Turismo Consciente na
Costa da Mata Atlântica
(Baixada Santista)
BLOG CAIÇARA

Tradutor:

terça-feira, 19 de março de 2019

Refletindo a Isenção de Vistos: Turistas dos EUA, Canadá, Japão e Austrália

O assunto de #IsençãoDeVistos  esta rendendo né?.... Bora Refletir:


Por..:: Renato Marchesini 

A partir de 17 de junho de 2019, turistas dos EUA, Canadá, Japão e Austrália não precisarão mais de visto para entrar no Brasil. A medida é comemorada pelo turismo, pois visa atrair mais visitantes e gerar emprego e renda. A entrada vale para turismo, negócios, trânsito, atividades artísticos, desportivas e situações excepcionais por interesse nacional.

DECRETO Nº 9.731, DE 16 DE MARÇO DE 2019 (AQUI)


..:: Turismo deve Ser Atividade Técnica, não deve ser misturado com Paixões Ideológicas. 

Vamos recapitular: No final de novembro, a presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou o projeto de Lei 149/15, sobre a isenção de visto de turismo para estrangeiros no período das Olimpíadas.

A portaria publicada regulamenta a decisão, envolvendo, turistas do Canadá, Japão, Estados Unidos e Austrália, e assim permite a efetividade da aplicação da dispensa do visto. Turistas australianos, canadenses, norte-americanos e japoneses agora estão oficialmente dispensados da necessidade de apresentar visto em viagens de turismo ao Brasil no período de 1º de junho a 18 de setembro de 2016. A decisão, que tem por objetivo estimular a presença de estrangeiros no País durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, está presente em portaria conjunta dos ministérios do Turismo, Relações Exteriores e Justiça publicada no Diário Oficial da União. A isenção vale para permanência em território nacional de até noventa dias, improrrogáveis, a contar da data da primeira entrada.

Decisão Acertada! Na Época do antigo Governo e da Presidenta Dilma Rousseff.
Parabéns pela Iniciativa e Coragem!

Como Decisão Agora Acertada pelo atual Governo e do Presidente Jair Messias Bolsonaro.
Parabéns pela Iniciativa e Coragem!


Temos que ser Sempre a Favor do Brasil! 

Turismo Sem Barreiras + Turismo Consciente 


..:: Perguntas e Respostas

Pergunta: Mas Renato, a isenção foi apenas por ocasião do maior evento do planeta... Justificativa plausível, certo?

Renato Marchesini: Entendo que tanto nas Olimpíadas como agora temos bons motivos para Bem Receber e Sem Burocracia os Visitantes. Precisamos ser um destino competitivo.

Pergunta: Mas Unilateral é bom? 

Renato Marchesini: Realmente não é recíproco, uma pena mesmo. Não é bom! Mas não é ruim! entende?

O pleito de se dar passe livre aos visitantes destes países é luta antiga, é algo muito esperado pelo setor do receptivo nacional. É um avanço! Eu mesmo participei de algumas... reuniões e sessões sobre o tema. O Turismo Receptivo Nacional superou um gargalo.

Temos muitos outros gargalos a superar. É importante nos mobilizarmos para mais avanços.

E torço para que assim facilitemos sempre o ingresso de visitantes em nosso país. Ajudando a estes optarem a viajarem para cá. Acredito que a medida contribui para o turismo receptivo nacional.

Me lembro quando trabalhei em uma Operadora especializada em Internacional. Muitas das escolhas dos clientes era pela facilidade. Quando não se precisa de visto existe uma economia de tempo, dinheiro e quando o passageiro resolve por exemplo que quer daqui uns dias ir para uma localidade a sua preocupação fica somente no aéreo, hospedagens, tours e afins. Visto limita muito.

É um dos grandes motivos e case de sucesso dos destinos do Caribe.
Sem Vistos! Vem para cá que Você é bem Vindo!

Pergunta: Alguém deixa de viajar porque precisa de visto?

Renato Marchesini: De viajar não, mas sim de ir para alguns destinos. Falo isso por experiência de ter trabalhado em operadora internacional. E não são poucos que desistem de determinado destino por causa de precisar de visto.

Pergunta: Mais algum País seria interessante também ter isenção de visto?

Renato Marchesini: Acredito que todos os países que nosso país possua relações diplomáticas, mas para pontuar uma nova meta diria a China.

Pergunta: Faltam estudos sobre a questão?

Renato Marchesini: Possuímos dados de Data Base de 2017. Mas acredito que precisaríamos lapidar e aprofundar sempre mais estudos e no planejamento para o fomento da atividade turística para que a mesma seja consolidada e sustentável..

Segue para conhecimento : http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/2016-02-04-11-53-05.html?fbclid=IwAR2oYaDoTbAvYacFEUytBSibSMnZf2_OqRbzj8aFqrAYTrQ1EOQLdbwLdMk

Leia Matéria da Revista Super Interessante de 4 de junho de 2016. (AQUI)
Por que ninguém viaja para o Brasil? Enquanto o turismo cresce no mundo. Onde estamos errando?

Aconselho também o aprofundamento e o estudo sobre o Turismo na Organização Mundial de Turismo (OMT) e do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC).

Quero ressaltar que não sou cabo eleitoral de nenhum partido ou governante . Só busco aqui refletir sobre o turismo que tanto ♥️ e me dedico. 

"O reposicionamento da atividade de turismo, em novas bases, 
não é uma escolha: é uma exigência dos novos tempos".


Transparência da Gestão Pública: São Vicente SP precisa de Mais Transparência - 2018

#MaisTransparência



Por..:: Renato Marchesini 

São Vicente está na posição 530 entre os municípios com menos transparência, a pesquisa foi feita pela CGU e analisou requisitos como: Informações de obras, eficiência dos portais, informações sobre cargos e salários etc.


