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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Obras de Benedicto Calixto no Museu do Café - Santos /SP

As obras de Benedito Calixto que estão no Museu são as três pinturas, óleo sobre tela – “Fundação da Villa de Santos”; “Porto de Santos em 1822”; “Porto de Santos em 1922” – e o vitral “A visão do Anhangüera, a Mãe do Ouro e as Mães d'Água” desenhado por Calixto e confeccionado pela Casa Conrado. Eles devem ser analisados tanto individualmente como em conjunto.


 Comecemos com o vitral, apesar de o desenho ser de Benedito CaliSxo, o vitralista também participava da criação da obra, uma vez que tinha que adaptar o esboço para uma composição viável a ser transformada em vidro. Neste caso, Calixto representava seu cliente exigindo as cores que precisava, e o vitralista fornecia as cores possíveis sugerindo substituições. O resultado deste trabalho refletia os autores e o momento em que passava a arte brasileira, na década de 1920. Havia um desejo de fazer um vitral tipicamente brasileiro: um pintor brasileiro, um tema brasileiro e com cores e a luminosidade do Brasil. Foram escolhidas cores vivas como amarelo quase dourado, vermelho-rubi, laranja, azul cobalto, verdes e âmbares para as matas. É composto por três partes representando três momentos de desenvolvimento do Brasil: uma central, relativo ao desbravamento feito pelos bandeirantes em busca de riquezas; a Lavoura e a Abundância; A Indústria e o Comércio.

Na cena central, que retrata o período colonial, o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como “o Anhanguera” (diabo velho em tupi), entre os animais perigosos como cobras e jacarés, encontra a Mãe d’ouro distribuindo as riquezas entre as Mães d’água (ninfas). Conta a lenda que a Mãe d’ouro distribuía esse ouro entre as ninfas para que elas guardassem o mesmo no fundo dos rios, sendo uma espécie de protetora da riqueza natural de nossa terra. O bandeirante aflito por não conseguir encontrar o caminho para as minas tão facilmente, ameaçava os índiospegando uma cumbuca, colocando aguardente dentro e ateando fogo, tentando deixar os nativos com medo de que ele pudesse fazer a mesma coisa com seus rios, riachos e nascentes. De acordo com a lenda isso funcionou, pois a água era fonte de vida e de sobrevivência para os nativos, que muito amedrontados, auxiliaram, a partir de então, o bandeirante em sua busca pelo minério. Claramente Calixto tem a intenção de mostrar a coragem destes paulistas e seus papéis no desbravamento da terra que viria a constituir o território nacional. Nos detalhes dessa cena central podemos observar vários animais nativos, como jacaré, onça, cobra, aves e toda a vegetação natural, ainda preservada, como quando os desbravadores encontraram.

Na cena da Lavoura uma figura similar a uma deusa (Agricultura) recompensa os trabalhadores pelo trabalho árduo e oferece a abundância de produtos. Representa a sucesso da agricultura, passando do ciclo do ouro e das pedras preciosas para o ciclo do açúcar, café, algodão e outros produtos. Aqui podemos observar esses produtos típicos do ciclo da agricultura, como açúcar, algodão, frutas e trigo, além da representação do ciclo da cana e do ciclo do café.

Na terceira cena uma figura similar a um deus (Comércio) mostra um cofre com dinheiro para uma figura que representa a pátria, já exaltando o crescimento urbano e econômico impulsionado pelo desenvolvimento da indústria e do comércio. É possível observar também dois trabalhadores, e uma roda que simboliza o desenvolvimento industrial. Ao fundo nota-se o porto de Santos, já desenvolvido.

As três fases retratadas no vitral estão ligadas diretamente, passando do desbravamento da terra para o seu cultivo, e então para o desenvolvimento proporcionado pelas riquezas resultantes da lavoura. Dessa forma, o vitral relaciona-se com as três obras tela do pintor, aproximando a história de Santos com a do Estado e do País.

