Por..:: Renato Marchesini
Estamos ultimamente participando de alguns eventos, onde muito se fala das oportunidades e benefícios dos grandes eventos esportivos que o Brasil está por receber. Está sendo bem comum escutar de alguns a visão da multplicação dos pães. Não condenamos os positivistas, não queremos ser pessimistas, somente buscamos ser realistas e analisar a história e observar os fatos.
As
expectativas favoráveis de crescimento do turismo mundial nas projeções
das chegadas e gastos do turismo internacional estão atribuídas à
formação de uma nova bolha de otimismo no setor e da moeda de conversão
utilizada. Não há dúvidas que a leitura fica novamente tendenciosa, porém vale ressaltar a instabilidade econômica dos países considerados ricos, desta forma devemos ter um tratamento especial numa avaliação futura.
A realização de grandes
eventos esportivos que promovam a imagem do país no exterior não é garantia de desenvolvimento econômico e
turístico sustentável. Sem planejamento adequado por parte do Poder
Público, Iniciativa Privada e participação popular nas decisões, eventos como a Copa do
Mundo de 1014 e as Olimpíadas de 2016 podem se transformar em bolhas turísticas, que
geram forte demanda imediata, seguida por oferta ociosa posterior e sem
ganhos sociais. O ganho pode ser apenas imediato
“impactos temporários e de efeitos limitados” .
Antes que essa bolha se confunda como a "galinha de ovos de ouro" como possa ser confundida com uma meta de
crescimento, devemos comparar e refletir sobre alguns cases de grandes eventos esportivos:
Os Jogos Pan-Americanos de 2007 é um exemplo a
não ser seguido, pois as promessas de legados sociais para os bilhões de
reais investidos não se confirmaram. Pois dados atuais mostram que as praças esportivas construídas não
representam um legado positivo, são infames os resultados destes "tais" futuros centros de desenvolvimento do esporte
no Brasil.
Como
exemplos positivos as cidades de Barcelona, na
Espanha, sede das Olimpíadas de 1992, e de Seul, na Coreia do Sul, sede
das Olimpíadas de 1988, que conseguiram traduzir em ganhos urbanísticos e
sociais permanentes os investimentos nos jogos.
O fato é que em países, principalmente os ricos, o
investimento na estrutura dos eventos fica apoiado na iniciativa
privada, o que não ocorre no Brasil, onde o encargo acaba nas mãos do Poder Público.
As obras necessárias à
realização da Copa 2014 seguem, em etapas e ritmos distintos. As obras
dos estádios caminham relativamente bem, em maior ou menor grau.
Certamente, o Brasil terá 12 estádios prontos para a Copa da Fifa
(alguns, provavelmente na véspera da abertura do campeonato mundial de
futebol). Mas as demais obras de infraestrutura - que do ponto de vista
da população são as mais importantes, já que constituem o legado de
longo prazo ao país - ainda patinam em sua maior parte. Isto após mais
de quatro anos da confirmação do Brasil como sede da Copa 2014, em
outubro de 2007. O nome do problema é falta de planejamento, para o qual
houve tempo mais do que suficiente para ser feito, e bem desenvolvido.
É bem possível acontecer medidas paliativas para sanar atrasos e ineficiências de projeto "uma colcha de retalhos"
Outro assunto assustador é obras orçadas em R$ xxxxx, fica duas, três,.... vezes mais caro .. Superfaturamento ou Erros de calculo de projeto? faça suas conclusões!
Outro assunto assustador é obras orçadas em R$ xxxxx, fica duas, três,.... vezes mais caro .. Superfaturamento ou Erros de calculo de projeto? faça suas conclusões!
O setor mais ilustrativo dessa
falta de planejamento reside nos aeroportos. Em segundo lugar, as obras
de mobilidade urbana. Não por acaso, esses são dois pontos fundamentais
para a percepção que os mais de 600 mil turistas estrangeiros terão
sobre o Brasil em 2014. No caso dos aeroportos, a atual situação beira o
colapso, pois a maioria dos terminais aeroportuários brasileiros opera
bem acima da sua capacidade.