IMPORTANTE PARA AVALIARMOS A GESTÃO: Foram avaliados 665 Municípios.
Média dos Municípios Brasileiro é NOTA 6.54

Como Vcs enxergam a questão? Será que governam para as pessoas? 
Será que isso é sustentável? Vc acha isso correto?

Resumindo: São Vicente está muito abaixo da média Brasileira. 
Segundo CGU - São Vicente está Reprovado

Para Entender a Falta de Transparência em São Vicente: http://transparencia.gov.br/pdf/3551009.pdf

A CAIXA PRETA: Tem gente que ainda vai achar que estou reclamando de bobeira.  Venho Alertando isso a tempos. E é onde sempre fiquei bolado. Tudo que por ventura perguntávamos escorregavam ou só cozinhavam a questão. Assim mudamos a estratégia, e começamos a protocolar no Gabinete do Prefeito. Não faziam nenhuma questão de responder nossos ofícios protocolados no Gabinete do Prefeito. Estamos até hoje aguardando o retorno dos oficios.

Enfim... Está com dúvida ainda? Tira a prova com a CGU.

"Aqui em São Vicente infelizmente não tem transparência"


..:: Conheça Bons Exemplos
Veja o site de Transparência de Santos: http://www.santos.sp.gov.br/mapadeobras



A Prefeitura precisa inserir no mapa de obras públicas todos os dados dos projetos, como data de início e término, nome das empresas vencedoras da licitação, valor, origem dos recursos, e telefone e endereço do órgão responsável pela obra. A relação de todas as obras em execução no município, para saber quais estão atrasadas, por que, e quais tiveram o valor alterado.


Prefeitura do Rio cria projeto de observação de aves em parques da cidade com calendário regular

Além da conscientização ambiental, Passarinhar Carioca quer atrair mais frequentadores para os 15 parques municipais da cidade,.

Por..:: Felipe Grinberg

Primeira edição do projeto Passarinhar Carioca da Prefeitura da Rio. No Parque Municipal Marapendi, no Recreio dos Bandeirantes, cerca de 30 pessoas participaram do pontapé inicial do projeto. 

Foto: Felipe Grinberg / Felipe Grinberg

A imersão do homem na natureza em grandes metrópoles, como o Rio de Janeiro, costuma ter dia e hora para acontecer. É preciso encontrar espaço na agenda para tornar esses momentos de relaxamento e prazer possíveis. O projeto Passarinhar Carioca, lançado pela prefeitura no sábado passado, no Parque Natural Municipal de Marapendi, no Recreio, é uma forma de estimular esse contato. Ele tem dois objetivos: propiciar a observação de pássaros e atrair mais frequentadores para os 15 parques municipais da cidade, sendo sete deles na área de Barra da Tijuca, Recreio, Vargens e Jacarepaguá.

O Passarinhar é um desejo antigo da bióloga Denise Monsores, observadora de pássaros há mais de 40 anos.

O mais importante é tentar chamar as pessoas a fazerem atividades dentro dos parques. Muitos não conhecem os parques da cidade. Queremos incentivar o laço entre a natureza e o carioca — diz.

No primeiro passeio guiado do Passarinhar, 30 observadores, entre novatos e veteranos, conseguiram identificar 41 espécies durante uma caminhada de duas horas pelo Parque Natural Municipal de Marapendi, mesmo sendo esta uma época menos propícia para a atividade. Entre setembro e dezembro, meses de reprodução, fica mais fácil flagrar aves. Mas no inverno também se podem ver espécies migratórias, que se reproduzem aqui.

Estar em meio à natureza pode aguçar sentidos. Mário Ferreira, gestor do Parque de Marapendi e morador de Bangu, diz que participar do Passarinhar fez com que ele passasse a prestar mais atenção ao canto das aves, inclusive em casa

Agora, se estou sentado no sofá e escuto algum piado, tento prestar atenção e me esforço para tentar reconhecer a espécie. É um exercício que eu não fazia antes; parece que nossa audição fica mais apurada — conta.

Sabendo da estreia via redes sociais, Sidney Almeida e seu filho, Sidney Almeida Júnior, acordaram cedo e foram ao passeio, que começa às 7h. Mesmo sem equipamentos de observação de longo alcance, como binóculos e câmeras, eles garantem que a experiência foi boa.

Acho que pela curiosidade de conhecer as espécies, o programa já vale. Próximo à lagoa conseguimos ver os pássaros bem, mesmo a olho nu. Os detalhes mais específicos, não reconhecemos, até porque somos leigos, mas dá para perceber as cores diferentes, as listras. Sem dúvida é uma ótima opção de lazer— afirma Júnior, que tem 24 anos e é estudante de Medicina

Morador do Anil, o pai explicou que aquela era a primeira visita dos dois ao local, embora ele passe diariamente próximo ao Parque de Marapendi:

Gostamos de estar em contato com a natureza e aproveitamos a observação para vir e fazer também a trilha. Mesmo passando sempre aqui, não sabíamos que este era um lugar que poderíamos frequentar. Agora que sabemos, queremos voltar e visitar os outros parques da região.

Como apoio ao Passarinhar, a prefeitura está instalando uma torre de observação fixa no Parque de Marapendi. A estrutura deve ser aberta ao público daqui a dois meses e oferecerá uma visão privilegiada da área, que alcança até a Praia do Recreio.

Jacupemba pode ser visto na região da Barra da Tijuca Foto: João Rafael Marins

..:: Aplicativos ajudam iniciantes
Munido de seu smartphone e de uma caixa de som portátil, o biólogo e ornitólogo João Rafael Marins usava todo o seu conhecimento em canto de pássaros para tentar identificar alguma ave próxima no Parque de Marapendi. Assim que um assobio era reconhecido, procurava a gravação correspondente no celular e reproduzia o canto na caixa de som. A estratégia é chamada de playback e usada para tentar atrair as aves até um local onde elas fiquem mais visíveis, já que muitas vezes elas estão no meio de uma mata densa.

