Turismo Consciente na
Costa da Mata Atlântica
(Baixada Santista)
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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Matéria Revista Beach Co: Trilhas, Roteiros e Caminhadas na Mata Atlântica em Santos SP com Renato Marchesini

Pelas trilhas de Santos

A área continental da cidade possui 231,6 km2, seis vezes maior que sua parte insular e tem grande vocação para o ecoturismo, graças às suas matas, rios, cachoeiras, aves e animais de rara beleza

Por..:: Flávia Souza

Trilha da Ruína, na Fazenda Cabuçu (Foto Flávia Souza)

Uma área tão grande e com apenas quatro mil moradores, a parte continental da cidade ainda não é explorada turisticamente nem pela população local, nem por visitantes de outras regiões da Baixada Santista. Uma pena, porque deixam de usufruir de suas muitas opções de passeios ecológicos, a exemplo da trilha da Ruína.

Estampados nos troncos das árvores, os líquens mostram a qualidade do ar da região. O vermelho indica que é bom (Foto Flávia Souza)

Localizada próximo ao quilômetro 250 da rodovia Rio-Santos, na área conhecida como Fazenda Cabuçu, ela conta com um pequeno trajeto pela mata, rico em belezas naturais e muita história. O percurso de três quilômetros inicia num trecho de planície costeira, onde a vegetação da Mata Atlântica está em recuperação. Mais à frente, adentra-se à mata original, já na encosta da serra do Mar.

Ali, grandes árvores escondem histórias humanas e mistérios do reino animal. No local, é possível contemplar as belas borboletas azuis, cujas asas possuem o desenho dos olhos das corujas, o que lhes dá a impressão de serem maiores e mais ameaçadoras contra possíveis predadores. “A floresta é cheia de histórias; coisas que a gente não vê. Nessa trilha, por exemplo, temos muitas dessas borboletas, que são consideradas entidades da natureza, protetoras das matas”, explica o guia de turismo Renato Marchesini.

As ruínas, ao fim da trilha, também apresentam alguns mistérios ainda a ser desvendados. Registrados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Sítio Arqueológico do Quatinga, os escombros datam de entre os séculos XVI e XVIII, segundo o arqueólogo Manoel Gonzalez, do Núcleo de Pesquisas e Estudos Chondrichithyes (Nupec), de Santos. O período de construção das quatro pilastras que contornam uma espécie de fosso é determinado pela presença de uma substância formada por óleo de baleia, areia e concha moída, chamada de cal-sambaqui, entre as rochas.


As flores de cana de macaco, tidas como medicinais e o ovo da ave macuco (Fotos Flávia Souza)

São muitas as hipóteses a respeito da origem dessas ruínas. Podem ter sido uma casa de farinha, engenho de açúcar ou ponto de tropeiro. Apesar das suposições, Gonzalez explica que só com pesquisa arqueológica no local poderá definir o que foram: “Foi algo de produção, mas ainda precisamos determinar o que foi feito. Bem próximo à área tem água, o que nos leva à possibilidade de ter sido um engenho”.

O som da água citada pelo arqueólogo já pode ser ouvido um pouco mais à frente das ruínas, onde começa uma segunda etapa da trilha. Aliás, as diferenças entre os dois trechos são visíveis, para os que conseguem ler a natureza. Para os que não conseguem, os guias ensinam. Por isso, também, é aconselhável sempre fazer trilhas com o acompanhamento de um profissional especializado. Renato é turismólogo, especialista em conduzir grupos dentro da mata. 

Técnicas de localização pelas árvores e alimentos que podem ser extraídos para consumo são algumas das orientações transmitidas. Segundo Renato, a fruta mais comum na Mata Atlântica original é a goiaba.

Os talos de caetés são comestíveis e possuem gosto semelhante ao repolho. Os últimos dois dedos dos talos são cheios de nutrientes. Igualmente nutritivos são os brotos de samambaia-açu, que podem ser consumidos após fervidos. Esta imponente planta, que há milhões de anos serviu de alimento para dinossauros herbívoros, é encontrada em grande quantidade na Mata Atlântica. As lindas flores de cana de macaco também são vistas em todo o percurso. A planta é tida como medicinal, cujo chá ajuda no tratamento de cálculo renal.

