A Western Telegraph Company teve papel fundamental na história das telecomunicações no Brasil e no mundo. Fundada em 1873, iniciou suas operações em cidades brasileiras como Santos, onde estabeleceu escritórios e uma torre com relógio icônico no Largo Senador Vergueiro. Este relógio, símbolo da pontualidade britânica, funcionou até 1973, quando a empresa encerrou suas atividades no país após o fim do contrato com o governo imperial.
Globalmente, a empresa fazia parte de um complexo sistema de cabos submarinos que conectavam continentes. Através de fusões e expansões, como a criação da Eastern & Associated Telegraph Companies em 1902, ela integrou diversas companhias menores e estabeleceu rotas de cabos entre Europa, América do Sul, África e Ásia.
No Brasil, a Western e suas predecessoras instalaram cabos ligando cidades costeiras como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e até Manaus, via o Rio Amazonas. Esses cabos permitiam comunicações rápidas com a Europa, especialmente via ilhas como Madeira, Cabo Verde e Açores. A empresa também construiu sofisticadas estações telegráficas, como a de Recife, com infraestrutura moderna e eficiente para a época.
A importância da Western Telegraph Company se estende à transformação urbana e comercial de cidades como Santos, onde o telégrafo era essencial para o funcionamento do porto e das exportações de café. A presença da empresa influenciou o desenvolvimento local e marcou uma era de inovação tecnológica e integração global.
À esquerda da Bolsa Oficial de Café, em Santos (SP), observa-se uma construção geminada com torre e relógio — o emblemático relógio da Western Telegraph Company. A fotografia, provavelmente datada da década de 1920, registra esse ícone urbano que marcou a paisagem santista por décadas.
..:: Linha do Tempo:
1850s–1860s: Início da instalação de cabos submarinos entre Europa e América do Sul por empresas precursoras.
1873: Fundação da Western Telegraph Company no Reino Unido. E início das operações no Brasil, com escritórios em cidades como Santos, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Final do século XIX: Expansão da rede de cabos submarinos conectando Europa, América do Sul, África e Ásia. Estações telegráficas modernas são construídas no Brasil, como a de Recife.
1902: Criação da Eastern & Associated Telegraph Companies, unificando várias empresas menores sob controle da Cable & Wireless.
Décadas de 1910–1930: Consolidação das operações globais e modernização das estações. O famoso relógio da Western Telegraph em Santos se torna símbolo da pontualidade britânica.
1973: Encerramento das atividades da Western Telegraph Company no Brasil após o fim do contrato com o governo. O relógio de Santos é desativado, marcando o fim de uma era.
..::Cabos Submarinos: Curiosidades e Importância Estratégica
Os cabos submarinos são uma das infraestruturas mais essenciais — e invisíveis — da era digital. Embora pouco percebidos pelo público, eles são responsáveis por mais de 99% do tráfego internacional de dados, incluindo chamadas telefônicas, transmissões de vídeo, transações bancárias e comunicações diplomáticas. Ao contrário do que muitos imaginam, os satélites têm papel secundário nesse cenário.
Atualmente, existem mais de 400 cabos submarinos ativos, cobrindo mais de 1,3 milhão de quilômetros — o equivalente a mais de 30 voltas ao redor da Terra. Apesar de sua extensão, esses cabos têm diâmetro semelhante ao de uma mangueira de jardim, com cerca de 2 a 5 centímetros. Para resistir à pressão oceânica e à vida marinha, são protegidos por camadas de aço, plástico e materiais isolantes.
A instalação desses cabos é feita por navios especializados, que lançam os fios no fundo do mar com precisão milimétrica, evitando áreas de risco como falhas geológicas, zonas vulcânicas e habitats sensíveis. Mesmo com toda essa tecnologia, os cabos podem ser danificados por âncoras de navios, terremotos e até tubarões — há registros de mordidas atraídas por campos eletromagnéticos.
Além de sua função técnica, os cabos submarinos têm enorme importância estratégica. São considerados infraestrutura crítica por governos e empresas, pois sustentam operações financeiras, bolsas de valores, redes militares e comunicações diplomáticas. O controle sobre rotas e pontos de aterrissagem pode representar vantagem geopolítica, influenciando o fluxo de informações entre continentes.
Historicamente, esses cabos também foram alvos de espionagem. Durante a Guerra Fria, por exemplo, os Estados Unidos interceptaram comunicações soviéticas em cabos submarinos. Hoje, a segurança desses sistemas é reforçada por redundância: múltiplas rotas entre continentes garantem que, mesmo com falhas, a comunicação global continue funcionando.
Em resumo, os cabos submarinos são os verdadeiros pilares da conectividade moderna — discretos, profundos e absolutamente indispensáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A R9 Turismo agradece sua participação!
obs: Os comentários são moderados.
Mantenha contato! Muita Luz ...