Marins é um dos responsáveis pelo projeto Vem Passarinhar, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), outro programa de observação de pássaros, mas em unidades de conservação do governo do estado. Ele foi o guia do Passarinhar Carioca no último sábado, e explicava que, apesar de o playback ser um método muito bom para observadores iniciantes conseguirem uma boa visão dos pássaro, é preciso ter cuidado:

Tem que ter sensibilidade ao usar. Na cabeça do bicho, há uma outra ave da mesma espécie entrando no território dele para disputar espaço. Pode estressar o animal, já que vai alterar intencionalmente o comportamento dele. A estratégica é colocar cinco, dez vezes para atraí-lo. Mas, se a pessoa vir que a ave está com um ninho próximo ou se alimentando, não deve emitir o som.

Num aplicativo americano chamado Merlin Bird, diz ele, é possível baixar o pacote das aves de todo o Sudeste do Brasil, o que é muito útil em áreas onde a internet não pega. No app também é possível ver a região em que as aves podem ser observadas, além de fotos dos pássaros, o que ajuda os iniciantes a diferenciarem machos e fêmeas, por exemplo, nos casos em que isso é possível a olho nu.

No passeio inaugural, estavam reunidos observadores de vários estilos. Havia os que buscavam as aves apenas com os olhos, o que usavam binóculos, os colecionadores de fotos que vibravam a cada conquista como se estivessem completando um álbum de figurinhas e os que compartilhavam numa plataforma criada para este fim os nomes das espécies que tinham encontrado.

Professor de História da rede municipal, Leonardo Araújo se destacava entre os fotógrafos. Ele se apaixonou pela observação de pássaros há sete anos, mas sempre gostou do contato com a natureza.
Traz uma conscientização. É um exercício você apenas observar e não depredar a natureza — conta.

Com quase 250 aves já fotografadas no currículo, o professor acredita que a região de Barra, Recreio e Vargens ainda é pouco explorada, e está certo de que encontrará nos passeios pelos parques municipais da região aves que ainda não conheceu:

É muito bom parar um pouco a sua rotina e fazer o avistamento. Infelizmente esta não é a melhor época, mas dá para se divertir bastante nas trilhas também.

Fonte..:: O Globo

segunda-feira, 18 de março de 2019

Lindas Imagens da Divisa (praia) Santos e São Vicente: Foto Antiga

Linda Imagem da Divisa (praia) Santos e São Vicente. Pelos trajes, provavelmente trata-se de uma imagem dos anos 20. Um bonde da linha 2 sentido Santos/São Vicente.


São Vicente SP (Anos 80). Na Divisa, a estátua de Martim Afonso de Souza dava as boas vindas àqueles que chegavam de Santos. Hoje a estátua está em frente a prefeitura.


Para Roteiros de Turismo Históricos e Culturais em São Vicente e Região
WWW.R9TURISMO.COM


quinta-feira, 7 de março de 2019

Fotos Antigas São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha

Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha. Onde desembarcou Matim Affonso.
Jornal: Brasil-Portugal, 16 de setembro de 1902, nº88.

Foto Antiga São Vicente SP: Gonzaguinha - Obras de Drenagem e Ajardinamento (s.d).

Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha anos 1920.

Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (anos 20).

Foto Antiga São Vicente (1926) no Gonzaguinha.


Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (s.d).


Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha início dos anos 40.

Praia do Gonzaguinha em meados de 1940.

Foto Antiga São Vicente SP (provavelmente anos 1940) Orla do Gonzaguinha.



Fotos Antigas São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (s.d.).

Cartão Postal Antigo São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (s.d.).

Fotografia Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (s.d).

Fotografia Antiga São Vicente SP: Visão para Praia do Gonzaguinha, tirada do pé da Ilha Porchat  (s.d).

Fotografia Antiga São Vicente SP: Visão para Praia do Gonzaguinha, tirada do pé da Ilha Porchat  (s.d).


Foto Antiga São Vicente SP: (por volta de 1949) Praia e o Bairro do Gonzaguinha na abaixo-direita as arvores da Biquinha de Anchieta, defronte a Praça 22 de janeiro.


Foto Antiga São Vicente SP: Anos 50. Ao fundo Praia do Gonzaguinha, e ao centro na edificação o antigo Cassino Ilha Porchat  (até 1946), na praia do Itararé.

Cartão Postal Antigo São Vicente SP Praia do Gonzaguinha (anos 50). O calçadão do Gonzaguinha ajardinado, e o Edifício Mirante ainda solitário e muita tranquilidade. 

Foto Antiga São Vicente SP. (1952). Praia do Gonzaguinha e ao centro Edifício Gáudio.


Foto Antiga São Vicente SP: Visão da Praia do Gonzaguinha (s.d).

Cartão Postal Antigo São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha, Ilha Porchat (s.d).


Foto Antiga São Vicente SP: A Praia do Gonzaguinha já teve uma fonte. Ficava na atual Praça Tom Jobim (s.d).

Foto Antiga São Vicente SP: (Início anos 60) Praia do Gonzaguinha.

Foto Antiga São Vicente (1965) no Gonzaguinha. Linha do Bonde e Edifício Gáudio.


Foto Antiga São Vicente SP: (anos 60) Praia do Gonzaguinha.

Foto Antiga São Vicente SP: Visão para o Gonzaguinha (anos 70). Postais Edicard.

Cartão Postal Antigo São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (s.d.) Coleção Edicard.

Foto Antiga São Vicente SP: Praia do Gonzaguinha (1976).


Para Roteiros de Turismo Históricos e Culturais em São Vicente e Região
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quarta-feira, 6 de março de 2019

Florestas e Recursos Hidricos

clique na imagem para ampliar


Cuidar das florestas e cuidar dos recursos hídricos e muitas outras riquezas.

