Por..:: Renato Marchesini
A falta de organização em “nossa casa” é um dos principais problemas que contribuem para manchar a imagem do Brasil no exterior.
A falta de organização em “nossa casa” é um dos principais problemas que contribuem para manchar a imagem do Brasil no exterior.
Nosso País e nosso povo continuam sendo conhecidos no mundo por suas Praias, Sol, Alegria, mulheres Fáceis, Eterna Diversão, Cordialidade e, é claro, Futebol e Samba. E seus produtos de exportação conhecidos ainda são o café e a banana.
Apesar dos primeiros documentos terem sido escritos por europeus, a literatura, arte, cultura e música são passados aos outros países por brasileiros assim como os grandes problemas sociais: violência, miséria e desigualdade social.
Assim se destaca o desenvolvimento da vida urbana, malandragem, jeito brasileiro, indolência, musicalidade e cordialidade, e isto não é apenas pensamento do estrangeiro, mas uma visão projetada pelos brasileiros.
1.Literatura
Desde o século XIX, a literatura brasileira é marcada pela denúncia à hipocrisia e desigualdade social, e belas fantasias de amor.
As Mulheres: ora, belas, sensuais, sedutoras, fatais e dominadoras, ora, submissas e sem valor.
“Suas musas parecem se fundir às belas imagens e fragrâncias da natureza”. Escreveu Gonçalves Dias, - A Canção do Exílio, obra-prima de nossa literatura.
José de Alencar (O Guarani, Iracema, Lucíola, Senhora e Gaúcho), Machado de Assis (Dom Casmurro, Quincas Borba, e outros), Bernardo Guimarães (Escrava Isaura) e Jorge Amado (Gabriela, Cravo e Canela, Tieta do Agreste” e Dona Flor e seus Dois Maridos)
Gilberto Freyre - escreve em trecho de Casa-Grande & Senzala: O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne.
Sua obra polêmica relata, claramente como eram tratados os escravos, sobretudo, as mulheres que tinham que se prestar a todo tipo de serviço.
Também a vida da classe média urbana é retratada nas crônicas de Luiz Fernando Veríssimo. Revelando as contradições amorosas, sexuais, espirituais que se prestam à tragédia humana. Nelson Rodrigues escreve obras polêmicas, que fazem sucesso também no teatro como: Vestido de Noiva e Toda Nudez será Castigada.
Sofrimento do povo: universo rural em declínio ou já desaparecido. Correspondem a uma impugnação da realidade fundiária, opressiva e excludente.
José Lins do Rego (Coronéis, Bangüê e “Fogo Morto), Érico Veríssimo (O tempo e o Vento), Graciliano Ramos (Vidas Secas), e Jorge Amado (Capitães de Areia, o País do Carnaval, Ciclo do Cacau, Terras do Sem Fim e São Jorge dos Ilhéus).
Na literatura brasileira contemporânea vamos encontrar a partir da década de 50, escritores como João Cabral de Melo Neto com a obra Morte e Vida Severina; mostra a miséria do nordestino; Ferreira Gullar, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, e o principal assunto abordado é a tristeza e a solidão de quem deixa a terra natal, para viver nas grandes cidades, sobretudo os que fogem da seca do Nordeste.
E assim tantos outros que escreveram, sofrimento de ex-escravos ou seus descendentes, do Nordeste e seu povo.
Muitas obras literárias se transformaram em filme ou telenovela, fazendo com que estas ficassem conhecidas, não só no Brasil, mas, no mundo, assim como seus respectivos escritores.
2. Cinema
Carmen Miranda foi um ícone do período. - A artista saltou do teatro para o cinema, estreando com “Down Argentine Way”, em português “A Serenata Tropical”, um fracasso em Buenos Aires. Os estereótipos mostrados nos filmes produzidos pelo cinema comercial americano, mostravam os preconceitos em relação à América Latina. Confundir tango com rumba era deselegante e ao mesmo tempo misturar o decantado clima europeu de Buenos Aires com noches calientes de Havana ou do Rio de Janeiro era desconsideração até mesmo com a geografia.
