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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

DESABAMENTO MONTE SERRAT (1928) - História e Fotos

Na madrugada chuvosa de 10 de março de 1928, um estrondo ensurdecedor acordou os moradores da região do Monte Serrat. Inicialmente, pensou-se que um raio havia caído nas imediações. Mas a realidade era muito mais apavorante: um formidável bloco de terra havia-se desprendido do morro e despencado sobre numerosas casas, causando a morte de pelo menos uma centena de pessoas que, em sua maioria, estavam dormindo.

A catástrofe começou a ser desenhada anos antes. Sem qualquer critério, pedreiras se instalaram no sopé do Monte Serrat e começaram a escavar suas encostas. Nem a Santa Casa de Misericórdia, a primeira do País, perdoou a montanha. Quando decidiu construir uma nova enfermaria, para tratar as vítimas de tuberculose, a instituição não pensou duas vezes antes de arrasar uma grande fatia do Monte Serrat, na face que dá para a praça dos Andradas. O sopé do morro foi cortado a pique por ordem da Santa Casa, que construiu ainda um muro de pedra para conter as águas. Algum tempo depois, constatou-se que essa providência fora absolutamente inútil.


Pouco antes numa quarta-feira (7 de março de 1928), a ameaça já era visível. As pesadas chuvas tinham aberto uma enorme fenda de mais de um metro de largura no alto do Monte Serrat, mas a Prefeitura não se ateve ao fato e não tomou as devidas providências emergências que a situação justificava.

Três dias antes do acidente, uma enorme rachadura se abriu ao lado do prédio do Cassino, que ainda estava sendo terminado.

Resultado: como as águas de março continuaram a despencar dos céus, a ferida na montanha foi alastrando-se, tornando a avalanche uma ocorrência inevitável.

Pois às 4h50 do dia 10, a natureza se vingou de tantas agressões sofridas. O Monte Serrat veio abaixo, atingindo duramente a travessa da Santa Casa, uma viela onde existiam cerca de 30 casas, das quais 15 ficaram soterradas e os fundos do hospital, situado na rua São Francisco.

Da Santa Casa de Misericórdia desapareceram sob a terra o necrotério e a sala de cirurgias. O desastre que matou a enfermeira de nome Maria Brumen na hora e provocou um pânico sem precedentes no hospital, o que provocou uma movimentação intensa de profissionais de saúde correndo com centenas de doentes, que se espalharam aos gritos pelas imediações.

Com isso, a cidade parou. O comércio fechou as portas, enquanto o Corpo de Bombeiros, Polícia, funcionários da Companhia Docas, ferroviários e o povo em geral acudiam, procurando resgatar quem ainda estava vivo sob os escombros. Não se sabia quantas vítimas fatais havia, tampouco quantos feridos ainda poderiam ser retirados do local da tragédia. Chegava-se ao exagero de afirmar que poderiam estar mortas perto de 300 pessoas.


Na foto deste post, de autoria de José Marques Pereira, aparecem a Santa Casa e seu necrotério, na vistoria de 15/3/1928.

Famílias inteiras desapareceram no desmoronamento. Até o meio-dia daquele do fatídico 10 de março, seis pessoas haviam sido resgatadas vivas e outras 20 encontradas mortas, sendo removidas para o necrotério do cemitério do Saboó e outros pontos da cidade. Os bombeiros e soldados da Força Pública trabalhavam com vigor, mas sabiam que seriam necessários muitos dias para remover a grande massa de terra e pedra que despencara da montanha.


Muitos outros cadáveres seriam retirados horas depois e a chuva continuava a castigar a Baixada Santista, acelerando a decomposição dos corpos que se encontravam soterrados e criando o risco de novos deslizamentos.



Em 10 de março de 1928, a cidade de Santos testemunhou um dos seus grandes acidentes, quando a face norte do Monte Serrat desmoronou sobre um grupo de casas e parte da antiga Santa Casa, causando muitas mortes.



Na terça-feira, 13 de março, um outro bloco de terra desprendeu-se, mas sem causar grandes estragos. No entanto, ao mesmo tempo, uma fenda ameaçadora se abriu em outra vertente do morro e teve de ser cuidadosamente desmontada. Temendo por suas vidas, moradores das imediações foram se retirando de suas casas, temendo nova catástrofe.

Na quinta-feira, 15 de março, o delegado regional de Santos, Armando Ferreira da Rosa, divulgou um balanço das vítimas fatais. Até aquela data, 80 pessoas haviam morrido em decorrência da avalanche. Posteriormente, outros corpos encontrados e óbitos de feridos internados nos hospitais da cidade elevaram para pelo menos uma centena o número de mortos. Apesar da omissão das autoridades, ninguém foi responsabilizado pela tragédia


Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

 Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.

Foto Antiga Santos SP: Desabamento Monte Serrat (1928).
Crédito: José da Silva Reis via Paulo Rui Faria / Santos memória e fotos atuais.


Para Roteiros de Turismo Históricos e Culturais em Santos e Região


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