Projeto do Museu à Beira do Oceano em São Vicente - Por Lina Bo Bardi . Seria o nosso Masp


MUSEU À BEIRA DO OCEANO. Projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, de 1951, para ser construído na Praia do Itararé. Foi o precursor do MASP, capitaneado por Pietro Maria Bardi e Assis Chateubriand. 

O museu oceânico não vingou no litoral, provavelmente por falta de recursos, embora o então prefeito Charles Dantas Forbes já fosse uma espécie de JK da região e assessor do governador de Ademar de Barros. 

O projeto virou base da Casa de Vidro, obra-marco na carreira de Lina, e também ícone de invenção para os amantes da arquitetura. Até hoje sofre constantes releituras. Quem, sabe um dia...

MUSEU À BEIRA DO OCEANO 
Projeto arquiteta Lina Bo Bardi


Releitura do Museu à Beira do Oceano, estudo da arquiteta Lina Bo Bardi para a prefeitura de São Vicente.
Na década de 1950 e que seria construído na Praia do Itararé.


Por..:: Renato Luiz Sobral Anelli

É professor titular e Chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. Desenvolve pesquisas com apoio do CNPq.

Planta da Pinacoteca do Masp em 1998, após a supressão da disposição original da Lina Bo Bardi

“Como responsável pelo projeto do Museu e pelo projeto do cavalete de cristal (porque é um cavalete e um quadro nasce no ar, num cavalete) com painel didático, para a exposição dos quadros, quero esclarecer que no projeto do Museu foi minha intenção destruir a aura que sempre circunda um museu, apresentar a obra de arte como trabalho, como profecia de um trabalho ao alcance de todos.” (Lina Bo Bardi) (1) (2)

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) foi concebido e implantado como um museu transparente, visualmente aberto para a cidade através das faces de vidro de seu prisma suspenso. Tanto a museografia, os suportes de vidro temperado, quanto o bloco superior do edifício, vedado com fachadas de vidro inteiramente transparente, foram criados pela mesma autora, a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (3) dentro de uma concepção de dessacralização da obra de arte. Este texto discute o papel desse museu transparente para a cultura brasileira na segunda metade do Séc. XX e a atualidade de sua concepção.

..:: O museu como centro de renovação cultural

O atual edifício conhecido internacionalmente pelo seu enorme vão em concreto armado é a segunda sede do museu criado por Pietro Maria Bardi (4) e Lina Bo Bardi em 1947 sob os auspícios de Assis Chateaubriand, empresário do ramo de comunicações (jornal, rádio e televisão). A primeira sede foi instalada nos dois primeiros andares do edifício do jornal Diários Associados, situado na região central de São Paulo, à rua 7 de Abril. Lina Bo adaptou os andares para receber além da pinacoteca e das salas de exposições temporárias, auditórios e salas de aula.

A intenção dos promotores foi que ele se constituísse em um centro cultural catalisador das várias correntes engajadas na promoção da arquitetura e da arte moderna em São Paulo.

Naqueles anos, o museu constituiu-se em pólo de um audacioso projeto cultural moderno em uma cidade ainda provinciana, mas que rapidamente se tornava o maior e mais poderoso centro industrial da América do Sul: museu de arte – o Masp – revista de arte, arquitetura e cultura (Habitat), escola de arte e desenho industrial (Instituto de Arte Contemporânea - IAC), presença contundente na mídia (o jornal Diários Associados e a primeira televisão brasileira – TV Tupi) e projetos arquitetônicos provocadores – a começar pelo museu e pela transparência da sua própria residência no Morumbi – compunham a estratégia do casal Bardi para ultrapassar os limites conservadores da época.

Vista interna da Pinacoteca do Masp com os suportes originais

A história da década de 1950 demonstra que esse plano teve sucesso em atrair uma parte dos principais agentes de modernização paulistanos. Lecionaram no IAC e freqüentavam o Masp os arquitetos Rino Levi, Oswaldo Bratke, Eduardo Kneese de Melo, Jacob Ruchti, artistas como Lasar Segall,  Elizabeth Nobling e o paisagista Roberto Burle Marx entre outros personagens que já apresentavam anos de combate pela arte e arquitetura moderna em São Paulo. Outro pólo equivalente se formaria a partir do industrial Cecílio Matarazzo, opositor político de Chateaubriand (patrono dos Bardi), que fomentaria o Museu de Arte Moderna e a Bienal Internacional de São Paulo. Com esses dois pólos conflitantes, São Paulo conquista um lugar entre os centros internacionais de debate, circulação e produção cultural do período.

Detalhe cavalete de vidro - Pinacoteca do Masp

A estratégia do casal Bardi envolvia uma avaliação cuidadosa sobre o impacto que o acervo do Masp teria na cultura brasileira. A principal preocupação estava em que a grande quantidade de quadros e esculturas dos mais variados períodos históricos reforçasse o conservadorismo cultural paulista no embate com as novas gerações modernas. Indo além, vislumbram a possibilidade que o repentino contato com vários séculos de arte européia, apresentada no Brasil pela primeira vez em grande escala, gerasse um outro olhar e contribuísse para o florescimento de uma nova cultura. A concepção das exposições tinha importância tática para esse objetivo. Pretendia-se oferecer ao “espectador a observação pura e desprevenida”, sem preconceitos que destaquem esta ou aquela obra de arte, evitando a reprodução automática dos valores sedimentados na Europa ao longo de séculos (5).

Interior da Pinacoteca do Masp já com as persianas, cerca 1970

Afastam-se as ordens cronológicas e a hierarquia entre obras de maior e menor valor, em algumas situações chegou-se a ocultar as etiquetas de identificação para permitir um julgamento espontâneo de um olho inculto, sem vícios. Sem distanciar-se da cultura erudita, Lina Bo Bardi manifesta seu interesse pelo primitivo e popular, entendido como fonte pura de um novo começo.