Outro ícone da cultura brasileira, responsável pela imagem do Brasil, lá fora é Zé Carioca, uma criação da empresa de entretenimento Walt Disney, que mostra o carioca como malandro, que com pouco trabalho, muita música e dança, faz trapaças e leva vantagens sobre as pessoas. Nas histórias do personagem, ele prefere passar horas elaborando algum plano ou se dar bem e passar a perna nos outros sem nenhum esforço. Divulga uma imagem simplista de que todo carioca é malandro e não gosta de trabalhar.
O personagem brasileiro é um papagaio verde, falastrão, simpático e malandro, vestido com fraque, guarda-chuva e chapéu de palha inspirado num tipo popular do Rio de Janeiro na década de 40 – “o Dr. Jacarandá”. A música “Aquarela do Brasil” se consagra nesta época.
O polêmico filme “Turistas”, em que seis jovens vêm passar férias no Brasil e acabam assaltados, drogados e vítimas de uma quadrilha de tráfico de órgãos, acompanhado de pesadas críticas.
Grande quantidade de produção nacional de pornochanchada.
O Pagador de Promessas - é a primeira indicação ao Oscar como filme estrangeiro, e ganha a Palma de Ouro de Cannes, mostra, no entanto, um retrato do Brasil de pobreza e ignorância de seu povo.
Surgem: Carlota Joaquina, Central do Brasil, Carandiru, Cidade de Deus, Tropa de Elite, Meu nome não é Johnny, Ônibus 174 - filmes que retratam a pobreza e a violência.
Como se vê, nestes exemplos, uma imagem é formada, envolvendo a assimilação de informações verdadeiras ou não, sobretudo por quem não conhece o país.
Entre os estereótipos reforçados pelo cinema existe aquele que o Brasil é um “local de fuga”. Que tem a imagem de abrigo da contravenção internacional, que é a representação urbana do Brasil com: a mulata, o sambista, o malandro, permeados de problemas sociais como drogas, prostituição, violência, a polícia e delinquência infantil.
3. Carnaval, samba e axé
O carnaval também é associado à liberação sexual, nestes dias se esquece os demais problemas existentes no país, são quatro dias de total loucura, para o estrangeiro: 96 horas de total frenesi.
A cobertura dada pela imprensa falada e escrita a este evento revelam um Brasil exótico e erótico, já que se preocupa em mostrar a sensualidade e a luxúria para obter maior audiência, assim como fazem jornais e revistas com fotos e reportagens a respeito do Carnaval. Assim a sensualidade, a música, a dança e os mais íntimos desejos se realizam durante o carnaval e no Brasil, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro, maior cartão-postal do país, a imagem de um paraíso onde tudo é permitido é a que se sobressai.
Mas, a despeito disto, o Carnaval é uma festa onde pode se aprender muito, para muitos participantes das escolas de samba é uma indústria onde se trabalha o ano todo para em fevereiro ver sua escola desfilar e mostrar o trabalho de milhares de brasileiros, verdadeiros artistas na confecção de fantasias e carros alegóricos, sem citar o samba-enredo e todas as alas ou grupos que compõem a apresentação. É um verdadeiro espetáculo de cores e brilho passando pela avenida chamada de “Sambódromo”.
No Rio de Janeiro acontece na Avenida Marquês de Sapucaí e em São Paulo, na Avenida Olavo Fontoura, no Anhembi. Em outras cidades menores, existe o carnaval de rua, em todo o Brasil. Na Bahia, na cidade de Salvador, em Recife e Olinda, no Pernambuco existem os trios elétricos, que são caminhões adaptados com som que desfilam pela avenida, levando o povo que nestes dias são chamados de foliões.
Outro espetáculo, mostrado por todas as escolas de samba, no Rio de Janeiro e em São Paulo é a tradicional Ala das Baianas e o carro principal da escola que traz seu nome, o Abre Alas, entre outros grupos, são expressão da alma brasileira, mostrando criatividade, inventividade e trabalho coletivo, para a realização desta festa tão grande que é o Carnaval.
4. Futebol
Quanto ao futebol, ainda é o melhor do mundo, segundo alguns comentaristas esportivos nacionais ou estrangeiros. Ele é razão de orgulho nacional. É perfeitamente natural querer preservá-lo.
Sempre
somos lembrados por nossos craques – Pelé - o maior jogador de
todos os tempos, Garrincha, Romário, Rivaldo, Ronaldinho, Cacá,
Neymar e outros.
