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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mário Gruber expõe “Anjos da Renascença na Pinacoteca Benedicto Calixto"

No próximo dia 21 de julho, a pinacoteca Benedicto Calixto inaugura a exposição “Anjos da Renascença Brasileira”, do pintor santista, de renome internacional, Mario Gruber. Sob a curadoria de Fábio Magalhães, a mostra traz 36 obras que abrangem quatro décadas de produção artística de Mario Gruber. Os Anjos da Renascença Brasileira retratam os efeitos e sentimentos de uma sociedade diante de diferentes momentos políticos.

A primeira vez que Mario Gruber pintou um quadro ligado ao tema “Anjo da Renascença Brasileira” foi em 1969. Naquele ano a sociedade brasileira era submetida aos ditames da ditadura militar e a repressão às manifestações artísticas eram contundentes, mas Gruber sabia que era preciso resistir.

As telas da série “Anjo da Renascença Brasileira”, pintadas naqueles anos, apresentam um ar atemorizador. Entretanto, com o passar dos anos e restaurada a democracia, essa temática ganha maior lirismo, sem perder nunca o olhar sensível e indignado diante das injustiças sociais cometidas no nosso país.

A primeira obra, desta exposição mostra um anjo com atitude de profeta. As asas pareciam ser de tecido apoiado à estrutura de madeira. Carregava em suas mãos uma cruz, mas com a força de uma espada. Ao redor da cabeça havia um halo, formado por ameaçadores cones pontiagudos, notamos certa semelhança com a coroa que cobre a cabeça do ícone “Estatua da Liberdade”, dos Estados Unidos da América. Sem duvida era um anjo da renascença brasileira que tinha o rosto da gente do nosso povo só que dotado da excessiva autoridade. Sombrio, como o ano de 1969 que inaugurou os chamados “anos de chumbo” da ditadura.

Nesse mesmo ano, Gruber produz a obra acima que mostra um sistema de asas de madeira movida por pequena hélice na lateral. Dá a impressão de que o jovem, retratado de modo frontal, está flexionando os joelhos para um impulso que o leve “para cima e para o alto”.

Durante o ano de 1980 Gruber produziu várias obras ligadas à série “Anjos da Renascença Brasileira” e, de certa forma, outras obras correlatas. Nessa fase, passa a fazer uso de objetos com textura metálica, presa por fortes arrebites.


É o caso desta tela aulado, em que o personagem apresenta asas de metal tendo as bordas presas com rebites. A figura está com as mãos e pernas atadas por uma forte corda, sentado sobre o eixo de uma hélice que se prende a um suporte. Essa engenhoca mantém o personagem elevado do solo. É uma evolução na forma de mostrar suas figuras aprisionadas. Gruber utiliza linhas, correntes, anzóis acoplados, pregos, alfinetes e outros materiais que parecem querer impedir a livre movimentação. Convivem na sua poética, elementos realistas e fantasiosos. A fantasia é tratada com o realismo de um Courbet.

Esta obra é uma das mais intrigantes das varias produzidas por Gruber. Embora não se enquadre exatamente na serie “Anjos da Renascença Brasileira”, tem relação com o tema desta exposição. As asas não são visíveis, mas há uma força superior que mantém o corpo suspenso no ar. Certamente não é apenas a força mecânica produzida pela hélice acionada pelas mãos do personagem. O artista ironiza o excesso de tecnologia mostrando a mão esquerda que segura outra artificial para movimentar a hélice através de um sistema mecânico de manivela que é parte integrante do chapéu do nosso personagem-voador. Outra vez, representa um colete de sustentação, metálico com rebites, típico dos trabalhos realizados em 1980. Ainda que Gruber não tenha formalmente denominado este quadro de “Classe média fazendo força para subir na vida”, ele parece ter aceitado essa interpretação, sugerida por um colecionador.
Falas de Gruber em 1980
“Quando falo da influência de Rembrandt em minha obra, isso tem por finalidade verificar, de forma global, o que seria componente da cultura européia e criar símbolos genéricos para serem utilizados, inclusive com certa carga de ironia não compreendida”.

“Recentemente, fiz um personagem e escrevi embaixo: “O anjo da Renascença Brasileira”. É uma tentativa simples e irônica; ponho uma asa de lata e um cinto de castidade, também de lata, boiando no espaço como um balão. É a busca do oposto ao anjo renascentista, cujas partes pudendas os papas mandavam cobrir com um paninho. A delicadeza dos papas e a repressão típica brasileira são formas de traduzir o caráter xenófobo e moralista que existe na realidade atual”.

“Há políticos que encontram formas de democracia brasileira, quando existe todo um edifício cultural proveniente da Grécia antiga. Daqui a pouco, aparecem políticos em uma nova forma democrática, que não está nos tratados e no acervo cultural. São formas obscuras, e quero conhecê-las. Se acho que existe uma censura, uma opressão, tenho que encontrar formas simples, reprimir também é simples. A técnica de meu anjo renascentista parece-se com Rembrandt, para criar um clima de intriga: eu sou tão bom como Rembrandt, mas expresso outra coisa, uma forma de ironia”.

“Seria como se eu estivesse nas naves dos portugueses, quando vieram ao Brasil trazendo miçangas, espelhinhos e outras coisas para seduzir o nosso índio, que acabou dando pau-brasil, numa forma muito desigual. Eu também trago um espelhinho, mas não troco; entro em confronto com o civilizador, não tenho a tutela dos mestres porque sou um mestre também”.

Sobre o artista ..:: Gruber, Mário (1927)Mário Gruber Correia nasceu em Santos—SP, em 1927. Pintor, gravador, escultor, muralista. Autodidata, começa a pintar em 1943. Muda-se para São Paulo em 1946 e matricula-se na Escola de Belas Artes, onde é aluno do escultor Nicolau Rollo (1889 - 1970). Em 1947, ganha o primeiro prêmio de pintura na exposição do grupo 19 pintores. No ano seguinte realiza sua primeira exposição individual e passa a estudar gravura com Poty (1924 – 1988) e a trabalhar com Di Cavalcanti (1897 – 1976). Em 1949 recebe bolsa de estudo e vai morar em Paris. Estuda na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] com o gravador Édouard Goerg (1893 - 1969) e trabalha com Cândido Portinari (1903 – 1962). Retorna ao Brasil em 1951 e funda o Clube de Gravura, posteriormente Clube de Arte, em sua cidade natal, onde volta a residir. No ano de 1953 dá aulas de gravura no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP. Entre 1961 e 1964 ensina a técnica de gravura em metal na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo. Monta ateliê de gravura em São Paulo em 1970. De 1974 a 1978, mora em Paris. Ao retornar ao Brasil, fixa residência em Olinda, Pernambuco. Em 1979, monta ateliê em Nova York. De volta a São Paulo realiza obras de grande porte em espaços públicos como a estação Sé do Metrô e o Memorial da América Latina. Na década de 2000, continua a trabalhar intensamente, com uma produção anual de 100 a 120 obras.

..::Serviço
Evento..:: Exposição “Anjos da Renascença Brasileira” – Mário Gruber
Data..:: lançamento em 21 de julho de 2010 (quarta-feira)
Horário..::: 20h00
Local..::: Pinacoteca Benedicto Calixto
Endereço..::: Av. Bartolomeu de Gusmão, 15 – Boqueirão – Santos-SP
Estacionamento gratuito..:: Av. Epitácio Pessoa, 100 – fundos da Pinacoteca
Aberta ao público.:: de 22 de julho a 21 de agosto de 2010
Horário de visitação..:: de 3ª a domingo, das 14h00 às 19h00
Entrada franca

(evento_programação)

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