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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Turismo Tumular é opção inusitada em Santos

Matéria Publicada: 02 de Julho de 2019

Por..:: Fabrizio Neitzke e Matheus Degásperi Ojea.

Turismo tumular é opção inusitada em Santos
Pacote oferecido por empresa da Baixada Santista não consegue atrair público há quase uma década.

Renato Marchesini, 41, é o gestor da R9 TURISMO e responsável pela excursão 
(Fotos: Fabrizio Neitzke)

“Isso daqui é um paraíso”, afirma Thiago Braz, de 36 anos, sentado em um banco do lado de fora da capela central do Cemitério do Paquetá, onde trabalha como coveiro há dois meses. Seu ponto de vista é justificado pelo interesse em história. Apesar de serem vistos popularmente como lugares a serem evitados, os cemitérios guardam em suas lápides e mausoléus registros históricos e arquitetônicos preciosos. Em várias cidades pelo mundo, eles acabam virando pontos turísticos. Na Baixada Santista, uma empresa decidiu se aventurar nessa área.

A R9 TURISMO fica no bairro do Itararé, na cidade de São Vicente, litoral de São Paulo. As bicicletas, canoas e caiaques espalhados pelo lugar sugerem passeios mais comuns pela região, relacionados à natureza. O pacote de “turismo tumular” é um dos que estão na lista, mas passa longe de ser o ganha-pão de Renato Marchesini, de 41 anos, gestor de projetos da agência.

O passeio descrito tem duração de seis horas e idealmente atende grupos de 10 a 25 pessoas. Ele passa por quatro cemitérios da cidade: Areia Branca, Filosofia, Paquetá e também pelo Memorial. Destes, dois são bem conhecidos pela população. O cemitério do Paquetá pelo número de pessoas notáveis enterradas e por ser o primeiro da cidade e o Memorial, presente no livro dos recordes desde 1991, que tem destaque por ser o maior cemitério vertical do mundo. O prédio tem 108 metros de altura e conta com 25 mil lóculos, além de estar localizado em uma área de 40 mil metros quadrados.

Por esses detalhes, Marchesini considera que esse tipo de passeio tem potencial para crescer, caso haja um levantamento mais detalhado sobre os cemitérios santistas e interesse da prefeitura. O pacote nasceu há aproximadamente nove anos, depois de o gestor receber um pedido de uma universidade paulistana para levar uma turma que estudava arte tumular para conhecer os cemitérios de Santos.

Marchesini se aprofundou na história dos lugares, contratou um coveiro para ajudar a guiar o grupo, e realizou a excursão. Desde então, o pacote continuou disponível no site da R9 TURISMO, apesar da baixa procura ter atrapalhado a realização de mais passeios.

Ele conta que muitas vezes os interessados não fazem parte de um grupo de turistas, o que dificulta na hora de fechar um preço. Em média, uma excursão individual custaria de 500 a 600 reais, valor que faz as pessoas desistirem da ideia, e que seria dividido entre os participantes caso houvesse um grupo maior.

Mesmo nos finais de semana, o cemitério do Paquetá não atrai visitantes

”Tumular” foi a palavra escolhida por Marchesini para vender o pacote, pois segundo ele o termo abrange mais coisas do que somente turismo em cemitérios. Seguindo este pensamento, locais como o Pantheon dos Andradas ou as Pirâmides de Gizé, no Egito, se encaixam no turismo tumular, bem como outros destinos requisitados pelo mundo.

No caso dos cemitérios de Santos, o segmento é mais específico. Ao listar o tipo de pessoa que poderia estar interessada nesse tipo de turismo, Marchesini fala de arquitetos, estudantes de história e história da arte, e jogadores de RPG. Essa especificidade não é incomum. Ele explica que muitos passeios são planejados com um público-alvo, e que alguns, como o circuito dos fortes, são vendidos apenas uma ou duas vezes ao ano.

Marchesini também já foi guia em cemitérios para pessoas que não fazem parte dos grupos que citou. Em 1999, em uma de suas turnês no Brasil, uma das exigências da banda norte-americana Kiss foi conhecer o Cemitério dos Americanos, em Santa Barbara d’Oeste, no interior de São Paulo. Ele conta que foi chamado para ser o guia e acompanhou os músicos enquanto eles visitavam os túmulos de seus compatriotas.

Entrada principal do cemitério do Paquetá, pela rua Doutor Cochrane

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

Para Marchesini, os cemitérios são importantes como registros históricos. Por serem lugares que raramente mudam de finalidade, existem peças arquitetônicas de estilos antigos que não são mais usados, além dos túmulos de pessoas importantes. Dependendo da religião, também é possível observar como diferentes culturas lidam com a morte.

Além da questão histórica, em sua opinião, os cemitérios e seus entornos também poderiam servir de centros de lazer e entretenimento, como ocorre em outros lugares do mundo, como a França e a Argentina. Um outro atrativo possível são as histórias de fantasmas.

O coveiro Thiago Braz está na profissão há três anos. Ele se diz cético, apesar de trabalhar no cemitério do “Fantasma do Paquetá”, lenda conhecida da cidade, que fala do fantasma de uma noiva que sai do túmulo à meia-noite e assombra as redondezas.

Para Braz, a parte histórica é muito mais atraente. Ele conta que o cemitério não tem recebido muitos corpos recentemente e que há semanas em que não ocorre nenhum enterro. Caminhando pelas ruas do Paquetá, são raras as lápides contendo anos de mortes ocorridas nesta década.

A falta de segurança no entorno é um dos maiores entraves para os visitantes do Paquetá, apesar de uma base da Polícia Militar estar instalada na esquina do cemitério.

No entanto, existe uma quantidade de corpos de pessoas notáveis no cemitério, como o ex-governador Mário Covas, o pintor Benedito Calixto, o ex-prefeito Esmeraldo Tarquínio, e o poeta Vicente de Carvalho. “São pessoas que ajudaram a construir o Brasil”, ele conta, e brinca “todos os nomes de ruas estão aqui”.

Para o coveiro, apesar da beleza do lugar, o cemitério tem pouca visitação de turistas devido ao seu entorno. “Você entra aqui e parece que está em um lugar diferente de onde veio”, observa, ressaltando a falta de segurança nas redondezas.

Apesar dessa falta de segurança, o terreno de 26 mil metros quadrados está cercado por uma base da Polícia Militar e também pelo prédio da Coordenadoria de Segurança da Região do Centro Histórico, que faz parte da Guarda Municipal. Apenas o portão principal do cemitério fica aberto, enquanto a entrada pela rua Amador Bueno fica constantemente fechada, com uma caçamba de entulho bloqueando a passagem. Cercas elétricas cobrem todos os muros do local.

Em nota, a Prefeitura de Santos afirma que não existe projeto turístico para os cemitérios da cidade, pois não há demanda para isso. A Prefeitura ressalta que o cemitério do Paquetá é considerado patrimônio histórico arquitetônico e cultural de Santos “por sua antiguidade e pelos homens ilustres que estão ali enterrados”.

Túmulo do ex-governador e senador Mário Covas é um dos vários notáveis presentes no cemitério do Paquetá.

Fonte..:: Médium 




Para Roteiros de Turismo na Baixada Santista



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