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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Revista Beach & Co Junho 2013: O lado campestre de São Vicente - Entrevista com Renato Marchesini

A saudável vida no campo, onde se aglutinam ar puro, natureza intocável, animais selvagens e alimentos orgânicos, e, tudo isso, bem pertinho do mar.

Não é o paraíso?
Por..: Flávia Souza

Detalhes de um cenário comum aos moradores do Núcleo Itutinga-Pilões (Fotos Flávia Souza)

A vida no campo é simples. O dia começa antes mesmo do raiar do Sol. A música sertaneja toca nos rádios, enquanto o cheirinho de café coado se espalha pelo ar. O galo já cantou, e os planos para o dia no sítio são muitos. Plantar, colher, cuidar dos animais, pescar e preparar o almoço no fogão a lenha. No campo, a vida tem um ritmo próprio. Só que não se está no interior e, sim, em pleno litoral.

Em São Vicente, é possível encontrar um cenário montanhoso, com ar puro e muito verde ao redor, formando um quadro natural de rara beleza. É nesse cenário, localizado no entorno do Núcleo Itutinga-Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar, que vivem centenas de famílias.

Instaladas no sítio Acaraú, elas desfrutam de algo precioso: qualidade de vida. “Estamos na cidade, mas afastados da correria, da poluição, do estresse, do barulho e das dores de cabeça, que é a vida dentro da cidade”, explica o empresário vicentino Valdenor Coelho Ferreira, que há um ano e meio mantém sítio no local.

O casal Fernando e Josenice Santos, por sua vez, vive lá há 15 anos. “Somos comerciantes, temos a nossa vida na cidade, mas vamos ao sítio toda semana, religiosamente. É aqui que reabastecemos nossa energia. Nesse contato com a natureza, desfrutando da rica fauna e flora, nos sentimos livres”, revelam.

A liberdade de viver praticamente dentro da floresta tem um preço. Pitica que o diga. Pitica é uma cachorrinha vira-lata que, no próprio quintal, foi atacada por uma suçuarana. Seus donos conseguiram salvá-la, mas as sequelas ficaram. Pitica não coloca uma das patas no chão.

Da mesma forma, pessoas locais já receberam a ilustre visita de animais selvagens. Glória dos Santos Araújo, que há 27 anos vive no Acaraú, afirma que as onças já a visitaram algumas vezes. “Pense num gato bonito. A jaguatirica é a coisa mais linda!”, afirma. Tais encontros aconteceram bem pertinho da porta de sua casa. “É assustador encontrar um bicho desse parado em teu quintal, te olhando. Mas se você não fizer nada, ele também não faz, e vai embora”, conta.

Valdemar Coelho e Antônio Carlos e a tranquilidade da vida em São Vicente 
(Fotos Flávia Souza)

Alguns não vão. O marido da vendedora Maria Helena de Andrade Viana já foi picado por uma jararaca enquanto plantava no quintal. A picada foi tão forte que furou sua bota. Ficou 11 dias internado no hospital e com sequelas. “Por uns dois anos ele ficou meio aéreo, depois voltou ao normal”, relata a vendedora.

Nem o ataque fez com que o casal pensasse em sair do sítio. “Tenho que ir para a cidade várias vezes por semana, por conta do trabalho, mas nem essa dificuldade faz com que eu queira sair daqui. Aos pés da serra temos o melhor ar; à noite sentimos os cheiros da natureza, e tudo o que temos aqui faz bem para a saúde. Por que escolheríamos viver outra vida?”, questiona.

Além das onças e das cobras, em Acaraú as pessoas convivem em harmonia com uma diversidade grande de animais, como porco-espinho, lagarto, esquilo, paca, tatu, gambá e capivara. Há quem afirme que, por lá, também vivem macaco-prego e bugio.

No céu, abundam as aves, com destaque para a linda saíra de sete cores, o sanhaço azul, o tié-sangue, o guaco e o sabiá-laranjeira. Mas quem reina absoluto é o tucano. Com um pouco de atenção, é possível ver as várias espécies da ave alimentando-se de frutos nas altas árvores.

A agricultura de subsistência é um dos trunfos do local. Limão, laranja, mexerica, goiaba e abacate são algumas das delícias encobertas pela vegetação. Banana, abacaxi, pinha e cajá-manga também são fáceis de encontrar em qualquer quintal. Os sitiantes também plantam legumes, verduras e ervas aromáticas. “Espero a Lua cheia para poder plantar; é a época certa porque estimula o crescimento das plantas. Também utilizo os recursos da própria natureza para me tratar de alguns males. Raramente vou ao médico”, afirma Glória.

Conversar com Glória faz o tempo passar lento e saboroso. Ela tem muitas histórias, e conta cada uma com uma pitada de amor. O mesmo sentimento se manifesta com as plantas. Ao falar de cada uma, toca-a, arranca-lhe um pedaço e o esmaga entre os dedos; sente o aroma que exala, e passa seu conhecimento. “É da natureza que extraio minha energia”, afirma. Uma energia que também pode ser atribuída aos recursos hídricos. Praticamente, todos os sítios são cortados por córregos, e possuem pequenas quedas d´água. O som de água corrente pode ser ouvido em qualquer lugar que se esteja. É como um brinde da natureza aos que usufruem os benefícios do lugar.

José Tadeu apresenta sua plantação de café (Foto Flávia Souza)

Potencial turístico
A área rural de São Vicente tem enorme potencial para atividades de ecoturismo, mas esse segmento ainda não é explorado, e também não há planos da administração pública para tais ações no local, como afirma o secretário de Esportes e Turismo de São Vicente Alexandre Morais Rodrigues. Para ele, antes de viabilizar qualquer projeto turístico para o local, é necessário estudar profundamente o local. “É preciso verificar a situação fundiária, para sabermos até onde a terra está sob a jurisdição da prefeitura, ou da Fundação Florestal, ou pertencente a particulares”, explica.

Para Renato Marchesini, Turismólogo, falta envolvimento dos setores público, privado e comunidade para o desenvolvimento de projetos para a área. Segundo ele, são muitas as atrações que podem ser exploradas turisticamente naquela região.

“No local, podemos trabalhar com atividades de caminhadas ecológicas, estudo do meio, montain bike, passeios a cavalo e charrete. São muitas as opções”, conta. Ele ainda afirma que é possível aplicar o turismo de base, pelo qual os moradores terão uma renda com a receptividade aos turistas, e atuando como agentes de preservação do meio ambiente.

Mas ele alerta: “Para que todo o potencial turístico da região traga dividendos para o município e comunidades locais, são precisas ações, tais como criação de roteiros, elaboração de um diagnóstico turístico, ambiental, social e econômico da região”.

Marchesini ainda sugere que os órgãos responsáveis pela área gerem convênios e parcerias em projetos, além de convênios com universidades regionais, contratação de empresas ou profissionais habilitados para realizar levantamentos de dados.

Fonte..:: Beach & Co

(turismo)

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