Estima-se
que menos de 10% dos destinos turísticos brasileiros estão próximos de
atender a todos os requisitos para serem considerados sustentáveis. modelos de cluster de turismo, por
atender pré-requisitos de práticas sustentáveis como uso de tecnologias
limpas e alternativas, preservação de ecossistemas e modelo de gestão
compartilhada entre Estado, Empresas e Comunidade local.
E observamos que muitos "destinos" turísticos
caminham na contramão do turismo sustentável. A harmonia, o equilíbrio,
enfim, a sustentabilidade, continuam dependentes de uma politicagem que só
existe para as verbas eleitoreiras e publicitárias. Situação esta que gera especulação
imobiliária, turismo sexual, exploração da mão de obra nativa e
degradação dos ecossistemas e culturas.
Para ser classificado como
sustentável, o destino turístico deve atender a requisitos de práticas
políticas e ações transversais que levem em conta, sobretudo, a
comunidade local, observando preservação de ecossistemas, tradições e
resgate das raízes culturais, da identidade cultural do lugar,
oportunidade de geração de emprego e renda realmente inclusiva, e não
maquiada com sub-empregos ou empregos temporários, que só exploram a
mão de obra local e alimentam demandas estimuladas por pacotes e
campanhas publicitárias que seduzem e encantam, sem o compromisso de
garantir estruturas para o bem estar de quem chega e de quem recebe.
No turismo, por sua vez,
outros índices deveriam ser considerados na fórmula de crescimento. Nessa
contabilidade pesa as inovações tecnológicas, o capital humano que
produziam efeitos positivos ao crescimento. Essa variável social envolve ações de comunicação, articulação e
mobilização, com pesquisas, levantamento de dados, registros
fotográficos, depoimentos, questionários, entrevistas, entre outras
ferramentas da comunicação. Esforços estes para
que não se transforme numa grande “mina de ouro de tolo”.
Essas ações fortalecerão o que os
especialistas chamam de modelo de desenvolvimento endógeno, com
mobilização social, participação comunitária, estímulo ao potencial
empreendedor, inclusão social e, conseqüentemente, desenvolvimento da
comunidade local.
Não
adianta fazermos grandes eventos esportivos e falar de um legado, se não se construir
estrutura nas escolas, nas praças, nos clubes para que as crianças se
desenvolvam. Isso deve estar articulado a um projeto de base
ao esporte para todas as pessoas interessadas.
A atenção recai às metodologias, apontadas como as promotoras da contradição sobre o processo de crescimento sustentado do turismo brasileiro. Outros aspectos vão influenciar no tamanho da “bolha do turismo”, que sem dúvida compõem um mapa paralelo.
Ainda observamos ser uma incógnita se a Copa de 2014 e as
Olimpíadas de 2016 trarão ganhos reais para o Brasil. “Não é
automático, o país tem que ter uma política para isso. Eventos dessa
natureza não têm esse poder mágico, como querem nos fazer acreditar, de
que só isso é suficiente. É possível que se gere grandes expectativas
nas pessoas, mas é preciso que as administrações privilegiem o planejamento e a
continuidade de projetos que ultrapassem o horizonte de uma
administração, ou seja, projetos com visão de longo prazo. Afinal, o futuro virá inexoravelmente, e ele
será tanto mais próximo do que idealizamos, e tanto mais distante do que
NÃO queremos, quanto melhor o definirmos hoje, através de planos e
projetos, seguidos de ações coerentes e continuadas.. Não nos
parece que isso está acontecendo no Brasil.”
É hora de uma
mudança ideológica, tal importância que inclusive influenciou a criação do Código de Ética Mundial do Turismo e
o compromisso na redução da desigualdade e da pobreza, e nos puxa ao
centro dos debates e à realidade de nosso promissor Brasil.
(turismo, recicle suas idéias)
Olá,
ResponderExcluirMuito pertinente seu artigo, falando ainda em planejamento, o que não houve com certeza, pois ao escolherem as cidades ou estados da copa deveriam avaliar as que pelo menos tem time de futebol, assim, depois dá pra usar os mega estádios, faltou logística e nem temos infraestrutura adequada, o Brasil é um país imenso, deveriam ter priorizado os estados onde pelos menos tem futebol e os mais próximos, já que não iam cuidar dos aeroportos mesmo, das estradas e nem investir em transporte público de qualidade.......
Parabéns a todos!
Cabral