Ao observarmos o conjunto de telas fica evidente o foco de Calixto em mostrar a transformação urbana sofrida por Santos ao longo de sua história. Segundo seu amigo e colega do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Júlio Conceição, Calixto produziu 28 telas que seriam desdobramento da tela de Santos de 1822, focando pontos específicos da cidade, como “Largo da Matriz”, “Aspecto do Porto de Santos”, “Capella de Santa Catarina” e outros. As datas escolhidas são do período de povoamento, da independência do país e das comemorações do centenário da independência.

A primeira tela retrata a elevação do povoado de Santos à condição de Vila, na atual Praça da República, atribuída pelo autor a data de 1545. A preocupação de Calixto nesse momento era dar uma rica descrição da composição social da vila, das famílias, suas descendências e da sucessão do poder político, religioso e administrativo. Hierarquicamente apresenta os militares, clérigos, povoadores, fidalgos e até mesmos os índios (os tupis, aliados dos portugueses e os carijós, ainda hostis, escravizados). Dá destaque também, além do pelourinho onde Braz Cubas lê a carta foral, às três construções: a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia, ainda em obras; à esquerda a Casa do Conselho que, com a elevação da cidade à Vila, torna-se Casa da Câmara (edifício que abrigava a administração pública municipal); à direita a capela de Santa Catarina, construída sobre o outeiro de mesmo nome por Luiz de Góes e sua esposa D. Catarina de Aguilar.


Passamos agora a observar a segunda tela, localizada à esquerda, intitulada de “Porto de Santos em 1822”, onde Calixto coloca o observador no alto da Ilha de Barnabé. Aqui, diferente da obra anterior, Calixto prioriza a paisagem natural e urbana, com a ausência da figura humana. É uma vista panorâmica que nos permite ver a ilha do estuário até a barra, mas uma Vila que funciona em torno de seu porto, ainda primitivos, com poucas construções de destaque, como o Outeiro de Santa Catarina com a capela reconstruída, a Casa de Câmara e Cadeia, a Capela da Nossa Senhora do Monte Serrat, e igrejas como a de Nossa Senhora da Misericórdia (que não existe mais) e a Igreja Nossa Senhora do Rosário. A tela é ladeada por imagens de aves da fauna brasileira e de brasões do Brasil Colonial e o outro o Brasil Reino, com frases representando cada período: “Trabalho e Ordem” e “Lavoura e Comércio” respectivamente.


A terceira e ultima tela, intitulada “Porto de Santos em 1922”, visto do Morro do Pacheco, na própria ilha, mostra a evolução do porto e da cidade, comparada com a tela anterior. Nesta obra Calixto não teve pretensões de mostrar as características geográficas da cidade, excluindo da paisagem o mar e atendo-se ao estuário e ao canal entre a ilha de São Vicente e Santo Amaro, o que torna difícil para observadores que não conhecem a cidade perceberem que ela está localizada em uma ilha. É possível notar o crescimento da cidade em direção à barra; as ruas em linhas retas, com raras exceções, atribuindo um caráter de tabuleiro de xadrez à cidade, seguindo o planejamento urbano; um porto movimentado, repleto de armazéns e embarcações atracadas; praças; grandes edificações, com destaque ao prédio da Bolsa Oficial de Café, à Catedral (que à época ainda estavaem construção e só seria inaugurada em 1924) e aos Casarões do Valongo (que eram sede da Câmara Municipal e Prefeitura). Comparando as duas telas, podemos ver a intenção de Calixto de mostrar as mudanças na cidade durante estes cem anos, proporcionados pelo crescimento da agricultura, comércio e indústria. Esta tela é ladeada também por imagens de aves da fauna e brasões do Brasil Império e do Brasil República, com frases de inspiração positivista representando cada período: “Artes e Indústrias” e “Evolução e Progresso”.



Obras tão valiosas de um pintor já renomado comprovam o desejo de tornar o palácio da Bolsa Oficial de Café um lugar único e representativo da riqueza proporcionada pelo café.

Fonte ..:: Apostila Modulo 1 – Guia Amigo do Café 2011 – Museu do Café Santos / SP


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