Outra flor em abundância, mas encontrada apenas no início da trilha, é o lírio branco. Com um gostoso perfume e de belo formato, sua flor é tão comestível quanto sua raiz. “Essa planta não pertence à mata nativa. Mas são ótimas fontes de localização, já que elas só nascem em lugares que têm água por perto”, revela o turismólogo.

Renato ensina, ainda, que as árvores são bússolas tão fiéis quanto as estrelas. Observando-as, é possível localizar-se na mata, caso esteja em dúvida de que caminho seguir. “O lado do tronco voltado para o sul é a mais úmido, por isso tem mais limo e bromélias. Isso acontece porque é desse lado que o vento gelado sopra em nossa região. O outro lado do tronco é mais seco, porque é o lado em que o Sol nasce. Esse é o lado norte. Mas só podemos nos basear nessa bússola natural após observar várias árvores”.

A diversidade de pássaros no local é grande, mas eles ficam no alto das robustas árvores, mimetizando-se com as folhas. É difícil sua visualização, mas sabe-se que estão por toda a parte, pois seu canto e o som de suas asas batendo são constantes em todo o percurso. Outros sons comuns durante o passeio são o coachar dos sapos e a musicalidade dos insetos. Já as cobras, bastante comuns na Mata Atlântica, são afastadas pelos guias que andam sempre em dupla, com seus cajados em mãos e olhos treinados, um à frente do grupo e outro atrás.

Com sorte, é possível até ver um macuco. A ave, que lembra uma galinha selvagem, habita a mata primária. Raras de encontrar, as cascas de seus ovos azuis, no entorno das ruínas, mostram que o local serviu de ninho para suas crias.

Quer encontrar um bicho-preguiça? É só procurar nas muitas embaúbas enraizadas ao longo do percurso. A árvore, que alcança até 15 metros de altura, tem em suas folhas e frutos o alimento desses animais de pelagem grossa. Também é comum encontrar muitas formigas no tronco dessa árvore, que é naturalmente oca por dentro e repleta de formigueiros em seu interior. A preguiça é o único animal que sobe nas embaúbas, pois as formigas não conseguem picá-la.

Ruínas do Sítio Arqueológico do Quatinga datam entre os séculos XVI e XVII
 (Fotos Flávia Souza)

Outro inseto que se destaca nessa imensidão é a lagarta. Ela elabora sua arte nas folhas dos caetés. Ao se alimentarem, elas mordem as folhas, traçando desenhos de um bordado delicado. Sabem que uma mordida errada pode custar-lhes a vida. “Se comerem direto, a folha quebra, elas caem e podem morrer”, explica o guia.

Além da vasta fauna e flora, o caminho pela trilha da Ruína também conta com córregos, piscina natural e até cachoeira. O aventureiro pode nadar nas águas límpidas da piscina ao lado de muitos peixinhos e também relaxar com a força das águas da cachoeira sobre as costas, que serve de massagem revitalizadora para o trajeto de volta.

Essa é a hora de respirar fundo, e sentir no ar a riqueza dessa expedição. As árvores, mais uma vez, oferecem um ensinamento: estampados em seus troncos, líquens mostram a qualidade do ar da região. Se forem vermelhos, significa que o ar daquele lugar é bom. Se forem cinzas, o ar é ruim.

Passo a passo, observam-se as manchas vermelhas carimbadas em várias árvores. A riqueza do ar está presente na nossa Mata Atlântica e é acessível tanto para a população local quanto para turistas. Um percurso rico que vale a pena ser feito e refeito, de preferência, com guias que motivam o convívio do homem com a natureza.

Serviço: a empresa R9 Turismo, especializada em ecoturismo e turismo de aventura, promove passeios para a região. Mais informações pelo telefone (13) 98113.4819 ou pelo site www.r9turismo.com

Fonte..:: Revista Beach Co


Para Trilhas, Roteiro e Caminhadas na Mata Atlântica


(ecoturismo, papo de biologia, turismo pedagógico)


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