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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

O Esquecido Líder Quilombola do Movimento Abolicionista de Santos

Quintino de Lacerda (1839–1898) foi um ex-escravizado que se transformou em herói abolicionista e líder do Quilombo do Jabaquara, em Santos, São Paulo. Sua trajetória revela coragem, carisma e determinação na luta contra a escravidão.


Filho da diáspora africana, trabalhou como escravo de ganho doméstico e cozinheiro de Joaquim e Antônio Lacerda Franco. Apegado à família de seus senhores, adotou o sobrenome Lacerda e, com o apoio das filhas do proprietário, aprendeu os rudimentos da leitura e da escrita. Após oito anos de serviços, conquistou sua carta de alforria.

Homem carismático e líder nato, Quintino rapidamente ganhou influência política entre os abolicionistas e tornou-se chefe do Quilombo do Jabaquara, oferecendo abrigo a escravizados fugitivos de toda a região do planalto que buscavam proteção em Santos. Assumiu a arriscada missão de organizar fugas e comandar os quilombolas, atingindo o auge de sua atuação em 1886, quando declarou que a escravidão já não existia na cidade de Santos graças às ações do quilombo.


O Quilombo do Jabaquara, descrito por Antônio da Silva Jardim como “intransponível”, era protegido pelas encostas do morro e tinha apenas um caminho de acesso, constantemente vigiado por sentinelas de Quintino. Ali viviam mais de dois mil cativos, que tomaram as ruas em 13 de maio de 1888, quando chegou a Santos o decreto que extinguia o cativeiro — embora a cidade já se considerasse livre desde 1886.

Com a assinatura da Lei Áurea, Santos celebrou dez dias de festas populares, passeatas e luminárias. Quintino foi homenageado pelas comissões organizadoras e tornou-se ídolo do povo santista. Republicano convicto e amigo do jacobino Silva Jardim, apoiou o golpe republicano de 1889 e recebeu o título de Major honorário do Exército Republicano. Anos depois, defendeu o Marechal Floriano Peixoto durante a Revolta da Armada.

Apesar de sua lealdade à causa republicana, em 1895 foi impedido de assumir o cargo de vereador, vítima do preconceito racial de seus colegas. Após longa batalha judicial, conquistou o direito de ocupar a cadeira, tornando-se o primeiro vereador negro da República brasileira. Pouco depois, em 1898, faleceu. Bem relacionado com a elite santista, deixou fortuna considerável em bens, imóveis, joias de ouro e moedas de prata para seus herdeiros.


Fonte.:: Lima, Zózimo. "Quintino Lacerda." Revista da Academia Sergipana de Letras 1.12 (2017).

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