Por..:: Cintia Maria Afonso
No estado de São
Paulo, a Serra do Mar se constitui em divisor natural entre a
drenagem atlântica e o sistema hidrográfico do planalto, configurando
uma zona costeira estreita, com pequena planície sedimentar só
alargada ao sul, no vale do rio Ribeira de Iguape.
Essa
configuração e a baixa adequação das terras à agricultura fizeram
com que a zona costeira paulista fosse superada pelo planalto para os
assentamentos urbanos coloniais. As vilas fundadas no início da
colonização européia permaneceram funcionando como ligações entre o
interior produtivo e Portugal. Subsistiam por conta de seus portos,
principal conexão de pessoas e mercadorias entre Brasil e Europa.
Urbanização da Baixada Santista: Fonte..:: Aerofotogrametria, 1994
Essa
organização urbana em pequenos núcleos portuários modificou-se com a
construção da ferrovia São Paulo Railway, no final do século XIX,
que uniu São Paulo a Santos (a melhor e mais próxima saída portuária
para a cidade de São Paulo), favorecendo economicamente toda a
Baixada Santista. A partir de então esta região se urbanizou de modo
intimamente ligado ao desenvolvimento da cidade de São Paulo e
interior, inicialmente com o incremento de atividades portuárias e
comerciais ligadas à cultura cafeeira e, posteriormente,
complementando o parque industrial paulista com o complexo
petroquímico e siderúrgico de Cubatão. Esse processo, vinculado à
melhoria dos meios de transporte, favoreceu a Baixada Santista em
detrimento do restante do litoral que permaneceu à margem do processo
de urbanização até que a busca das praias para o lazer modificasse
esse quadro.
A
partir da década de 1950, um intenso processo de parcelamento do
solo e construção de segundas residências, associado à expansão da
rede rodoviária estadual, urbanizou a planície litorânea próxima ao
mar, transformando dunas e restingas em um contínuo urbano linear que
se estende por muitos quilômetros nas praias, só interrompido por
obstáculos geográficos como morros e manguezais. As classes de baixa
renda se situaram nos setores urbanos pouco valorizados, geralmente
distantes do centro urbano ou sobre áreas legalmente protegidas.
Nesses locais se instalam e continuamente expandem-se bairros
residenciais pobres, carentes de infra-estrutura como arruamento,
água e esgoto, constituídos por subhabitações.
Assim,
na Baixada Santista a distribuição da urbanização está diretamente
vinculada ao processo de valorização da terra urbana e de sua
distribuição pelos diferentes segmentos da sociedade. No entanto, a
configuração física regional permitiu que extensas áreas florestadas
fossem mantidas, situadas nas áreas mais desfavoráveis à urbanização,
como as encostas íngremes da Serra do Mar, os manguezais situados no
estuário e as áreas cobertas por vegetação de restinga as quais
estão distantes das praias.
O
padrão de parcelamento do solo predominante é constituído por malha
viária regular, com quadras totalmente parceladas em lotes de
dimensões, apenas suficientes para a construção de residências
unifamiliares ou pequenos edifícios, e pela ausência ou escassez de
praças e espaços livres públicos que não sejam aqueles necessários à
circulação.
A
partir desses fatores predomina um padrão de urbanização extensivo,
pouco verticalizado, por meio do qual são supridas as necessidades
espaciais básicas de circulação, acesso, moradia, comércio e
serviços, ao mesmo tempo em que são maximizados os lucros, já que
todos os espaços não-voltados à circulação são comercializáveis.
Como esses padrões de urbanização são incompatíveis com a manutenção
da vegetação nativa, a cobertura vegetal preexistente é completamente
eliminada e os padrões de drenagem são alterados, desconsiderando
totalmente as condições locais e levando à transformação radical
da dinâmica natural e da paisagem.
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(publicação_consulta)
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