“O fim do museu é o de formar uma atmosfera, uma conduta apta a criar no visitante a forma mental adaptada à compreensão da obra de arte, e nesse sentido não se faz distinção entre a obra antiga e uma obra de arte moderna. No mesmo objetivo a obra de arte não é localizada segundo um critério cronológico mas apresentada quase propositadamente no sentido de produzir um choque que desperte reações de curiosidade e de investigação” (6).

É a aposta nesse tipo de formação cultural de amplos setores sociais que anima o projeto museológico do Masp. Procurava-se evitar que as pessoas que visitassem um acervo com aquela densidade reproduzissem aqui um simulacro de cultura européia. Pelo contrário, embalados no florescimento da cultura moderna brasileira, os Bardi pretendem que essa fosse uma oportunidade de apropriação daquele patrimônio, gerando uma cultura própria, com novas possibilidades de hierarquia de valores. O Masp se implanta, portanto, como um museu de caráter formativo, onde a explicação didática não significa uma doutrinação, mas sim uma formação de sujeitos capazes de elaborar um juízo de valor estético e cultural.

A exposição era assim concebida de acordo com a estratégia de chocar (no sentido moderno) o visitante, impedindo uma fruição passiva das obras e impelindo-o a estranhar, a criar seu próprio julgamento estético, mesmo que incompatível com os valores culturais europeus. Mas a fruição não seria somente intelectiva e racional. Esperava-se criar uma “atmosfera”, ou seja, um ambiente no qual o visitante experimentaria, sem a necessidade de intelecção, um espaço arquitetônico moderno repleto de obras de arte. Dois níveis distintos de formação, sendo o segundo de maior abrangência e menor profundidade que o primeiro. Essa duplicidade pode ser melhor entendida se acompanharmos o desenvolvimento das formas expositivas na Itália do entre-guerras.

..:: A museografia transparente
A forma expositiva escolhida para a pinacoteca e para as exposições temporárias do primeiro Masp era diretamente derivada do allestimento (7), campo experimental dos arquitetos e artistas italianos iniciado com as exposições industriais, comerciais, políticas e temáticas. Disputando um maior espaço de ação com os arquitetos acadêmicos, os arquitetos racionalistas italianos encontraram nas exposições um meio de introduzir o público leigo às qualidades estéticas dos espaços e formas modernas (8).

As grelhas tubulares usadas por Edoardo Persico em uma exposição de propaganda política na Galeria Vittorio Emanuelle em Milão (1934) inauguravam uma forma de expor na qual os planos com imagens ficavam suspensos no espaço. A leveza e a transparência dos suportes proporcionavam uma percepção simultânea e sobreposta entre os planos da figura e do fundo arquitetônico mais distanciado, gerando uma convivência possível entre testemunhos de tempos diferentes – imagens do séc. XX e a ornamentação eclética da galeria oitocentista.

Apesar da intensa utilização dessa forma expositiva nos anos seguintes, apenas em 1941 ela seria aplicada por Franco Albini em uma mostra de arte contemporânea. Em meio ao velho edifício da Academia de Brera, Albini solta os quadros no espaço das salas, estruturando-os em delgados perfis metálicos apoiados com a extremidade inferior no chão e a superior em uma grelha de cabos de aço, impedindo que eles encostassem no teto.

Ao defender a mostra nas páginas da revista Lo Stile (9), o curador Guglielmo Pacchioni ataca os defensores do “ambiente neutro” museográfico como aqueles que renunciaram a contragosto à imitação e à cópia dos estilos históricos e consideram apenas ser impossível outra homenagem “à nossa grande arte passada que não a isolar de contatos contemporâneos, como múmia em um sarcófago”. Pacchioni sublinha a necessidade de “dar sentido de atualidade” tanto à obra de um artista moderno (Il Scipione), falecido alguns anos antes, quanto ao ambiente acadêmico da Galeria de Brera. Expor uma obra de arte significa dar um valor que a leva, “seja antiga ou moderna, para um plano de atualidade” tornando-a facilmente acessível ao maior número de observadores. Argumento que aprofunda ao defender que “o modo de se aproximar à compreensão de uma sempre maior parte do público, de difundir até no povo mais humilde uma sempre maior sensibilidade pelas coisas da nossa arte não está em dar às expressões artísticas um caráter popularesco e ilustrativo da biblia pauperum, mas no abrir ao povo o caminho para saber se aproximar da obra de arte, para entender e mais, acolher com segura confidência a palavra emotiva”. 

Após o final da guerra em 1945, os museus se tornam um espaço experimental para a arquitetura italiana na busca de uma nova relação entre a memória e o novo (10). A opção de instalar seus museus em edifícios de valor histórico leva, na Itália, à sobreposição do debate museográfico com o da intervenção em pré-existências. A construção de um novo olhar sobre os objetos artísticos de outros tempos acaba por se mesclar com as técnicas de restauro e reciclagem de uso. Surge assim aquilo que Vittorio Gregotti denominou de “museu interno”, que define eficientemente a experiência italiana na área de museus (11).

A museografia desenvolvida por Lina Bo Bardi na primeira sede do Masp insere-se claramente nessa linha de museu interno. Seria apenas com o projeto da segunda sede que ela ultrapassaria esses limites ao criar seu museu transparente.

..:: O museu transparente
A segunda sede do Masp ocupa o alto do principal divisor de águas da cidade, a Avenida Paulista. Tem por um lado um remanescente de mata atlântica, o belo Parque Siqueira Campos, e por outro o início de um talvegue onde se implantou uma das principais vias radiais do Plano de Avenidas, projetado pelo engenheiro Prestes Maia em 1930, e que atravessa o espigão por um túnel em direção à sudoeste.

Essa situação especial conduz as decisões de projeto de Lina Bo Bardi ao longo dos dez anos que separam o início do projeto e sua inauguração em 1968.  Por condições do termo de doação do terreno, qualquer construção deveria garantir a preservação da continuidade entre o parque e a paisagem do vale.