5. Outros
Nas
edições dos guias turísticos, em sites especializados de turismo
encontram-se informações a respeito da violência no Brasil e que
isso acaba gerando uma imagem negativa do país O Rio, de Janeiro,
hoje é uma cidade violenta, os guias alertam para que os turistas
evitem a cidade e para o fato de que o país não preserva seu
patrimônio.
Em
reportagens a respeito do Carnaval, jornalistas incluem uma espécie
de guia para o turista que queira enfrentar os quatro dias de folia,
dando conselhos a serem seguidos; explica o que é o sambódromo;
melhores dias e horários para ver os desfiles; preços; aconselha
que o turista saia às noites, sem documentos, joias ou valores.
O
brasileiro é visto como espertalhão e o comércio é uma
organização que visa capturar o turista a qualquer custo, todos
estes discursos são pertinentes à realidade brasileira embora
inibam o número de turistas. Reportagens na televisão mostram
turistas sendo roubados e espancados ou ainda sendo enganados na hora
de comprar uma simples cerveja ou um souvenir.
Para Refletir:
Jornal Folha de São Paulo, 10/02/2012.
6. Conclusão
A
imagem do Brasil se resume a estereótipos criados em função da
falta de uma planejamento e política estratégica. Para que o Brasil
passe a ter boa imagem, precisamos mudar a realidade!
O
Brasil não é um país pobre, mas tem um número grande população
de pobres. O fato é que essa desigualdade social gera violência e
muitos problemas sociais. Sem dúvida uma situação constrangedora
para um país como o Brasil com tanta riqueza natural e cultural para
ser trabalhada.
Devemos
manter nossa casa arrumada, não somente nossa moradia, mas, também
nosso bairro, nossa cidade, nosso estado e nosso país... No campo do
turismo temos visitantes ávidos por nos conhecer, conhecer nossa
cultura, pessoas, cores e belezas: os turistas, que vão aqui deixar
um pouco de conhecimento e bastante recursos, fazendo nossa economia
crescer, gerar empregos e desenvolver o país como um todo.
Cada
um de nós podemos
trabalhar
para
melhorar a imagem do nosso país, há muito que fazer; investir na
educação, não apenas ensinando um novo idioma, mas, noções de
cidadania, civismo e apreço a cultura ao meio ambiente e desde já
salientar o valor do turismo, do bom atendimento e o valor de ser um
bom profissional, porque o Brasil está carente disto.
As
mudanças devem partir da nação, não devem ser representadas por
algumas campanhas publicitárias, filmes, anúncios em revistas e
shows de samba no exterior. A solução é uma política de
valorização macro
cultural. Muitas
vezes repetimos que o Brasil não é só Carnaval, mas o que tem sido
feito para reverter isso?
Nossa
literatura urbana quase não se contempla, nossa realidade
industrial, cultural, universitária, sociológica, aparentemente
pouco interessa. Devemos nos envergonhar disso. Não há razão para
não se promover no país também o folclore, as festas típicas, as
danças populares, artesanato típico, etc...
Torna-se
evidente que devemos melhorar a imagem do país, esta é uma
obrigação de todos brasileiros.
Podemos
concluir que, apesar de o Brasil ser tão rico, o próprio brasileiro
não tem acesso ou conhecimento dessa riqueza e diversidade, por
falta de interesses, oportunidades ou até mesmo condições
financeiras, já que acabar com a desigualdade social, a corrupção
e a violência, é motivo citado por muitos brasileiros, quando
questionados a respeito do que deve ser feito para melhorar o país e
sua imagem.
É
necessário
uma política de melhoria da qualidade de vida da população,
diminuição da violência, valorização do patrimônio
histórico-cultural além de ações de marketing público se fazem
necessário para que um dia a imagem do Brasil mude para melhor.
O
produto Brasil é mal explorado, carente de estruturas e
características que o tornem competitivo no mercado turístico.
Limitar a promoção turística a somente um ou dois aspectos de
nossa realidade cultural significa limitar segmentos de mercado que
poderiam atrair outros aspectos da oferta turística nacional.
Apesar
de muitas poréns.... Afirmo!
Somos sim, o país do futuro e também do presente!
Fonte..:: Apostila Gestão de Empreendimentos Turísticos – Versão 6 – Renato Marchesini, 2015
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