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terça-feira, 20 de julho de 2010

História do Bairro Chinês em Santos SP

Por..:: Felipe Pupo


Os erros do passado servem para corrigir as injustiças do presente. Na ditadura militar, o tradicional Bairro Chinês foi riscado do mapa e a sua área cedida ao Valongo. O equívoco foi cometido quando a Cidade estava sob a tutela de prefeitos nomeados pelo regime. Mas, de fato, o Bairro Chinês nunca perdeu o seu espaço no coração dos moradores antigos.

O novo Plano Diretor de Santos, em discussão na Câmara, prevê o retorno oficial do bairro, propondo a divisão do Valongo em duas áreas: o Bairro Chinês ficaria localizado dos sopés dos morros São Bento, Pacheco e Penha até a Avenida Getúlio Vargas, entre a Rua São Bento e o bairro do Saboó. "Muitos santistas lembram do Bairro Chinês. Mesmo com o nome antigo em desuso, a simples lembrança é significativa para a identificação da população que morou ali. Hoje, esse bairro só existe mesmo na memória de alguns", relata o vereador Odair Gonzalez, autor do projeto.

Olhos puxados

Casarões antigos, estação ferroviária, contêineres e santuários da fé. Quem anda pelas ruas do Valongo se depara com um cenário que contrasta entre o passado e o presente. Certamente, muitas pessoas não sabem que o local era conhecido como Bairro Chinês, até a década de 1970.

A denominação remonta o período em que imigrantes japoneses construíram chácaras naquela região. Como os orientais tinham olhos rasgados, foram confundidos com chineses -daí o nome.

O bairro também abrigou uma legião de imigrantes espanhóis e portugueses, além de nordestinos, que chegavam para trabalhar no porto. Aos poucos, o comércio ganhou fôlego e foram construídos açougues, padarias, farmácias, quitandas e vendas de secos e molhados.


Sem dúvida, o desenvolvimento econômico do bairro abriu caminho para a colonização da Vila de Santos. Alguns anos depois, as famílias mais ricas deixaram a região central para ocupar áreas mais próximas à orla.

Quem morou no local guarda boas recordações do tempo que era comum jogar futebol nos campinhos de areia, disputar uma vaga na sessão do Cine São Bento ou participar dos blocos carnavalescos. "Foi uma bairro marcado pela agitação cultural. O carnaval santista nasceu ali, com dois grandes blocos: o Baby dos Jardins da Infância e o Turistas do Bairro Chinês", diz o secretário de Cultura, Carlos Pinto, que morou no local até os 7 anos. "Iniciei o meu convívio com o carnaval santista no Baby dos Jardins da Infância, pois meus familiares participavam dele."

A trupe carnavalesca vestia o manto da alegria e promovia muitas brincadeiras nas ruas do Centro. Depois das 21 horas, os blocos e escolas levavam a festa para outros pontos da Cidade até chegar à praia. "A grande estrela do carnaval era o Pescadinha, que foi um dos dançarinos mais importantes da noite santista".

Já o cinema funcionava em uma sala apertada da Rua São Bento, cheia de bancos de madeira. Como o chão era todo no mesmo nível, quem se sentava atrás não conseguia ver nada e ainda saía com dor no pescoço.

Mesmo assim, as sessões de domingo provocavam um verdadeiro frisson na comunidade, quando eram apresentados dois seriados, desenhos e dois longas-metragens.

Mas o cotidiano do bairro Chinês era parecido com a vida na cidade do interior, onde todas as pessoas se conhecem e ajudam ao vizinho nos momentos de necessidade. "Você comprava o produto na padaria e deixava anotado na caderneta. No final do mês, havia o acerto de contas e ninguém dava calote".

Apesar disso, a região sofreu com a crise econômica, provocada pela Segunda Guerra Mundial. Com a escassez de produtos, os moradores formavam filas gigantes no comércio para garantir o estoque de alimentos até o final do mês. O desemprego também abateu parte dos moradores e provocou um clima de incertezas no local. "A molecada invadia os armazéns de café e roubava os grãos para vender nas torrefações. Faziam isso para comprar comida. Uma parte subia o morro com saco de café nas costas, enquanto outros garotos cuidavam para ver se não tinha policia".

Após esse período, o bairro passou por um processo de desvalorização. As famílias ricas deixaram o local e construíram moradias no Macuco, Campo Grande e Marapé. Quando a Cidade sofreu intervenção do regime militar, o nome do bairro foi riscado do mapa e a área foi cedida ao Valongo.

Fonte imagens e texto..:: Jornal da Orla

(fotos_antigas, fatos_históricos)


Para Roteiros de Turismo Históricos e Culturais em Santos e Região


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