O gengibre (Zingiber officinale Roscoe), pertence à mesma família botânica Zingiberaceae, a mesma da cúrcuma e do cardamomo, e foi uma planta muito popular na Idade Média, porém seu valor de venda era extremamente alto. No século XIV, uma libra de gengibre, equivalente à aproximadamente 450 gramas, custava o mesmo que uma ovelha. Nativo da Índia, tornou-se um elemento importante na culinária mediterrânea e era usado para condimentar alimentos com suas características picantes e aromáticas. Em uma época onde o uso do açúcar era corriqueiro, preservar pedaços de gengibre em uma calda com mel era um luxo especial.
É comum ouvir e ler sobre a “raiz” do gengibre, principalmente em livros de medicina popular, os quais atribuem à planta uma série de propriedades terapêuticas. Sobre as aplicações medicinais do gengibre não vamos abordar nesse momento, pois o ponto mais importante da história do gengibre é o fato dele ser chamado erroneamente de raiz. Isso mesmo! O gengibre não é uma raiz!
Ilustração: Köhler, F.E., Medizinal Pflanzen, vol. 2: t. 172 (1890)
A ilustração acima, mostra toda a planta do gengibre onde é possível notar que a estrutura marrom, indicada com a letra “A”, trata-se da parte subterrânea da planta, comercializada como gengibre. Pois bem, por que isso não é uma raiz? Vamos entender melhor algumas definições.
Raiz pode ser definida como o órgão da planta responsável primariamente pela sustentação do vegetal e pela absorção de água e sais minerais. Caule é o órgão vegetal que liga as raízes às folhas, sustentando a planta. Em alguns casos, o caule pode ter funções adicionais, além da sustentação, como reserva de substâncias produzidas pela planta. As diferentes funções adicionais classificam o caule em diferentes tipos: tronco, estipe, haste, colmo, estolão, aéreo, rizoma, dentre outras definições.
No caso do gengibre, a parte comercializada é um caule, do tipo rizoma. Rizomas são caules espessos, subterrâneos, ricos em reservas, com nós e entrenós bem definidos que, geralmente, crescem horizontalmente. Permanecem sem contato com a luz solar e por não realizarem fotossíntese são confundidos com raízes. A principal diferença é que os caules apresentam nós, não possuem coifa (estrutura que se localiza na parte mais apical da raiz e que protege a camada de células de crescimento), e por ter uma estrutura anatômica típica dos caules.
É a partir do caule do gengibre que são projetadas as raízes que, em contato com o solo, desempenham a função de absorver água e sais minerais. Comercialmente, as raízes são extraídas para atribuir melhor aproveitamento dos rizomas. Por isso que, quando compramos o rizoma não conseguimos identificar a presença das raízes, restando apenas as cicatrizes das estruturas que foram removidas.
Fonte..:: Escola de Botânica
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