o país, para
associações, fundações, instituições, a exemplo da "Bolsa Oficial do
Café", em Santos, onde uma de suas principais obras "A Fundação de
Santos" ocupa uma parede inteira do salão principal, além de outras
duas que também têm como tema o município de Santos e o vitral do teto
com alegoria para os Bandeirantes.
Durante toda a sua trajetória produziu
aproximadamente 700 obras, das quais 500 são catalogadas. Pintou
marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas, sendo
que estas últimas lhe renderam a Comenda de São Silvestre, outorgada
pelo Papa Pio XI, em 1924.
Faleceu de enfarto no dia 31 de maio de 1927, em
São Paulo, na casa de seu filho Sizenando, para onde tinha ido com a
intenção de comprar material para terminar duas telas para a Catedral
de Santos. Foi enterrado no cemitério do Paquetá, em jazigo perpétuo
doado pela Prefeitura Municipal de Santos.
RAÍZES - Mesmo
tendo se mudado para outras cidades, Calixto nunca perdeu o vínculo com
a sua Cidade Natal. Prova disso foi a sua colaboração na implantação
do Gabinete de Leitura de Itanhaém, cuja história foi resgatada pela
Prefeitura com a reconstrução do prédio, inspirado na arquitetura da
edificação original, que datava de 1896.
O prédio novo do Gabinete fica na Praça Narciso
de Andrade, bem próximo da posição da edificação original, ao lado do
Cruzeiro da rampa que dá acesso ao Convento de Nossa Senhora de
Conceição. Ainda no prédio original, Calixto proferiu uma palestra em
1922, por ocasião do Centenário da Independência do Brasil.
Calixto ainda escreveu livros que registram com
precisão a evolução histórica da Baixada Santista. Títulos como A Vila
de Itanhaém, A Igreja e o Convento de Nossa Senhora da Conceição de
Itanhaém, Capitanias Paulistas, além de biografias de Bras Cubas
(fundador da Vila de Santos) e do padre Bartolomeu de Gusmão (precursor
da aviação, também conhecido como Padre Voador), revelam sua qualidade
como historiador, preocupado em perpetuar a memória de sua Cidade
natal e seus personagens importantes.
Um exemplar original de A Vila de Itanhaém é
mantido em exposição permanente no Museu Conceição de Itanhaém, na
antiga Casa de Câmara e Cadeia, na Praça Narciso de Andrade, no Centro.
Calixto também é patrono da Fundação Pinacoteca
em Santos, cuja sede fica em um casarão tombado na Praia do Boqueirão,
onde são promovidos vários eventos culturais e mantida uma exposição
permanente de parte de sua obra.
Fonte..:: Prefeitura Itanhaém
Saiba mais..:: Benedicto Calixto
(fatos_históricos)
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