Surge assim o partido do edifício dividido em dois conjuntos. O primeiro assume a forma de um paralelepípedo elevado do solo e o segundo se amolda à encosta, constituindo um piso para a extensão do nível da avenida em forma de terraço. Ao longo das várias versões do projeto, as fachadas inicialmente opacas se tornam transparentes e os pórticos transversais se transformam em um sistema estrutural longitudinal, com seu enorme e característico vão livre (12).

O Masp não apresenta nenhuma reminiscência dos museus em espiral de Le Corbusier ou de Frank Loyd Wright. A transparência vem claramente pela via de Mies Van Der Rohe, com seu “Museu para uma Cidade Pequena” (1942). Em seus estudos para o “Museu à Beira do Oceano” (1951) (13), Lina Bo Bardi concebe um paralelepípedo elevado do solo por pórticos transversais, com a face voltada para o mar inteiramente transparente.

Fotomontagem da Pinacoteca do Museu à Beira do Oceano.
Projetado para a cidade de São Vicente, SP, 1951.

 Fotomontagem da Pinacoteca do Museu à Beira do Oceano.
Projetado para a cidade de São Vicente, SP, 1951.

Nas perspectivas internas a autora utiliza da mesma técnica de foto-colagem de Mies para apresentar a transparência do recinto expositivo em relação à paisagem. Entretanto o desenho de Lina Bo Bardi se mantém fiel à sua formação italiana reproduzindo algumas características da pintura de De Chirico e de Sironi. Comparado ao desenho de Mies, o plano de piso assume uma proporção muito maior em relação às obras expostas e apresenta uma continuidade em perspectiva com o plano horizontal da paisagem. Ao acentuar o vazio, o espaço entre os objetos expostos, Lina recria a suspensão temporal da pintura metafísica. Na exposição representada encontram-se obras antigas e modernas, entre elas a mesma Guernica de Picasso reproduzida com destaque no desenho de Mies. Já comparece um objeto da cultura popular brasileira – uma carranca de barcos do Rio São Francisco, tema que viria a dominar suas preocupações no final daquela década.

Como o Museu à Beira do Oceano não foi construído, a arquiteta teria a oportunidade de experimentar a transparência total no projeto da sua residência, a Casa de Vidro.

Museu à Beira do Oceano, projetado para a cidade de São Vicente, SP, 1951

Projetado e construído no mesmo ano de 1951, o salão da Casa de Vidro é concebido como um prisma elevado em relação ao terreno, vedado em três dos seus lados por painéis de vidro de laje a laje. Sem guarda-corpo ou outra proteção, o plano elevado da laje de piso oferece uma plataforma em meio à paisagem desse subúrbio rico e montanhoso de São Paulo. Para a divulgação e promoção de seu primeiro projeto edificado, a autora se faz fotografar em ângulos escolhidos para acentuar os poucos remanescentes de vegetação circundante existentes na época (14). Na disposição do mobiliário, objetos e obras de arte no salão Lina Bo Bardi experimenta as potencialidades da transparência. A justaposição entre objetos de tipo e tempos tão díspares tem ao fundo a paisagem natural. Característica que seria acentuada com o crescimento da vegetação circundante nos anos seguintes.

Interior da sala da Casa de Vidro, São Paulo, 1951

O projeto do segundo Masp partiu dessa situação, com duas diferenças em relação aos projetos do Museu à Beira do Oceano e da Casa de Vidro. A primeira é a maior intensidade de ocupação da pinacoteca do Masp pelas obras dispostas nos suportes de vidro que a afasta do vazio metafísico sugerido no Museu à Beira do Oceano. A segunda é que o Masp assumiu a continuidade visual e espacial com a cidade, disfarçada na Casa de Vidro pelo enfoque na vegetação.

A divisão do museu ao nível da Avenida Paulista foi radicalizada pela estrutura, resultando em uma continuidade literal do espaço do Parque Siqueira Campos e o vale através do terraço oferecido pela cobertura do bloco inferior. Este, por sua vez, se apresenta como chão, solo construído, pela sua materialidade: paredes de concreto rústico feito com formas de tábuas, piso interno de pedra goiás irregular com paginação ritmada, revestimento de peitoris externos com seixo rolado, enormes floreiras com vegetação tropical exuberante e uma sucessão de espelhos d’água em vários níveis, formando uma cascata para as águas pluviais.

A transparência dos espaços expositivos se resume à pinacoteca no segundo piso do bloco superior. No primeiro piso a área administrativa circunda uma sala para exposições temporárias, totalmente isolada do exterior. Já os espaços expositivos do bloco inferior, abertos em três faces de vidro para a cidade, eram originalmente destinados a outros usos.

O que nos interessa, portanto, para o desenvolvimento de nossos argumentos, é a concepção da pinacoteca transparente.

A radicalidade dessa proposta necessita ser analisada sob outro aspecto da trajetória de Lina Bo Bardi: seu projeto do moderno como transformação da cultura popular e não a sua destruição. É nesse projeto que poderemos encontrar o sentido pleno da sua atitude de querer destruir a aura da obra de arte para mostrá-la como “trabalho, altamente qualificado, mas trabalho; apresentado de modo que possa ser compreendido pelos não iniciados” (15).

Para a arquiteta, o popular é uma fonte de autenticidade para a construção de uma cultura moderna sem frivolidades ou formalismos. A arte e a arquitetura devem estar aderidas à vida cotidiana. Ela parte da posição de Giuseppe Pagano, que em 1936 procura no povo longe das metrópoles uma reserva ética exemplar para a cultura moderna (16).

Lina Bo Bardi inicia sua procura no Brasil por São Paulo experimenta materiais, técnicas e figuratividades populares no desenho industrial realizado no Studio de Arte Palma e publica artigos em Habitat (17). Em 1958 quando o primeiro Masp entra em declínio e Pietro Bardi estabelece convênio com a Fundação Armando Álvares Penteado para transferir para lá sua pinacoteca, Lina Bo Bardi inicia sua aproximação com a Bahia (18).

Através de uma ótica antropológica, ela encontraria na cultura nordestina a reserva ética popular que procurava desde a Itália. Uma reserva permitida pela aparente estagnação econômica da região, se comparada com o acelerado desenvolvimento industrial do Sudeste. O arcaico, das várias culturas ali presentes, soma-se à essencialidade derivada da pobreza (como o aproveitamento do lixo para produção de utensílios) e aos objetos de crendices e religiões. Procura construir com esses fragmentos uma totalidade, uma civilização e sobre ela estruturar uma alternativa de futuro. Arte, cultura e reorganização da produção compõem um esboço de projeto social e político que caracteriza essa sua estadia em Salvador.

São esses os anos de desenvolvimento do projeto e da obra do Masp em São Paulo, do qual Lina participa em suas freqüentes viagens entre as duas capitais.

Se a museografia da primeira sede do Masp já procurava uma aproximação com o povo, na da segunda sede ele participa da exposição. Em uma série de fotos do interior da pinacoteca, as pessoas se misturam com os quadros e esculturas, realizando uma fusão de imagens que simboliza a aproximação desejada entre arte e vida. É como se o espaço expositivo metafísico, vazio e transcendente, das perspectivas do Museu à Beira do Oceano fosse invadida pelo povo.

Expandindo o espaço da pinacoteca para a cidade através das fachadas de vidro, essa miscigenação de imagens rompe com todas as regras consolidadas da museologia. As transparências das fachadas e dos suportes estabelecem uma continuidade entre obra de arte e vida cotidiana, que enterra de vez qualquer pretensão aurática e, conforme palavras da autora, tiram “do museu o ar de igreja que exclui” as pessoas simples.

Destacados de qualquer parede, os quadros “flutuam” num único espaço que abrange museu e cidade, gerando uma continuidade espacial e temporal entre as obras, a grande “família” citada por Aldo Van Eyk em seu elogio ao Masp (19).

Fachadas e suportes transparentes são, portanto, recursos complementares no esforço de popularização do museu. Uma popularização pedagógica, no sentido de ajudar a “despertar uma natural consciência” e, como lembra Lina Bo, “adquirir consciência é politizar-se”.

Mas era um tempo difícil para qualquer tentativa de politização da cultura. Inaugurado no início do pior período de repressão do regime militar, o Masp em sua segunda sede desempenhou um papel diferente do primeiro. As instituições culturais de qualidade começavam a se proliferar pela cidade e o museu não precisava mais cumprir o papel polarizador da década de 1950. Mesmo assim, o Masp se manteve por mais de 20 anos como espaço livre para exposições de artes plásticas e eventos inovadores de teatro e cinema.

..:: O fim da transparência
A construção de uma arquitetura de vidro nos trópicos enfrenta as adversidades do excesso de calor e insolação. Ao longo da década de 1930, a adaptação da arquitetura moderna ao clima brasileiro foi um dos principais meios de conferir-lhe particularidades formais capazes de distingui-la do International Style. O uso em grande escala dos brise soleil corbusianos no Ministério da Educação e Saúde em 1936 tornou-se um emblema de brasilidade da arquitetura moderna do período. Uma generalização rapidamente transformada em formalismo estilístico. Em 1951 Lina alerta para o cacoete do uso indiscriminado dos brises, até mesmo em fachadas que não recebem luz solar direta, motivado pelo sucesso do “estilo moderno” (20).

A adesão plena às fachadas de vidro sem qualquer proteção faz parte da radicalidade com a qual Lina Bo Bardi quis se diferenciar em meio à Arquitetura Moderna Brasileira. O Museu à Beiro do Oceano, a Casa de Vidro e o Masp não utilizam qualquer proteção externa.

O excesso de insolação no Masp foi atenuado com o uso de ar condicionado e persianas internas (21). Entretanto, para garantir a continuidade visual da fachada de vidro, as persianas constituíam um obstáculo. Ou se protegia as obras expostas dos raios solares, ou se realizava a transparência, apesar do risco de desgaste das obras.

Essa dura opção foi administrada com cuidado enquanto Lina Bo Bardi viveu e Pietro Maria Bardi foi o presidente e curador do Masp. A morte da arquiteta em 1992 e o afastamento do seu marido um pouco depois (em função do seu estado de saúde) abriram espaço para os propositores da supressão da concepção original da pinacoteca.

Em 1996, junto com o início de uma longa obra de manutenção e ampliação da reserva técnica, foi erguido um sistema de paredes de gesso que simulavam o interior de um museu tradicional dentro do salão da pinacoteca (22). Sobre elas os quadros encontravam finalmente o fundo neutro tão ao gosto dos museólogos. As fachadas, com as persianas permanentemente fechadas, receberam externamente gigantescos out-doors das exposições programadas.

A reação de setores do meio cultural paulista foi enérgica, mas insuficiente para fazer reviver o projeto original (23). Atualmente o museu se livrou dos out-doors, mas a disposição original da pinacoteca jamais retornou. A transparência das fachadas de vidro foi eliminada em todos os ambientes expositivos, inclusive nos espaços do bloco inferior. Frente a críticas pela eliminação radical de todos os vestígios da concepção museológica de Lina Bo e Pietro Bardi, os cavaletes de vidro foram utilizados em algumas poucas exposições de forma quase caricatural. Em meio à penumbra dominante, alguns focos de luz artificial destacam quadros sobre painéis de vidro, dispostos ordenadamente sobre o novo piso de granito polido das áreas expositivas inferiores.

Por um lado, a desativação da concepção original do Masp pode ser creditada a fatores culturais. Os objetivos que a animavam dizem respeito a um outro momento histórico. Por outro, os problemas técnicos e funcionais que atingem o museu são reais e exigiriam adaptações constantes da sua arquitetura. No entanto, essas mudanças não poderiam ser feitas de maneira a tentar apagar a concepção original.

O caráter do Masp é muito forte para permitir que ele se torne o oposto daquilo para o qual foi concebido.

..:: Notas

(1) Versão original do texto Museu de Arte, São Paulo, Brasilien: Das transparente Museum und die Entheiligung der Kunst, publicado como capítulo do livro STEINER, Barbara e ESCHE, Charle (Org.). Mögliche Museen (Museus Possíveis), Köln, Verlag der Buchhandlung Walther König, 2007.

(2) BARDI, Lina Bo - Explicações sobre o Museu de Arte in jornal “O Estado de São Paulo”, 5/abr/1970 - Arquivo Instituto Lina Bo e P M Bardi.

(3) Lina Bo Bardi (Roma 1914, – São Paulo, 1992). Formada em 1939 pela Faculdade de Arquitetura de Roma, trabalhou nas revistas Lo Stile, Domus e A entre 1941 e 1946, quando casa-se com Pietro Maria Bardi, vindo em seguida para o Brasil, onde se naturaliza em 1951. Cfr. FERRAZ, Marcelo (org.) – Lina Bo Bardi, São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1993; OLIVEIRA, Olívia – Concerning Lina Bo Bardi, in Lina Bo Bardi, Built Works, Revista 2G, Barcelona, 2001, n.23-24; OLIVEIRA, Olívia – Lina Bo Bardi, Sutis Substâncias da Arquitetura, São Paulo, Editora Romano Guerra/Gustavo Gili, 2006.

(4) Pietro Maria Bardi (La Spezia, 1901 – São Paulo, 1999), militante da arte e arquitetura moderna na Itália, participou da organização das duas exposições de Arquitetura Racionalista, dirigindo a seguir a revista Quadrante. Após o final da II Guerra veio ao Brasil onde montou o Masp. Cfr. TENTORI, Francesco. P. M. Bardi, Milano, Mazzotta, 1990.

(5) BARDI, Lina Bo, O Museu de Arte de São Paulo – Função Social dos Museus, in Habitat, no. 1, out/dez-1950,p.17.

(6) Idem, Ibdem.

(7) A tradução literal para o português é montagem, que não corresponde à densidade do significado do original italiano. Usualmente se traduz para o inglês como exhibition design.

(8) Cfr. HUBER, Antonella - Il Museo italiano, Milano, Lybra, 1997; IRACE, Fulvio – Il luogo delle muse. Arte e architettura nello stile museale di Franco Albini e Carlo Scarpa, in Esporre, Domus Dossier, n. 5, abr/1997, pp. 7-14.

(9) PACCHIONI, Guglielmo – Per una moderna presentazione delle opere d’arte, in Lo Stile . 3, mar/1941, p.4 e 5.

(10) Cf. TAFURI, Manfredo – Storia dell’Architettura Italiana – 1944-1985, Milano, Einaudi, 1986, pg. 41.

(11) Cf. GREGOTTI, Vittorio – Il território museo, in Casabella n. 574, dez/1990.

(12) Apesar da aparência de pórtico, a estrutura é formada por quatro grandes vigas de concreto protendido. O sistema utilizado foi desenvolvido e patenteado pelo Eng. Figueiredo Ferraz.

(13) O museu foi projetado na praia da cidade de São Vicente e não foi construído. Cfr. BARDI, Lina Bo, Museu à Beira do Oceano, Habitat, São Paulo, n. 8, e BARDI, Lina Bo. Museu de Arte di San Paolo del Brasile, in L’Architettura, Cronache e Storia, Roma, n. 210, abril;1973.

(14) A Casa de Vidro foi a primeira construção do bairro Real Parque na região do Morumbi, zona sudoeste de São Paulo, implantado em uma antiga fazenda desativada. Em várias fotos de época se percebe a presença da periferia informal da cidade ao alcance da visão do seu morador, minimizadas ou ocultadas nas fotos produzidas para a divulgação da casa.

(15) BARDI, Lina Bo (1970) – Op. Cit..

(16) Cfr. PAGANO, G. e DANIEL, G. - Architettura rurale italiana, in Quaderni della Triennale, Milano, 1936.

(17) Flávio Motta atribui a Lina vários artigos sem autoria identificada, publicados pela revista Habitat entre 1950 e 53 que tratam do tema popular. Cf. CAMPELLO, Maria de Fátima de Mello Barreto, Lina Bo Bardi – as moradas da alma, São Carlos, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Arquitetura, EESC-USP, pg.158.

(18) Entre 1958 e 1965 Lina permanece longos períodos em Salvador, Bahia, primeira capital do Brasil situada na região Nordeste. Trata-se de uma região caracterizada pela seca e pelo contraste entre a riqueza da elite e pobreza intensa da maior parte da população. A Bahia é um estado brasileiro com grande presença de afro-descendentes.

(19) EYCK, Aldo Van – Um dom superlativo, in FERRAZ, Marcelo (org.)-  Museu de Arte de São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi/Editorial Blau, 1997.

(20) HABITAT, Bela Criança, in revista Habitat, São Paulo, n. 2, jan/mar 1951, p. 3.

(21) Na época da construção não havia películas de filtro ou vidros especiais capazes de conter os raios ultra-violetas e infra-vermelhos.

(22) As reformas e alterações museológicas foram promovidas pelo presidente do museu, o arquiteto Júlio Neves, e pelo seu curador, o professor de história da arte Luiz Marques.

(23) Entre as várias manifestações de protesto de intelectuais, artistas e arquitetos na imprensa, este autor pode participar com o artigo: ANELLI, Renato - Reforma Compromete Projeto Original do MASP, in jornal "O Estado de São Paulo", 20/06/98, p.D8.

Fonte..:: Vitrivius


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